Jesus faz aos seus discípulos uma pergunta
aparentemente indiscreta: “Que discutíeis pelo caminho?”
Uma pergunta que Ele nos pode fazer também hoje: De que é
que falais diariamente? Quais são as vossas aspirações? Eles ficaram em
silêncio, porque, no caminho, tinham discutido sobre qual deles era o maior, quem era o mais importante. Sentiam
vergonha de dizer a Jesus aquilo de que estavam a falar. Também em nós hoje, pode-se encontrar a mesma discussão: Quem é o mais
importante?
Uma pergunta que nos
acompanhará toda a vida e à qual somos chamados a responder nas diferentes
fases da existência. Não podemos fugir a esta pergunta; está gravada no
coração. Mais de uma vez ouvi, em reuniões de família, perguntar aos filhos: De
quem gostas mais, do pai ou da mãe? É como se vos perguntassem: Quem é mais
importante para vós? Será que esta pergunta é simplesmente um jogo de crianças?
A história da humanidade está marcada pelo modo como se respondeu a esta
pergunta.
Quem é o mais importante? Jesus é simples na sua
resposta: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e o
servo de todos”. Quem quiser ser grande, sirva os outros e não se sirva dos
outros.
E este é o grande paradoxo de Jesus. Os discípulos
discutiam sobre quem deveria ocupar o lugar mais importante, quem seria selecionado
como o privilegiado, quem seria isento da lei comum, da norma geral, para se
pôr em evidência com um desejo de superioridade sobre os demais. E
Jesus transtorna a sua lógica, dizendo-lhes simplesmente que a vida
autêntica se vive no compromisso concreto com o próximo, isto é, servindo.
O convite ao serviço apresenta uma peculiaridade a
que devemos estar atentos. Servir significa, em grande parte, cuidar da
fragilidade. Servir significa cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa
sociedade, do nosso povo. São os rostos sofredores, indefesos e angustiados que
Jesus nos propõe olhar e convida concretamente a amar. Amor que se concretiza
em ações e decisões. Amor que se manifesta nas diferentes tarefas
que somos chamados, como cidadãos, a realizar. São pessoas de carne e
osso, com a sua vida, a sua história e especialmente com a sua fragilidade,
aquelas que Jesus nos convida a defender, assistir, servir. Porque ser cristão
comporta servir a dignidade dos irmãos, lutar pela dignidade dos irmãos e viver
para a dignificação dos irmãos. Por isso, à vista concreta dos mais frágeis, o
cristão é sempre convidado a pôr de lado as suas exigências, expectativas,
desejos de omnipotência.
Há um serviço que serve aos outros; mas temos que
guardar-nos do outro serviço, da tentação do serviço que se serve dos outros.
Há uma forma de exercer o serviço cujo interesse é beneficiar os meus, em nome
do nosso. Este serviço deixa sempre os teus de fora, gerando uma dinâmica de
exclusão.
Todos estamos chamados, por vocação cristã, ao
serviço que serve e a ajudar-nos mutuamente a não cair nas tentações do serviço
que que se serve. Todos somos convidados, encorajados por Jesus a cuidar uns
dos outros por amor.
Porque, queridos irmãos e irmãs, “quem não vive para
servir, não serve para viver”.
Papa Francisco - 20 de setembro de 2015
Hoje celebramos:
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