“Sim”: para o cristão não há outra resposta ao chamado de Deus. E
sobretudo nunca deve existir a atitude de quem finge que não entende,
voltando-se para o outro lado. Convido todos a viver uma verdadeira “festa do
sim”.
É toda uma história que acaba e recomeça nesta solenidade que hoje
celebramos: a história do homem, quando sai do paraíso. Com efeito, depois do
pecado, o Senhor ordena ao homem que caminhe e habite toda a terra: “Sê fecundo
e vai em frente”. Mas o Senhor estava atento ao que o homem fazia. A tal ponto
que às vezes, quando o homem errava, Ele o punia: pensemos em Babel ou no
dilúvio.
Assim Deus estava sempre atento ao que o homem fazia: numa determinada
altura, este Deus que olhava e custodiava o homem, decidiu criar um povo e
chama nosso pai Abraão: “Sai da tua terra, da tua casa”. E Abraão obedeceu,
disse “sim” ao Senhor e partiu da sua terra sem saber para onde teria ido. É o
primeiro “sim” do povo de Deus. E precisamente com Abraão, Deus — que olhava
para o seu povo — começou a “caminhar com”. E caminhou com Abraão: “Caminha na
minha presença” disse-lhe.
Deus fez depois o mesmo com Moisés, ao qual com oitenta anos disse: “faz
isso”. E Moisés que tinha oitenta anos — era idoso — diz “sim”. E vai libertar
o povo.
Mas Deus fez o mesmo com os profetas: pensemos por exemplo em Isaías
que, quando o Senhor lhe diz para ir dizer as coisas ao povo, responde que tem
os lábios impuros. Mas o Senhor purifica os lábios de Isaías e ele diz “sim!”.
E também com Jeremias acontece o mesmo: Senhor, eu não sei falar, sou um
rapazinho! é a primeira resposta do profeta. Mas Deus ordena-lhe que vá de
qualquer maneira e ele responde “sim! Foram tantos, tantos aqueles que disseram
“sim”, é deveras uma comunidade de homens e mulheres idosos que disseram “sim”
à espera do Senhor. Recordemos também Simeão e Ana.
Hoje o Evangelho diz-nos o fim desta corrente de “sim” e o início de
outro “sim” que começa a crescer: o “sim” de Maria. Precisamente este “sim” faz
com que Deus não só observe como procede o homem, não só caminha com o seu
povo, mas que se torne um de nós e assuma a nossa carne. Come efeito, o “sim”
de Maria abre a porta ao “sim” de Jesus: “Eu venho para fazer a tua vontade”. É
este “sim” que acompanha Jesus durante toda a vida, até à cruz: “Pai, afasta de
mim este cálice; entretanto, não seja feita a minha vontade, mas o que Tu
desejas!”. É em Jesus Cristo que, como diz Paulo aos coríntios, há o “sim” de
Deus: Ele é o “sim”.
É um dia bonito para agradecer ao Senhor por nos ter ensinado esta
estrada do “sim”, mas também para pensar na nossa vida. Mas todos nós, cada
dia, devemos dizer “sim” ou “não”, e pensar se dizemos sempre “sim” ou se
muitas vezes nos escondemos, de cabeça baixa, como Adão e Eva, para não dizer
“não” fingindo não compreender aquilo que Deus nos pede.
Hoje é a festa do “sim”. Com efeito, no “sim” de Maria há o “sim” de
toda a história da salvação e ali começa o último “sim” do homem e de Deus: ali
Deus recria, como no início com um “sim” fez o mundo e o homem, aquela bonita
Criação: com este “sim” eu venho para fazer a tua vontade e recria mais
maravilhosamente o mundo, recria todos nós. É o “sim” de Deus que nos
santifica, que nos faz avançar em Jesus Cristo. Eis por que hoje é o dia justo para
agradecer ao Senhor e para nos questionarmos: eu sou homem ou mulher do “sim”
ou sou homem ou mulher do “não”? Sou homem ou mulher que olho para o outro
lado, para não responder?
Que o Senhor nos dê a graça de entrar neste caminho de homens e mulheres
que souberam dizer “sim”.
Papa Francisco - 04 de abril de 2016
Hoje celebramos:
Nenhum comentário:
Postar um comentário