O que ficou dito até agora não implica um espírito
retraído, tristonho, amargo, melancólico ou um perfil sumido, sem energia. O
santo é capaz de viver com alegria e sentido de humor. Sem perder o realismo,
ilumina os outros com um espírito positivo e rico de esperança. Ser cristão é “alegria
no Espírito Santo” (Rm 14, 17), porque, “do amor de caridade,
segue-se necessariamente a alegria. Pois quem ama sempre se alegra na união com
o amado. Daí que a consequência da caridade seja a alegria”. Se deixarmos que o Senhor nos
arranque da nossa concha e mude a nossa vida, então poderemos realizar o que
pedia São Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!”
Os profetas anunciavam o tempo
de Jesus, que estamos a viver, como uma revelação da alegria: “exultai de
alegria” (Is 12, 6). E não esqueçamos a exortação de Neemias: “não
vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é que é a vossa força”.
Maria, que soube descobrir a novidade trazida por Jesus,
cantava: “o meu espírito se alegra” e o próprio Jesus “estremeceu de alegria
sob a ação do Espírito Santo”. Quando Ele passava, “a multidão alegrava-se”.
Depois da sua ressurreição, onde chegavam os discípulos, havia grande alegria.
Jesus assegurou-nos: “Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a
minha alegria, e a vossa alegria seja completa”.
Existem momentos difíceis, tempos de cruz, mas nada pode
destruir a alegria sobrenatural, é uma segurança interior, uma serenidade cheia
de esperança que proporciona uma satisfação espiritual incompreensível à luz
dos critérios mundanos.
Normalmente a alegria cristã é acompanhada pelo sentido
do humor, tão saliente, por exemplo, em São Tomás More, São Vicente de Paulo,
ou São Filipe Néri. O mau humor não é um sinal de santidade
Não estou a falar da alegria consumista e individualista
muito presente em algumas experiências culturais de hoje. Com efeito, o consumismo
só atravanca o coração; pode proporcionar prazeres ocasionais e passageiros,
mas não alegria. Refiro-me, antes, àquela alegria que se vive em comunhão, que se
partilha e comunica, porque “a felicidade está mais em dar do que em receber” e
“Deus ama quem dá com alegria”. O amor fraterno multiplica a nossa capacidade
de alegria, porque nos torna capazes de rejubilar com o bem dos outros: “alegrai-vos
com os que se alegram”.
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