Nesta exortação, está a missão que Jesus
atribui aos discípulos: a missão de anunciar o Evangelho, de proclamar o
Evangelho. E «em primeiro lugar Jesus pede para ir, não permanecer em
Jerusalém: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”. É um
convite vigoroso a sair, ir.
De resto, o Evangelho é
proclamado sempre a caminho: nunca sentado, sempre a caminho, sempre. Portanto,
sair para ir onde Jesus não é conhecido, onde Ele é perseguido ou desfigurado,
para proclamar o verdadeiro Evangelho.
Assim os cristãos são chamados
a sair para anunciar e nesta saída está em questão também a vida, está em jogo
a vida do pregador: ele não está seguro, não há seguros de vida para os
pregadores. A ponto que se um pregador procurar um seguro de vida, não será um
verdadeiro pregador do Evangelho: não sai, permanece na segurança.
Primeiro: ide, saí. Porque o
Evangelho, o anúncio de Jesus Cristo, se faz em saída, sempre; a caminho,
sempre. E a caminho tanto físico quanto espiritual e do sofrimento: pensemos no
anúncio do Evangelho que fazem tantos doentes — muitos doentes! — que oferecem
as dores pela Igreja, pelos cristãos. São pessoas que saem sempre de si mesmas.
Mas qual é o estilo deste
anúncio? São Pedro, que foi exatamente o mestre de Marcos, é muito claro na
descrição deste estilo: como se anuncia o Evangelho? Eis a resposta: Revesti-vos
de humildade. Sim, o Evangelho deve ser anunciado com humildade, porque o Filho
de Deus se humilhou, se aniquilou: o estilo de Deus é este, não há outro. O
anúncio do Evangelho não é um carnaval, nem uma festa que pode ser muito bonita
mas não é o anúncio do Evangelho. É preciso humildade: o Evangelho não pode ser
anunciado com o poder humano, nem com o espírito de escalar ou subir, não! Isto
não é o Evangelho!
Humildade, antes de tudo, como
recomenda vivamente Pedro. Porque Deus resiste aos soberbos, mas concede a
graça aos humildes. Para anunciar o Evangelho é necessário obter a graça de
Deus, e para a receber é preciso ter humildade: o estilo do anúncio é esta
proposta. Pedro acrescenta também estas palavras: Humilhai-vos, pois, debaixo
da poderosa mão de Deus, para que ele vos exalte no tempo oportuno.
A humildade é necessária, precisamente
porque levamos a cabo um anúncio de humilhação, de glória mas através da humilhação.
E o anúncio do Evangelho sofre a tentação do poder, a tentação da soberba, das
mundanidades que existem e nos levam a pregar ou a recitar. Sim, porque não é
pregação um Evangelho diluído, sem vigor, um Evangelho sem Cristo crucificado e
ressuscitado. Precisamente por isso Pedro diz para vigiar: “O vosso adversário,
o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar.
Resisti-lhe fortes na fé. Vós sabeis que os vossos irmãos, que estão espalhados
pelo mundo, sofrem os mesmos padecimentos que vós”.
O anúncio do Evangelho, se for
verdadeiro, sofre a tentação. Se um cristão disser que anuncia o Evangelho, com
a palavra ou com o testemunho, e que nunca é tentado, pode estar tranquilo que
o diabo não se preocupa com isso e quando o diabo não se preocupa é porque não
lhe causamos problemas, porque estamos a pregar algo que não serve. Eis porque na verdadeira pregação há sempre alguma tentação e até perseguição.
Papa Francisco – 25
de abril de 2017
Hoje celebramos:
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