sexta-feira, 1 de julho de 2016

Beata Assunta Marchetti



“A bem-aventurada Assunta foi uma mulher muito forte e empreendedora; como jovem, nada lhe faltava para ter uma boa posição na sua comunidade local, na Itália. No entanto, motivada por sua fé em Deus e pelo amor ao próximo, ela abandonou tudo, inclusive sua pátria e as seguranças que tinha, para seguir a vocação religiosa e missionária, dedicando a vida aos migrantes, sobretudo pobres e doentes, aos órfãos e desamparados… Para eles foi “mãe” solícita, que,  trabalhou muito para não lhes deixar faltar nada… Sua vida foi inteiramente orientada pela caridade de Cristo, que ardia no seu coração, e que lhe ajudava a ver em cada pessoa um filho de Deus, um irmão e uma irmã, imagem e semelhança do próprio Jesus Cristo.



No poema à caridade, da 1ª Carta aos Coríntios (13,1-13), São Paulo convida a buscar o caminho melhor e a virtude mais alta na vida cristã; e esse caminho e virtude consistem em amar como Jesus Cristo amou: amor de caridade, de doação sem medida e sem interesse pessoal, ao ponto de entregar inteiramente a vida pelo próximo. Este ideal alto é proposto a todos os discípulos pelo próprio Jesus, quando ele diz: “como eu vos amei, assim amai-vos também vós uns aos outros… Ninguém tem maior amor do que aquele que entrega a vida pelos amigos” (Jo 15,13). Todas as ações da nossa vida precisam ser motivadas por esse amor de caridade, à semelhança de Jesus. Sem isso, as ações mais louváveis, como aquelas citadas por São Paulo, poderiam ser movidas apenas por interesse e vaidade pessoal; poderiam ser ações vazias e não ter valor diante de Deus.



A bem-aventurada Assunta Marchetti nos deixou um testemunho dessa caridade. Na sua doação aos órfãos e aos pobres, ela não buscou vantagens pessoais e, por isso, também conseguiu mover tantas pessoas a colaborarem com ela, quer as irmãs que se agregavam à Congregação que ela ajudou a fundar, quer os leigos e as comunidades locais, na busca de servir os irmãos. “Seria como o bronze que soa ou o sino que retine”… Os santos nos ensinam, com o testemunho de sua vida, a viver a caridade de modo autêntico.”

Cardeal Odilo Pedro Scherer – Homilia de Beatificação  25 de outubro de 2014
Madre Assunta é co-fundadora das Missionárias de São Carlos Borromeu, também conhecidas como Irmãs Carlistas, ou Scalabrinianas; elas se dedicam aos migrantes, conforme o carisma recebido do bispo de Piacenza (Itália), João Batista Scalabrini, fundador da Congregação dos Missionários de São Carlos Borromeu, os Carlistas.
Madre Assunta nasceu na Itália em 15.08.1971, na localidade de Lombrici, município de Camaiore; a comunidade fica na diocese de Lucca, Toscana. Em 1895, veio ao Brasil, acompanhando sua mãe e seu irmão, o jovem padre José Marchetti, junto com algumas companheiras, que também nutriam o desejo missionário de acompanhar os imigrantes italianos no Brasil. Passou breves períodos no interior do Estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul.
Mas foi em São Paulo que ela viveu mais longamente e se dedicou a uma intensa ação caritativa voltada sobretudo aos imigrantes, aos doentes e às crianças órfãs ou em situação de pobreza. Atuou longamente no Orfanato Cristóvão Colombo da Vila Prudente, perto da igreja de São Carlos Borromeu. Com as companheiras e a mãe, consolidou a Congregação das Missionárias Scalabrinianas, que continuaram o seu ideal de dedicação aos migrantes e aos pobres. A Congregação hoje está presente em vários Estados do Brasil e também em outros países.
Madre Assunta faleceu em 1º de julho de 1948 e seu túmulo está na Vila Prudente, no local onde viveu e trabalhou. O processo de beatificação, introduzido em 1987 pela própria Congregação das Missionárias Scalabrinianas, na arquidiocese de São Paulo, destaca sua grande caridade e dedicação ao próximo, seu generoso espírito missionário e o testemunho de uma vida consagrada inteiramente ao serviço do reino de Deus.
Pe. José Marchetti, seu irmão, faleceu muito jovem e com pouco tempo de trabalho missionário no Brasil. Também ele viveu intensamente o serviço aos pobres e doentes, em São Paulo, acabando por contrair a febre tifóide, que lhe ceifou a vida. Seu corpo está sepultado no Ipiranga, na igreja do Orfanato Cristóvão Colombo, por ele fundado. A causa de sua beatificação também está em andamento.
O testemunho dos santos edifica a Igreja. Foram pessoas humanas como nós e viveram num determinado período da história; não se trata de mitos criados pela fantasia. Eles enfrentaram os problemas e as contradições do seu tempo, foram fiéis a Cristo e à Igreja, cristãos exemplares e cidadãos dignos. Os santos enobrecem nossa comunidade; estão perto de Deus e continuam perto de nós.

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