A vida cristã é uma
luta permanente. Requer-se força e coragem para resistir às tentações do demônio
e anunciar o Evangelho. Esta luta é magnífica, porque nos permite cantar
vitória todas as vezes que o Senhor triunfa na nossa vida.
Não se trata apenas
de uma luta contra o mundo e a mentalidade mundana, que nos engana, atordoa e
torna medíocres sem empenhamento e sem alegria. Nem se reduz a uma luta contra
a própria fragilidade e as próprias inclinações (cada um tem a sua: para a
preguiça, a luxúria, a inveja, os ciúmes, etc.). Mas é também uma luta
constante contra o demônio, que é o príncipe do mal. O próprio Jesus celebra as
nossas vitórias. Alegrava-Se quando os seus discípulos conseguiam fazer avançar
o anúncio do Evangelho, superando a oposição do Maligno, e exultava: “Eu via
Satanás cair do céu como um relâmpago” (Lc 10, 18).
Olhar a vida apenas
com critérios empíricos e sem uma perspectiva sobrenatural nos faz negar a
existência do demônio. A convicção de que este poder maligno está no meio de
nós é precisamente aquilo que nos permite compreender por que, às vezes, o mal
tem uma força destruidora tão grande. É verdade que os autores bíblicos tinham
uma bagagem conceitual limitada para expressar algumas realidades e que, nos
tempos de Jesus, podia-se confundir, por exemplo, uma epilepsia com a possessão
do demônio.
Mas isto não deve levar-nos a simplificar demasiado a realidade
afirmando que todos os casos narrados nos Evangelhos eram doenças psíquicas e
que, em última análise, o demônio não existe ou não intervém. A sua presença
consta nas primeiras páginas da Sagrada Escritura, que termina com a vitória de
Deus sobre o demónio. De fato, quando Jesus nos deixou a oração do Pai-Nosso,
quis que a concluíssemos pedindo ao Pai que nos livrasse do Maligno. A
expressão usada não se refere ao mal em abstrato; a sua tradução mais precisa é
“o Maligno”. Indica um ser pessoal que nos atormenta. Jesus ensinou-nos a pedir
cada dia esta libertação para que o seu poder não nos domine.
Então, não pensemos
que seja um mito, uma representação, um símbolo, uma figura ou uma ideia. Este
engano leva-nos a diminuir a vigilância, a descuidar-nos e a ficar mais
expostos. O demônio não precisa de nos possuir. Envenena-nos com o ódio, a
tristeza, a inveja, os vícios. E assim, enquanto abrandamos a vigilância, ele
aproveita para destruir a nossa vida, as nossas famílias e as nossas
comunidades, porque, “como um leão a rugir, anda a rondar-vos, procurando a
quem devorar” (1 Ped 5, 8).
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