Santa Oportuna nasceu em Exmes,
na diocese de Séez, na Normandia, numa data desconhecida. Seu pai governava
esta região com o título de conde; seu irmão, Santo Godegrande, ocupava a sede
episcopal de Séez; e sua tia, Santa Lantilde, era abadessa das beneditinas de
Almenèches, fundada dois séculos antes.
Muito jovem Oportuna decidiu
ingressar no convento. Embora a abadia beneditina de Almenèches governada por
sua tia ficasse mais próxima, ela preferiu a solidão de Montreuil, pequeno
mosteiro no vale do Auge, célebre por sua estrita observância. Oportuna recebeu
o véu pelas mãos de seu irmão, Godegrande, alguns dias após sua entrada na
abadia.
Após o falecimento da
abadessa, as religiosas escolheram Oportuna para sucedê-la. A nova abadessa
mudou de condição, mas não de conduta, aumentou suas devoções e penitências.
Ela dormia sobre a terra nua e tinha por coberta um simples cilício; alimentava-se
apenas de pão e aos domingos comia um pouco de peixe; jejuava nas quartas e
sextas feiras.
Oportuna primava pela
prudência e pela caridade com os pobres; tinha uma maneira muito peculiar para
instruir suas filhas, ou para corrigi-las, sempre temperando a justiça com a
misericórdia, por suas orações e exemplo. Ela fazia isto tão bem, que as mais
recalcitrantes se tornavam dóceis aos movimentos do espírito de Deus que a
conduzia.
Contudo, como a vida dos
justos é cheia de cruzes para estar conforme a de Jesus Cristo, Deus permitiu
que ela as tivesse e a maior foi a seguinte:
Seu irmão, Godegrande, fez uma
viagem a Roma e a Palestina para visitar os lugares santos. Ele deixou como
vigário geral Godoberto. Este, ao invés de agir como o bom pastor, tornou-se um
lobo por suas injustiças, especialmente contra as pessoas religiosas da diocese
e em particular contra Oportuna. Sua ambição, tão alta quanto violenta, o fez
se consagrar bispo de Séez. Oportuna rezava pedindo o fim de tanta desordem.
Finalmente, sete anos depois
de sua partida, o Santo voltou a sua diocese e restabeleceu a ordem. Furioso
com sua deposição, Godoberto conspirou contra a vida do santo bispo e o mandou
assassinar durante o trajeto de uma visita que ele faria a irmã. Pessoas piedosas
desejavam dar sepultura ao bispo, mas sua irmã, que chegara ao local do crime,
o levou para seu mosteiro, onde ele foi solenemente sepultado.
Algumas fontes dizem que
Oportuna morreu de uma doença causada pelo sofrimento após a morte de seu
irmão, que ocorreu dia 3 de setembro de 769. Embora ela tivesse previsto sua
morte numa visão profética, nada pode fazer para impedi-la.
Antes de sua morte a Santa
teve uma visão: recebeu a visita das Santas Luzia e Cecília, cuja presença
inundou sua cela de uma brilhante claridade e de um odor muito agradável; elas
asseguraram que a Rainha dos céus logo viria buscá-la. Oportuna recebeu o santo
viático e a Ssma. Virgem lhe apareceu para levá-la em seus braços. Era o dia 22
de abril de 770. Seu corpo foi sepultado próximo ao de seu irmão.
Devido aos inúmeros milagres
que ocorriam junto a sua sepultura, muito numerosas eram as visitas que lhe
fazia o povo rogando por sua intercessão. Foram tantos os milagres alcançados,
que Santa Oportuna ficou conhecida como “a taumaturga da Normandia”.
A vita de Santa Oportuna relata que certa vez um camponês roubou
um jumento do convento e recusava admitir seu crime. Oportuna deixou o caso nas
mãos de Deus e no dia seguinte o campo do homem estava coberto de sal. O camponês
arrependido não só devolveu o animal como doou as terras para as religiosas.
A Santa é muito venerada
entre as monjas beneditinas de Almenèches-Argentan, que a
invocam para os casais estéreis que desejam um filho, e é a patrona das antigas
igrejas paroquiais de Lessay.
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