A expressão "fazer o bem por amor do
Coração de Jesus" e "ansiar pelo desejo do bem dos outros, sobretudo
da juventude"reflete bem o carisma da beata Maria Domenica
Mantovani. Esta digna filha da terra de Verona, discípula do beato José
Nascimbeni, inspirou-se na Sagrada Família de Nazaré para se fazer "tudo
para todos", sempre atenta às necessidades do "pobre povo". Foi
extraordinário o seu modo de ser fiel em todas as circunstâncias, até ao
último instante, à vontade de Deus, pelo qual se sentia amada e chamada. Que
exemplo bonito de santidade para cada crente!
Papa João Paulo II – Homilia de
Beatificação – 27 de abril de 2003
Maria Domenica Mantovani,
primogênita de quatro irmãos, nasceu em Castelletto de Brenzone, província de
Verona, no dia 12 de novembro de 1862, sendo seus pais João Batista Mantovani e
Prudência Zamperini. Foi batizada no dia seguinte, 13 de novembro.
Frequentou com grande proveito a
escola primária, mas não pôde prosseguir os estudos por causa da pobreza da
família. Supriram nela a falta de cultura os belos dotes de inteligência,
vontade e grande bom senso prático. Desde criança mostrou-se muito propensa à
oração e a tudo o que se referia a Deus. À base dessa profunda sensibilidade
religiosa e cristã e de tanta riqueza de graça, que se desenvolveria sempre
mais e irradiaria forte luz, estava o testemunho dos pais e dos familiares,
gente simples, trabalhadora, honesta e rica de fé.
Fonte privilegiada, da qual a
Serva de Deus bebeu em grande quantidade a sua formação cristã, foi o Catecismo
que, unido aos ensinamentos da família, ajudou-a a pôr sólidas bases para, ao
longo do tempo, poder construir sua personalidade humana e cristã. Casa, escola
e igreja foram os campos em que foi plasmado seu caráter desde menina e deram
um precioso rumo a toda a sua vida.
Transcorreu toda a juventude, até
os 30 anos, na família. Cresceu sã no espírito e no corpo, distinguindo-se
sempre pela bondade, docilidade, transparência de vida e singular piedade. Já
nos tempos de moça, tornara-se apóstola de suas coetâneas, que formava,
oferecendo-lhes boas leituras e, sobretudo, o testemunho de sua vida.
A Serva de Deus tinha 15 anos,
quando o Beato José Nascimbene chegou a Castelletto, primeiro como professor e
coadjutor (1877-1885), depois como pároco (1885-1922). Desde sua chegada,
Nascimbene tornou-se seu diretor espiritual, seguro e lúcido, e ela sua
primeira e generosa colaboradora nas muitas atividades paroquiais. Era a alma
da juventude de toda a paróquia e era por todos amada e ouvida.
Dedicava-se com muito zelo ao
ensino do catecismo às crianças. Visitava e assistia, com caridade evangélica,
os doentes e os pobres.
Inscrita na Pia União das Filhas
de Maria, foi sempre fiel na observância do Regulamento, tornando-se espelho e
modelo para suas companheiras, às quais, gozando de forte ascendência,
transmitia boas lições de vida.
Sendo devotíssima da Virgem
Imaculada, no dia 8 de dezembro de 1886, nas mãos de seu diretor e pároco Padre
José Nascimbeni, fez o voto de perpétua virgindade. A devoção para com a Virgem
Imaculada foi o respiro de sua alma. A intimidade com Jesus Cristo e a
contemplação da Sagrada Família tornaram-se a força de sua vida.
Desejando consagrar-se ao Senhor,
chegou ao conhecimento da vontade de Deus, através do bem-aventurado
Nascimbene, que a quis como colaboradora na fundação da Congregação das Pequenas
Irmãs da Sagrada Família (6 de novembro de 1892). Tornou-se, assim, a cofundadora
e primeira Superiora geral.
Nas atividades paroquiais e no
governo do Instituto, a Serva de Deus foi sempre de grande ajuda ao Fundador, a
quem queria muito bem e de quem foi sempre fiel intérprete de seus projetos e
desejos.
Contribuiu muito na elaboração
das Constituições, inspiradas na Regra da Ordem Terceira Regular de São
Francisco, e na formação das Irmãs. Sua colaboração e o testemunho de sua vida
contribuíram de modo determinante para o desenvolvimento e expansão do
Instituto. Sua obra completou à do Fundador, imprimindo na espiritualidade da
nova congregação religiosa as notas características que distinguiam sua vida e
seu modo de agir na Igreja e no mundo. A obra do Fundador se confundia com a da
cofundadora no inculcar nas primeiras Irmãs o carisma recebido do Espírito
Santo. A ação do Beato Nascimbene era intensa, forte, enérgica; a de Maria era
delicada e escondida, embora também firme e longe de qualquer fraqueza. Ambas
se apoiavam em eloquentes exemplos e pacientes esperas.
Nos escritos da Serva de Deus
aparecem claras suas qualidades de mãe amorosa e boa, de mestra sábia e lúcida,
zelosa e, às vezes, exigente.
Depois da morte do Fundador, ela,
rica em virtude, sabedoria e prudência, continuou a guiar o Instituto, com
fortaleza de ânimo, grande abandono a Deus e profundo senso de
responsabilidade, desejosa de transmitir às filhas os ensinamentos do Fundador,
para que o genuíno espírito das origens se conservasse e fosse vivido
integralmente.
Antes de morrer, teve a
consolação de ver aprovadas de forma definitiva as Constituições e o próprio
Instituto, de ver a obra continuada por cerca de 1200 Irmãs espalhadas por 150
casas filiais na Itália e do exterior, dedicadas às mais variadas atividades
apostólicas e caritativas.
A Serva de Deus, até o fim de
seus dias, cresceu no caminho da santidade, dando provas de todas as virtudes,
especialmente da humildade.
No dia 2 de fevereiro de 1934,
depois de alguns dias de enfermidade, terminou sua gloriosa caminhada terrena.
Nenhum comentário:
Postar um comentário