Com efeito, o risco
consiste em enfraquecer a própria adesão a Cristo com os cálculos da
conveniência. Existem dois possíveis caminhos que se abrem diante de qualquer
batizado: a do protomártir Estêvão que, cheio de graça e de Espírito Santo agia
sem pesar as consequências das suas escolhas, e a da multidão que se deixava
conquistar pelos milagres.
Portanto, há diversos
modos, formas de seguir Jesus. De fato, as pessoas que tinham acabado de
assistir ao milagre da multiplicação dos pães, seguiam Jesus não só porque
tinham fome da palavra de Deus e sentiam que Jesus chegava ao coração, aquecia
o coração, mas também porque Jesus fazia alguns milagres; seguiam-nos ainda
para ser curados, para ter alguma visão nova da vida. A ponto que, noutro
trecho do evangelho Jesus admoesta: Se não virdes milagres e prodígios, não
credes. Como a querer sublinhar que o importante não são os milagres; mas a
palavra de Deus, a fé. Por conseguinte, Jesus louva as pessoas que se aproximam
dele com fé. Com efeito, àquele pai que pediu a cura do filho, disse: Tudo é
possível àquele que crê.
Por conseguinte, a
multidão, que seguia Jesus para o ouvir, depois da multiplicação dos pães,
queria até torná-lo rei. Mas, ele retirou-se sozinho, para rezar. Resumindo a
narração evangélica, o que acontece com as pessoas que procuram o Senhor e o encontram,
no dia seguinte, na outra margem do lago. Qual é a razão desta busca
insistente? Também para ouvir Jesus, mas sobretudo por interesse. Com efeito, o
Senhor admoesta imediatamente: Em verdade, em verdade vos digo: buscais-me, não
porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados.
Eles não são os
únicos no Evangelho a ter esta atitude. Recordemos, por exemplo, o episódio do
endemoninhado de Gerasa, no qual os guardadores, quando viram que devido àquele
milagre tinham perdido os porcos, fizeram o cálculo e disseram: Sim, sim: este
faz milagres, mas a nós não convém; perdemos dinheiro com ele, e disseram-lhe
gentilmente: Vai-te embora, volta para a tua casa. Ou podemos lembrar os dez
leprosos, que depois de serem curados se foram embora, mas só um deles
regressou para agradecer: os outros tinham obtido a cura e assim esqueceram-se
de Jesus.
Diante de uma fé
condicionada pelo interesse, Jesus repreende e diz: Trabalhai, não pelo
alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida eterna, e que o
Filho do homem vos dará. O alimento é a palavra de Deus e é o amor de Deus.
Papa Francisco - 16 de abril de 2018
Hoje celebramos
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