Beato Rafael Luis
Rafiringa, religioso dos Irmãos das Escolas Cristãs, que, convertido do
paganismo, manteve a presença e a vitalidade da Igreja em Madagascar quando
todos os sacerdotes foram expulsos.
Nasceu em
Antananarivo, Madagascar, em 1856, filho de um funcionário da rainha. A vida do
Beato na infância, transcorreu em um marco tradicional, em seguida sofreu a
influência franco-inglesa e, por fim, totalmente francesa.
A realidade
sócio-política em que viveu torna-o num verdadeiro e significativo intérprete
da evolução ocorrida no seu país. Rafael Luis Rafiringa reflete o novo espírito
malgaxe formado a partir da vivência tradicional e da abertura à novidade
trazida pela presença inglesa e francesa.
A sua vida toca
várias realidades que deixaram marcas positivas muito importantes: paganismo,
cristianismo, escolar, literário, político e até judicial. A personalidade de
Rafael Luis Rafiringa assume, realmente, o seu verdadeiro significado, sobretudo,
no campo espiritual.
Foi,
principalmente, um homem de Deus a quem as circunstâncias empurraram para sair
do âmbito restrito da sua aldeia, da sua pequena escola e encontrar respostas
para as suas inquietações e exigências das quais, provavelmente, nem ele mesmo
compreendesse o alcance.
Convertido ao
cristianismo foi o primeiro discípulo de São João Baptista de La Salle, em
Madagáscar, desafiando as ambições da família e pediu para unir-se àqueles
“estranhos” missionários, não sacerdotes, recém chegados à ilha. O Irmão que se
encarregou de acompanhá-lo na formação não lhe concedeu sua autorização de
ingressar na Congregação senão após sete anos de “aprendizagem”. Havia
amadurecido de modo surpreendente, crescendo humana, cultural e religiosamente.
Dedicou-se, com
total entrega, à escola; à tradução, para a língua malgaxe, de obras francesas;
à composição de textos escolares: estas foram suas constantes ocupações, até
que, como consequência dos motins independentistas que estouraram na ilha,
todos os missionários estrangeiros foram expulsos e ele se viu escolhido, por
aclamação popular, chefe dos católicos.
Rafael Luís deu
prova inigualável das suas extraordinárias capacidades formando catequistas;
organizando encontros, reuniões e para-liturgias, em cada canto da ilha;
escrevendo opúsculos e resumos da doutrina católica; compondo cânticos e fazendo
poesias. Quando aos missionários foi concedida a possibilidade de
regressar, maravilhados, encontraram as comunidades cristãs mais numerosas e
fervorosas do que quando as haviam deixado. Este pagão, convertido em
digníssimo filho de São João Batista de La Salle, é uma esplêndida demonstração
do poder da graça de Deus quando encontra um terreno fértil. Soube enfrentar,
com serenidade, coragem e êxito, a difícil situação por que atravessava o
seu país. Desenvolveu uma incansável atividade missionária, sobretudo entre as
duas guerras que assolaram a Ilha de Madagáscar, nos anos 1883 e 1895.
Esteve preso devido
a falsas acusações que recaíram sobre ele, mas manteve-se firme na fé e na sua
vocação. Pela sua sabedoria, pela sua capacidade de servir, pela sua atuação
e pela sua santidade de vida, Rafael Rafiringa é uma das glórias mais genuínas
de que pode orgulhar-se a Grande Ilha de Madagáscar. Morreu, com fama de
santidade, em Fianarantsoa, no dia 19 de Maio de 1919.
No dia 7 de junho
de 2009, foi beatificação em Antananarivo. É o primeiro Irmão das Escolas
Cristãs de Madagascar.
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