Toda
a história de Jonas nos revela como uma prefiguração perfeita do Salvador.
Jonas desceu a Jafa para apanhar um barco com destino a Tarsis; o Senhor desceu
do céu à terra, a divindade à humanidade, a Potestade soberana desceu até à
nossa miséria, para embarcar no navio da Sua Igreja.
É o próprio Jonas que toma a iniciativa de se
deitar ao mar: “Pegai em mim e lançai-me ao mar”; anuncia, assim, a paixão
voluntária do Senhor. Quando a salvação de uma multidão depende da morte de um
só, essa morte está nas mãos do homem que tem o poder de a atrasar, ou, pelo
contrário, de a apressar, antecipando-se ao perigo. Todo o mistério do Senhor
está aqui prefigurado. Para Ele, a morte não é uma necessidade; releva da Sua
livre iniciativa. Escutai-O: “Ninguém me tira, mas sou Eu que a ofereço livremente.
Tenho poder de a oferecer e poder de a retomar” (Jo 10,18).
Reparai no enorme peixe, imagem horrível e
cruel do inferno. Ao devorar o profeta, sente a força do Criador e oferece com
medo, a este viajante vindo do alto, a permanência nas suas entranhas. E, três
dias depois, dá-o à luz, para o dar aos pagãos. Foi este o sinal, o único
sinal, que Cristo consentiu em dar aos escribas e aos fariseus (Mt 12,39), para
lhes fazer compreender que a glória que esperavam lhes viesse de Cristo iria
também voltar-se para os pagãos: os ninivitas são o símbolo das nações que
creram n’Ele. Que felicidade para nós, meus irmãos! Nós veneramos, vemos e
possuímos, face a face e em toda a Sua verdade, Aquele que tinha sido anunciado
e prometido simbolicamente.
São Pedro Crisólogo – século V
Hoje celebramos:
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