A Madre Esperança tinha uma “fé
ilimitada” com a qual “atravessou as escuras galeria do mal, da incompreensão e
da humilhação, saindo purificada e fortalecida em seus propósitos”. Cardeal Ângelo Amato
A Madre Esperança de Jesus nasceu
em Vereda del Molino, Murcia (Espanha) no dia 30 de setembro de 1893, seu nome
de batismo foi Maria Josefa Alhama Valera, era a mais velha de nove
irmãos de uma humilde família de Siscar e viviam em uma pequena casa construída
com barro.
Devido à sua situação de pobreza, não recebeu uma educação escolar. Desde
muito jovem serviu na casa de um rico comerciante de Santomera, onde seus
filhos lhe ensinaram a ler e escrever, a religiosa sempre recordou este gesto e
estava agradecida por isso.
Dos fatos que marcaram sua
infância, destacam-se a misteriosa visita que a pequenina recebeu aos doze
anos: “Estava na casa do tio Padre, ouvi tocar a campainha, desci e vi
uma freira muito bonita, que nunca tinha visto antes. Fiquei admirada por ver
que não trazia sacola para receber esmola; pensei, de fato, que fosse uma
freira mendicante e lhe disse logo: ‘Irmã, onde guarda as coisas que lhe dou se
nem sacola tem?’ E ela respondeu: ‘Menina, não foi para isso que vim’! ‘Mas
deverá estar cansada da viagem? Pegue uma cadeira’. ‘Não estou cansada’. ‘Com este
calor, deverá ter sede!’ ‘Não tenho sede’. ‘Então o quer de mim?’ E, ela me
disse: ‘ Vê, menina: eu vim lhe dizer da parte do bom Deus que tu deverás
começar onde eu terminei’. E me falou demoradamente da devoção ao Amor
Misericordioso que eu teria de difundir por todo o mundo. Depois de certo
momento, me virei e a freira não estava mais”. Esta religiosa era santa Teresinha do Menino Jesus.
Para a Madre Esperança, Santa Teresa do Menino Jesus era seu exemplo a
seguir e continuava sua mensagem de amor misericordioso. O dia da Santa, 15 de
outubro de 1914 à idade de 22 anos ingressou na vida religiosa.
Com o passar dos anos, a Madre Esperança foi colocada sob observação do
Santo Ofício, porque se tinha notado nela algumas “coisas sobrenaturais” para verificar
se estes fatos vinham de Deus ou não. Finalmente decidiram dar-lhe um voto de
confiança porque tinha demonstrado sua dedicação ao Senhor e sua boa vontade.
A Madre Geral das Claretianas, em
04 de abril de 1928, escreverá: “De uns tempos para cá, parece que Deus a está conduzindo
por uns caminhos de certo modo extraordinários. Houve um período em que o
demônio a atormentava, golpeando-a até deixá-la meio morta, como atesta Madre
Maria Ana Rué, (a superiora) que a viu e ouviu muitas vezes. Depois, parece que
isso acabou, mas quase todas as semanas, nas noites de quinta para sexta-feira,
é tomada por um suor de sangue que, às vezes, a deixa tão prostrada de ter de
ficar de cama por vários dias. Agora, desde a primeira sexta-feira da quaresma,
lhe apareceram nos pés os estigmas, exatamente como em alguns santos.
Conservam-se sempre como feridas frescas e, às vezes, perdem muito sangue”.
Desde a Quaresma de 1928, Maria
Esperança será agraciada pelos estigmas de Nosso Senhor, sinal visível de sua
união com Jesus Cristo.
Madre Esperança recebeu do Senhor
Jesus, a missão de fundar uma Congregação, e para poder cumprir sua missão terá
que sofrer inúmeras humilhações e contradições. Mas, apesar do ataque do inferno,
na noite do Natal de 1930, Madre Esperança funda a Congregação das Servas do
Amor Misericordioso, segundo as orientações de Jesus. Também nesta época, ela
mandará esculpir conforme as indicações de Jesus, a imagem do Amor
Misericordioso. Conforme o impulso do Espírito Santo, a Congregação se
espalhará. Sofrerá perseguições, calúnias, divisões... Mas a obra de Deus
permanece.
A Madre Esperança tinha experiências místicas e também em várias
oportunidades sofria ataques do demônio, que irritado pelos seus frutos
espirituais brigava com a religiosa, batia-lhe, dava-lhe empurrões. Em uma
ocasião lhe lançou um recipiente térmico de água quente e em outra um livro em
chamas.
Esteve marcada por muitas doenças que eram curadas muitas vezes sem
explicação médica, mas no dia 8 de fevereiro de 1983, à idade de 90 anos
faleceu, vítima de outra doença. Seus restos mortais descansam na cripta do
Santuário.
A congregação que Madre Esperança fundou se dedica ao ensino, acolhida e
acompanhamento de crianças e jovens. Dão ajuda aos doentes, idosos, pessoas com
necessidades especiais e famílias necessitadas.
A religiosa expressou em uma oportunidade que queria “ser como uma batata
que desaparece debaixo da terra para dar vida a novos filhos”.
O milagre para a beatificação foi
a cura de um menino alérgico a todo tipo de alimento que os médico consideravam
de caráter incurável. O milagre aconteceu depois que o menino bebeu a água da
fonte do Santuário de Collevalenza fazendo que seus males desaparecessem.
O Papa João Paulo II visitou o Santuário
do Amor Misericordioso em Collevalenza, Todi (Itália) em 22 de novembro
de 1981, em sua primeira visita fora do Vaticano depois do atentado que sofreu
em 13 de Maio, para agradecer ao Amor Misericordioso: “viemos em visita a este
santuário porque somos devedores à misericórdia de Deus pela nossa saúde”.
O Santuário que a Madre Esperança
construiu confiando na Divina Providência e obedecendo à vontade de Deus,
depois da inspiração que teve de procurar água no monte onde se sabia que não
havia. A religiosa cavou um poço de 122 metros de profundidade onde brotou água
e o Senhor Jesus lhe disse: “esta é a água da minha misericórdia”.
Neste lugar construiu piscinas para que os doentes possam banhar-se
pedindo a cura tanto física como da alma. Também há uma fonte onde podem beber
a água. Perto das piscinas e da fonte se lê uma expressão da religiosa:
“Utiliza esta água com fé e amor, certamente te servirá de refrigério para o
corpo e de saúde para a alma”.
O Papa Francisco na sua carta
apostólica por ocasião da beatificação destacou três méritos da Beata: ser
fundadora de duas congregações de vida consagrada, o ser
“testemunha da mansidão de Deus, sobretudo, para com os pobres” e o terceiro
mérito é ser “promotora da santidade do clero diocesano”.
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