Os Santos são homens e mulheres que se entranham profundamente no
mistério da oração. Homens e mulheres que lutam mediante a oração, deixando rezar e
lutar neles o Espírito Santo; lutam até ao fim, com todas as suas
forças; e vencem, mas não sozinhos: o Senhor vence neles e com eles. Também
estas sete testemunhas, que hoje foram canonizadas, travaram o bom combate da
fé e do amor através da oração. Por isso permaneceram firmes na fé, com o
coração generoso e fiel.
Que Deus nos conceda também a
nós, pelo exemplo e intercessão delas, ser homens e mulheres de oração; gritar
a Deus dia e noite, sem nos cansarmos; deixar que o Espírito Santo reze em nós,
e orar apoiando-nos mutuamente para permanecermos com os braços erguidos, até
que vença a Misericórdia Divina.
Papa Francisco – Homilia de
Canonização – 26 de outubro de 2016
Afonso Maria Fusco, primogênito
de cinco filhos, nasceu aos 23 de março de 1839, em Angri, Província de
Salerno, do casal Aniello Fusco e Giuseppina Schiavone, ambos de origem
camponesa, mas educados desde o nascimento com sadios princípios de vida cristã
e no temor de Deus.
Casaram-se na Colegiada de São
João Batista, no dia 31 de janeiro de 1834 e por quatro longos anos o berço
preparado com amoroso cuidado, ficou desoladamente vazio.
Em Pagani, pouco distante de
Angri, estão guardadas as relíquias de Santo Afonso Maria de Ligório. Em seu
túmulo, no ano de 1838, chegaram para rezar, Aniello e Giuseppina. Nessa
ocasião ouviram profeticamente do Redentorista Francisco Saverio Pecorelli: “Tereis
um filho, o chamareis Afonso, será sacerdote e repetirá a vida do Beato Afonso”.
Aos onze anos comunicou aos pais
o desejo de ser sacerdote e aos 5 de novembro de 1850 “espontaneamente e apenas
para servir a Deus e a Igreja”, como ele mesmo declarou muito tempo depois,
entrou no Seminário de Nocera dei Pagani.
No dia 29 de maio de 1863 foi
ordenado sacerdote, entre a exultação de seus familiares e o entusiasmo do
povo.
Distinguiu-se logo entre o clero
da Colegiada de São João Batista de Angri pelo zelo, pela assiduidade no
serviço litúrgico e pela diligência na administração dos sacramentos,
especialmente da reconciliação, na qual demonstrava toda a sua paternidade e
compreensão pelos penitentes.
Dedicava-se à evangelização do
povo com uma pregação profunda, simples e eficaz.
A vida cotidiana de Padre Afonso
era apenas aquela de um sacerdote zeloso, que, porém guardava no coração um
antigo sonho. Nos últimos anos de seminário, uma noite, tinha sonhado com Jesus
de Nazaré, que lhe havia pedido para fundar, logo que fosse ordenado sacerdote,
um Instituto de Irmãs e um orfanato masculino e feminino.
Foi o encontro com Madalena
Caputo de Angri, mulher de caráter forte, aberto e simples, desejosa de se
consagrar a Deus na vida religiosa, que impulsionou Padre Afonso a acelerar os
tempos para a fundação do Instituto.
No dia 25 de setembro de 1878, a
Caputo e outras 3 jovens durante a noite, entraram na pobre casa Scarcella, no
rione de Ardinghi em Angri. As jovens desejavam dedicar-se à própria
santificação através de uma vida de pobreza, de união com Deus, de caridade
empenhada no cuidado e na instrução das órfãs pobres.
A Congregação das Irmãs
Batistinas do Nazareno estava fundada; a semente tinha caído na terra fecunda de
quatro corações ardentes e generosos; as privações, as lutas, as oposições, as
provas se desabaram, mas o Senhor a fez desenvolver abundantemente. A casa
Scarcella recebeu logo o nome de Pequena
Casa da Providência.
Começaram a vir outras
postulantes e as primeiras órfãs, e com elas, também as primeiras dificuldades.
O Senhor, que faz sofrer muito a quem muito ama, não podia poupar penas e
sofrimentos ao Fundador e às suas filhas.
Padre Afonso aceitou as provas, e
às vezes muito duras, manifestando uma total conformidade com a vontade de
Deus, uma heroica obediência aos superiores e uma ilimitada confiança na
Providência.
A injusta tentativa do Bispo
diocesano, Dom Saverio Vitagliano, de demitir, por acusações infundadas, Padre
Afonso da função de diretor da Obra; a recusa de abrir-lhe a porta da casa da
Rua Germanico em Roma, por parte de suas próprias filhas, por uma ideia de
separação; as palavras do Cardeal Respighi, Vigário de Roma: “Você fundou uma
Congregação de Irmãs dedicadas que fazem o seu dever. Agora, retire-se!”, foram
para ele momentos de grandes sofrimentos, que o fizeram rezar com o coração
angustiado, como Jesus no horto, na capelinha da Casa Mãe em Angri e na igreja
de São Joaquim nos Prati, em Roma.
Padre Afonso não deixou muitos
escritos. Amava falar com o testemunho de vida. Repetia com frequência às suas
Irmãs: “Façamo-nos santos seguindo de perto Jesus... Filhinhas, se viveis na
pobreza, na pureza e na obediência, resplandecereis com estrelas no céu”.
Era de uma ternura quase materna
para com todas, especialmente pelas orfãzinhas mais necessitadas; para elas
tinha sempre um lugar na Pequena Casa da Providência, mesmo quando o alimento
era escasso ou até faltava. Então Padre Afonso tranquilizava suas filhas
temerosas, dizendo: “Não vos preocupeis, minhas filhas, agora vou a Jesus e ele nos pensará”.
E Jesus respondia com prontidão e grande generosidade. A quem crê tudo
é possível!
Em um tempo no qual a instrução
era privilégio de poucos, proibida aos pobres e às mulheres, Padre Afonso não
poupava sacrifícios para dar às crianças uma vida serena, o estudo e uma
pequena profissão aos maiores, de modo que, uma vez crescidos, pudessem viver
como cidadãos honestos e como cristãos convictos. Quis que suas Irmãs iniciassem
logo a estudar, para estarem habilitadas a ensinar aos pobres e, através da
instrução e da evangelização, preparar os caminhos de Jesus nos corações, sobretudo
das crianças e dos jovens.
O aumento de pedidos de
assistência para um número sempre maior de órfãs e de crianças impulsionou
Padre Fusco a abrir novas casas, primeiro na Campania, depois em outras regiões
da Itália.
Aos 5 de fevereiro de 1910 se
sentiu mal durante a noite. Pediu e recebeu com piedade e fervor os Sacramentos
e na manhã do dia 6 de fevereiro, depois de abençoar, com as mãos tremendo,
suas filhas que choravam em volta do seu leito, exclamou: “Senhor, vos agradeço, fui um
servo inútil”. Depois, voltando-se às Irmãs: “Do céu não vos esquecerei, e
rezarei sempre por vós”, e se adormentou placidamente no Senhor.
Logo se espalhou a notícia da sua
morte e, por toda a jornada daquele domingo, foi uma contínua procissão, e as
pessoas chorando diziam: “Morreu o padre dos pobres, morreu o santo!”.
O Papa João Paulo II, no dia 7 de
outubro de 2001, proclamando-o beato o entrega como exemplo aos sacerdotes e o
indica a todos como educador e protetor, especialmente dos pobres e dos
necessitados e o Papa
Francisco o canonizou em 26 de outubro de 2016.
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