sexta-feira, 18 de maio de 2018

18 de maio - Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes? Jo 21,15

Este diálogo entre o Senhor e Pedro é tranquilo, entre amigos, sereno, casto, às margens do lago onde Pedro tinha sido chamado no início. Animavam este diálogo, algumas palavras como amor, apascentar, as minhas ovelhas, segue-me: palavras serenas, daquela atmosfera da ressurreição que o Senhor leva em frente.

Assim estamos diante de um diálogo de amigos e serviço, porque é feito após a refeição que o próprio Jesus tinha preparado. É um diálogo no qual Jesus, que é o grande pastor, confia as suas ovelhas a Pedro.

Portanto, um diálogo entre amigos. De fato, Jesus diz a Pedro: “Amas-me?” “Também tu queres ser meu amigo? És meu amigo?” Exatamente esta é a atmosfera deste diálogo, desta página do Evangelho tão serena e casta.

Vou indicar três aspetos em relação a este diálogo.

O primeiro é aquele "segue-me". Sim, Jesus escolheu o mais pecador dos apóstolos: os outros fugiram. Ele renegou-o dizendo não o conheço. Mas eis que Jesus lhe pergunta: “Mas tu amas-me mais do que eles?” Portanto, Jesus escolhe o mais pecador. A tal propósito, vem-me à mente o diálogo de um santo do século XVII com Jesus, um santo ao qual Jesus tinha concedido muitas graças. Era uma mulher, uma santa: “Mas Senhor a mim que sou tão pequena, tão pecadora”. E o Senhor disse-lhe: “Se eu tivesse encontrado alguém mais pecador do que tu, a ele teria dado isto ˮ. Portanto, o mais pecador foi escolhido para apascentar o povo de Deus, para “cuidar” do povo de Deus: isto faz-nos pensar.

O segundo ponto é a palavra “amor” que é recorrente neste diálogo: “apascenta, porque me amas, apascenta, porque és meu amigo, apascenta”. Sim apascentar com amor. E Pedro retoma isto na sua primeira carta: aprendeu. Não é preciso apascentar com a cabeça erguida, como o grande dominador, não: apascentar com humildade, com amor, como fez Jesus.

Esta é a missão que Jesus confia a Pedro: sim, com os pecados, com os erros. A ponto que depois deste diálogo, Pedro comete um engano, um erro: é tentado pela curiosidade e diz ao Senhor: “este outro discípulo para onde irá, o que fará?” Mas com amor, no meio dos seus erros, dos seus pecados, mas com amor. Porque “estas ovelhinhas não são as tuas ovelhas, são as minhas”, diz o Senhor. Portanto “ama”, se és meu amigo, deves ser amigos delas”.

O terceiro aspeto do diálogo entre Jesus e Pedro são "dois ícones". O da quinta-feira santa quando Pedro seguro de si próprio, com a mesma certeza com a qual disse “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, diz à serva do sumo sacerdote: “Não conheço aquele homem, não pertenço ao seu grupo”.

Resumindo, Pedro renegou Jesus e depois cruzaram-se os olhares: quando Jesus sai, olha para ele, e Pedro corajoso, também corajoso na negação, foi capaz de chorar amargamente. Em seguida, dedicou a vida toda ao serviço do Senhor e acabou como o Senhor: na cruz. Mas não se vangloria dizendo “Acabo como o meu Senhor!”. Não. Pede “por favor, colocai-me sobre a cruz com a cabeça para baixo, para que se veja pelo menos que não sou o Senhor, sou o servo”.

É isto que podemos compreender deste diálogo tão bonito, tão sereno e amistoso, tão pudico. Que o Senhor nos conceda sempre a graça de caminhar na vida com a cabeça para baixo: a cabeça erguida pela dignidade que Deus nos dá, mas de cabeça baixa, sabendo que somos pecadores e que o único Senhor é Jesus: nós somos servos.

Papa Francisco - 02 de junho de 2017 

Hoje celebramos:



Nenhum comentário:

Postar um comentário