Jordão
de Saxônia nasceu em 1180, dez
anos depois de São Domingos, em Burgsberg, hoje, Alemanha. Era de uma família
nobre e profundamente cristã e, desde muito novo mostrou as suas tendências
caridosas, não recusando nunca uma esmola que lhe pedisse um mendigo. Muitas
vezes se despojava de suas vestes para as dar a algum menino necessitado e
esfarrapado.
Mais
tarde, já na sua juventude, foi enviado para a Universidade de Paris — então a
primeira escola da Europa —, para ali realizar a sua formação acadêmica e
universitária. A “escola familiar” que recebera na casa paterna, animava-o a
assistir todas as noites ao ofício divino na Catedral de Nossa Senhora de
Paris, qualquer que fosse a estação do ano: tanto no verão, como no inverno.
Foi durante a sua estadia na capital francesa que, no verão de 1219, São
Domingos passou por ali para visitar o recém fundado Convento dos Frades
Pregadores, mais tarde conhecido por Couvent de Saint-Jacques (São Tiago).
Jordão
que nesse tempo era um simples diácono, foi escutar a sua pregação e, por causa
dessa pregação, um ano mais tarde recebia o hábito dos Dominicanos. Pouco depois,
representava esse mesmo convento de Paris no que foi o primeiro Capítulo Geral
da Ordem, celebrado em Bolonha.
Conta-se
que durante o tempo que esteve em Bolonha, um jovem noviço se queixava
frequentemente de estar longe da família e de não ter os carinhos desta. Jordão
chamou-o e disse-lhe: “Eu vou entregar-te a teus pais, se continuares a
pedi-lo, mais antes disso, vamos ambos fazer uma curta oração”. O noviço acedeu
ao pedido e foi passar um quarto de hora em adoração diante do Santíssimo
Sacramento. Foi o tempo suficiente para o curar das suas penas e dúvidas
vocacionais e de o apaziguar com ele mesmo.
Foi
também Jordão de Saxónia que estabeleceu na Ordem dominicana a prática de
cantar, todos os dias, o cântico do Salve Rainha, prática que foi depois
estabelecida pela Ordem, nos conventos do mundo inteiro.
No
ano de 1221, Jordão é nomeado Prior Provincial da Lombardia e, após a morte de
São Domingos, nesse mesmo ano, é eleito, apesar de ainda ser jovem, Mestre da
Ordem, cargo que ocupou durante dezesseis anos, durante os quais acabou e
aperfeiçoou a Regra da Ordem que o Santo fundador não tivera tempo de terminar.
Como
superior ele participou do capítulo geral de 1226, e em não poucas
ocasiões serve de conselheiro ao papa Gregorio IX.
Seu pregação sobre Jesus Cristo atraiu
à Ordem um grande número de doutores, professores, diversos eruditos e
conotados estudantes, especialmente nas cidades universitárias de Paris, Bolonha e Vercelli.
As lendas medievais dizem que Jordão teria criado as bases de 240 comunidades
de frades e recebido na ordem a uns mil noviços, entre os quais se conta
a Alberto Magno, Humberto de Romans e Hugo de Saint-Cher.
Tendo
embarcado para ir visitar a Terra Santa e os conventos da Ordem que ali tinham
sido estabelecidos, a caravela na qual embarcara, foi vítima duma grande
tempestade e acabou mesmo por perder-se, no dia 13 de Fevereiro de 1237,
sepultando assim todos aqueles que nela se encontravam, nas profundezas do mar
Mediterrâneo.
O
corpo de Jordão da Saxónia foi encontrado e preservado pelos Dominicanos de
Ptolomaide, que o enterraram na igreja da Ordem. O seu culto — praticado na
Ordem Dominicana desde há séculos — foi aprovado pelo Papa Leão XII, em 1828.
Foi
autor de diversas obras, entre as quais Comentários e Sermões, que não chegaram
até nós, assim como duma Crónica dos começos da Ordem Irmãos Pregadores.
Foi
também ele que solicitou a canonização de São Domingos e a obteve em 1234.
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