terça-feira, 29 de maio de 2018

29 de maio - “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. Mc 10,28


No trecho evangélico de hoje, Pedro garante a Jesus: “Nós deixamos tudo e seguimos-te”. Como quem diz: E a nós, o quê? Qual será o nosso salário? Deixamos tudo. Em poucas palavras, os ricos que nada deixaram — o jovem que não queria deixar as suas riquezas — não entrarão no reino de Deus, mas nós? Qual será o nosso ganho?

A questão é que os discípulos entendiam Jesus pela metade, porque o conhecimento pleno de Jesus aconteceu quando o Espírito Santo desceu. E de fato Jesus responde-lhes: “Em verdade vos digo: quem tiver deixado a casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou campos por minha causa e por causa da boa nova receberá cem vezes mais agora, no tempo presente em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, juntamente com perseguições”. Praticamente Jesus responde indicando outra direção e não promete as mesmas riquezas que tinha o jovem. Precisamente este ter muitos irmãos, irmãs, mães, pais, bens é a herança do reino, mas com a perseguição, com a cruz. E isto muda.

Eis porque, quando um cristão é apegado aos bens, faz a má figura de quem quer duas coisas: o céu e a terra. E o termo de comparação é exatamente o que diz Jesus: a cruz, as perseguições, negar-se a si mesmo, sofrer a cruz todos os dias.

Por sua vez os discípulos sentiam esta tentação: seguir Jesus mas depois qual será o fim deste bom negócio? E, pensemos na mãe de Tiago e João quando pediu um lugar para os seus filhos: Ah, que este seja primeiro-ministro, e este ministro da economia. Era o interesse mundano no seguir Jesus: mas depois o coração desses discípulos foi-se purificando até ao Pentecostes, quando entenderam tudo.

A gratuidade no seguir Jesus é a resposta à gratuidade do amor e da salvação que nos dá Jesus. Quando se quer seguir Jesus e o mundo, quer com a pobreza quer com a riqueza, verifica-se um cristianismo a metade, que deseja um ganho material: é o espírito da mundanidade. 

Seguir Jesus sob o ponto de vista humano não é um bom negócio: é servir. De resto foi exatamente o que fez ele: e se o Senhor te der a possibilidade de ser o primeiro, tu deves comportar-te como o último, isto é no serviço. Se o Senhor te der a possibilidade de possuir bens, deves comportar-te no serviço, isto é, para os outros.

São três os aspectos, os degraus que nos afastam de Jesus: as riquezas, a vaidade e o orgulho. Por isto as riquezas são tão perigosas: levam-te a ser vaidoso e a pensar que és importante; mas quando te consideras importante, crias a cauda de pavão e perdes-te.

Esta obra de catequizar os discípulos levou tanto tempo porque não entendiam bem o que Jesus dizia. Assim hoje, também nós devemos pedir-lhe: que nos ensine este caminho, esta ciência do serviço, a ciência da humildade, a ciência de ser os últimos para servir os irmãos e as irmãs da Igreja.

É desagradável ver um cristão: leigo, consagrado, sacerdote ou bispo, que quer as duas coisas: seguir Jesus e os bens, seguir Jesus e a mundanidade. É um contratestemunho e afasta as pessoas de Jesus. Vamos pensar de novo na pergunta de Pedro: “Nós deixamos tudo: como nos pagarás?” E ter presente a resposta de Jesus porque o preço que ele nos dá é ser semelhante a ele: este será o “salário”. E assemelhar a Jesus, é um grande salário.

Papa Francisco - 26 de maio de 2015

Hoje celebramos:

Nenhum comentário:

Postar um comentário