terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

06 de fevereiro - Santo Afonso Maria Fusco

Os Santos são homens e mulheres que se entranham profundamente no mistério da oração. Homens e mulheres que lutam mediante a oração, deixando rezar e lutar neles o Espírito Santo; lutam até ao fim, com todas as suas forças; e vencem, mas não sozinhos: o Senhor vence neles e com eles. Também estas sete testemunhas, que hoje foram canonizadas, travaram o bom combate da fé e do amor através da oração. Por isso permaneceram firmes na fé, com o coração generoso e fiel.

Que Deus nos conceda também a nós, pelo exemplo e intercessão delas, ser homens e mulheres de oração; gritar a Deus dia e noite, sem nos cansarmos; deixar que o Espírito Santo reze em nós, e orar apoiando-nos mutuamente para permanecermos com os braços erguidos, até que vença a Misericórdia Divina.

Papa Francisco – Homilia de Canonização – 26 de outubro de 2016

Afonso Maria Fusco, primogênito de cinco filhos, nasceu aos 23 de março de 1839, em Angri, Província de Salerno, do casal Aniello Fusco e Giuseppina Schiavone, ambos de origem camponesa, mas educados desde o nascimento com sadios princípios de vida cristã e no temor de Deus.
Casaram-se na Colegiada de São João Batista, no dia 31 de janeiro de 1834 e por quatro longos anos o berço preparado com amoroso cuidado, ficou desoladamente vazio.
Em Pagani, pouco distante de Angri, estão guardadas as relíquias de Santo Afonso Maria de Ligório. Em seu túmulo, no ano de 1838, chegaram para rezar, Aniello e Giuseppina. Nessa ocasião ouviram profeticamente do Redentorista Francisco Saverio Pecorelli: “Tereis um filho, o chamareis Afonso, será sacerdote e repetirá a vida do Beato Afonso”.

Aos onze anos comunicou aos pais o desejo de ser sacerdote e aos 5 de novembro de 1850 “espontaneamente e apenas para servir a Deus e a Igreja”, como ele mesmo declarou muito tempo depois, entrou no Seminário de Nocera dei Pagani.
No dia 29 de maio de 1863 foi ordenado sacerdote, entre a exultação de seus familiares e o entusiasmo do povo.
Distinguiu-se logo entre o clero da Colegiada de São João Batista de Angri pelo zelo, pela assiduidade no serviço litúrgico e pela diligência na administração dos sacramentos, especialmente da reconciliação, na qual demonstrava toda a sua paternidade e compreensão pelos penitentes.

Dedicava-se à evangelização do povo com uma pregação profunda, simples e eficaz.
A vida cotidiana de Padre Afonso era apenas aquela de um sacerdote zeloso, que, porém guardava no coração um antigo sonho. Nos últimos anos de seminário, uma noite, tinha sonhado com Jesus de Nazaré, que lhe havia pedido para fundar, logo que fosse ordenado sacerdote, um Instituto de Irmãs e um orfanato masculino e feminino.
Foi o encontro com Madalena Caputo de Angri, mulher de caráter forte, aberto e simples, desejosa de se consagrar a Deus na vida religiosa, que impulsionou Padre Afonso a acelerar os tempos para a fundação do Instituto.
No dia 25 de setembro de 1878, a Caputo e outras 3 jovens durante a noite, entraram na pobre casa Scarcella, no rione de Ardinghi em Angri. As jovens desejavam dedicar-se à própria santificação através de uma vida de pobreza, de união com Deus, de caridade empenhada no cuidado e na instrução das órfãs pobres.

A Congregação das Irmãs Batistinas do Nazareno estava fundada; a semente tinha caído na terra fecunda de quatro corações ardentes e generosos; as privações, as lutas, as oposições, as provas se desabaram, mas o Senhor a fez desenvolver abundantemente. A casa Scarcella recebeu logo o nome de Pequena Casa da Providência.

Começaram a vir outras postulantes e as primeiras órfãs, e com elas, também as primeiras dificuldades. O Senhor, que faz sofrer muito a quem muito ama, não podia poupar penas e sofrimentos ao Fundador e às suas filhas.
Padre Afonso aceitou as provas, e às vezes muito duras, manifestando uma total conformidade com a vontade de Deus, uma heroica obediência aos superiores e uma ilimitada confiança na Providência.

A injusta tentativa do Bispo diocesano, Dom Saverio Vitagliano, de demitir, por acusações infundadas, Padre Afonso da função de diretor da Obra; a recusa de abrir-lhe a porta da casa da Rua Germanico em Roma, por parte de suas próprias filhas, por uma ideia de separação; as palavras do Cardeal Respighi, Vigário de Roma: “Você fundou uma Congregação de Irmãs dedicadas que fazem o seu dever. Agora, retire-se!”, foram para ele momentos de grandes sofrimentos, que o fizeram rezar com o coração angustiado, como Jesus no horto, na capelinha da Casa Mãe em Angri e na igreja de São Joaquim nos Prati, em Roma.

Padre Afonso não deixou muitos escritos. Amava falar com o testemunho de vida. Repetia com frequência às suas Irmãs: “Façamo-nos santos seguindo de perto Jesus... Filhinhas, se viveis na pobreza, na pureza e na obediência, resplandecereis com estrelas no céu”.
Era de uma ternura quase materna para com todas, especialmente pelas orfãzinhas mais necessitadas; para elas tinha sempre um lugar na Pequena Casa da Providência, mesmo quando o alimento era escasso ou até faltava. Então Padre Afonso tranquilizava suas filhas temerosas, dizendo: “Não vos preocupeis, minhas filhas, agora vou a Jesus e ele nos pensará”. E Jesus respondia com prontidão e grande generosidade. A quem crê tudo é possível!
Em um tempo no qual a instrução era privilégio de poucos, proibida aos pobres e às mulheres, Padre Afonso não poupava sacrifícios para dar às crianças uma vida serena, o estudo e uma pequena profissão aos maiores, de modo que, uma vez crescidos, pudessem viver como cidadãos honestos e como cristãos convictos. Quis que suas Irmãs iniciassem logo a estudar, para estarem habilitadas a ensinar aos pobres e, através da instrução e da evangelização, preparar os caminhos de Jesus nos corações, sobretudo das crianças e dos jovens.

O aumento de pedidos de assistência para um número sempre maior de órfãs e de crianças impulsionou Padre Fusco a abrir novas casas, primeiro na Campania, depois em outras regiões da Itália.

Aos 5 de fevereiro de 1910 se sentiu mal durante a noite. Pediu e recebeu com piedade e fervor os Sacramentos e na manhã do dia 6 de fevereiro, depois de abençoar, com as mãos tremendo, suas filhas que choravam em volta do seu leito, exclamou: “Senhor, vos agradeço, fui um servo inútil”. Depois, voltando-se às Irmãs: “Do céu não vos esquecerei, e rezarei sempre por vós”, e se adormentou placidamente no Senhor.
Logo se espalhou a notícia da sua morte e, por toda a jornada daquele domingo, foi uma contínua procissão, e as pessoas chorando diziam: “Morreu o padre dos pobres, morreu o santo!”.

O Papa João Paulo II, no dia 7 de outubro de 2001, proclamando-o beato o entrega como exemplo aos sacerdotes e o indica a todos como educador e protetor, especialmente dos pobres e dos necessitados e o Papa Francisco o canonizou em 26 de outubro de 2016.





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