O Evangelho narra o caminho de Jesus com os seus
discípulos: o momento em que Ele quer verificar a que ponto está a fé deles.
Primeiro quer saber o que pensa d’Ele o povo; e o povo pensa que Jesus é um
profeta, o que é verdade, mas não compreende o cerne da sua Pessoa, não capta o
centro da sua missão. Depois, faz aos discípulos a pergunta que deveras lhe
está mais a peito, ou seja, questiona-os diretamente: “E vós, quem dizeis que eu sou?”
E com aquele e vós
Jesus separa definitivamente os Apóstolos da multidão, como quem diz: e vós,
que andais comigo todos os dias e me conheceis de perto, compreendestes algo
mais? O Mestre espera dos seus uma resposta de uma certa envergadura e diversa
em relação à da opinião pública. Com efeito, precisamente essa resposta brota
do coração de Simão, chamado Pedro: “Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.
Dos lábios de Simão Pedro saem palavras maiores do que
ele, palavras que não vêm das suas capacidades naturais. Talvez ele não tenha
frequentado a escola primária, e é capaz de proferir estas palavras, mais
fortes do que ele! Mas são inspiradas pelo Pai celeste, o qual revela ao
primeiro dos Doze a verdadeira identidade de Jesus: Ele é o Messias, o Filho enviado por Deus para salvar a humanidade.
E desta resposta, Jesus compreende que, graças à fé doada pelo Pai, há uma base
sólida sobre a qual pode construir a sua comunidade, a sua Igreja. Por isso diz
a Simão: “Tu, Simão, és Pedro — ou seja,
pedra, rocha — e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”.
Também conosco, hoje, Jesus quer continuar a construir a
sua Igreja, esta casa com fundamentos sólidos mas onde não faltam fendas, e que
precisa continuamente de ser concertada. Sempre. A Igreja tem sempre
necessidade de ser reformada, concertada. Sem dúvida não nos sentimos rochas,
mas apenas pequenas pedras. Contudo,
nenhuma pequena pedra é inútil, aliás, nas mãos de Jesus a pedra mais pequenina
torna-se preciosa, porque Ele a recolhe, a conserva com grande ternura, a
trabalha com o seu Espírito, e a coloca no lugar certo, que Ele desde sempre
pensou e onde pode ser mais útil para toda a construção.
Cada um de nós é uma pequena pedra, mas nas mãos de Jesus
toma parte na construção da Igreja. E todos nós, por mais pequenos que sejamos,
somos transformados em pedras vivas,
porque quando Jesus pega na sua pedra, a faz sua, a torna viva, cheia de vida,
cheia de vida do Espírito Santo, cheia de vida do seu amor, e assim temos um
lugar e uma missão na Igreja: ela é comunidade de vida, feita de tantas pedras,
todas diversas, que formam um único edifício no sinal da fraternidade e da
comunhão.
Além disso, recorda-nos que Jesus quis para a sua Igreja
também um centro visível de comunhão em Pedro — também ele, não é uma grande
pedra, é uma pedra pequenina, mas nas mãos de Jesus torna-se centro de comunhão
— em Pedro e em quantos lhe teriam sucedido na mesma responsabilidade
primacial, que desde as origens foram identificados nos Bispos de Roma, a
cidade onde Pedro e Paulo deram o testemunho do sangue.
Papa Francisco -27 de agosto de 2017
Hoje celebramos:
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