"Ninguém tem maior amor do que aquele
que dá a vida pelos seus amigos" (Jo 15, 13). Os mártires que
hoje são declarados Beatos seguiram o Bom Pastor até ao fim. Que o seu
testemunho não permaneça para vós simplesmente um orgulho: que ele se torne ao
contrário um convite a imitá-los. Com o Batismo, cada cristão é chamado à
santidade. Nem a todos é pedida, como a estes novos beatos mártires, a
prova suprema da efusão do sangue. Mas a cada um é confiada a tarefa de seguir
Cristo com generosidade quotidiana e fiel.
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 27 de
junho de 2001
Ivan Ziatyk nasceu dia 26 de
dezembro de 1899 na aldeia de Odrekhova, (atualmente território da Polônia).
Seus pais, Estevão e Maria, eram pobres camponeses. Quando Ivan tinha 14 anos,
seu pai faleceu. Foi criado por sua mãe e pelo irmão mais velho Mykhailo, que
fez as vezes de pai para Ivan.
Quando era aluno da escola
primária da aldeia, já demonstrava suas capacidades de estudante prendado.
Também era perceptível a sua profunda piedade. Em 1919 Ivan Ziatyk entrou no
Seminário Católico Ucraniano de Przemysl, e concluiu o curso com distinção a 30
de junho de 1923. Neste mesmo ano, terminados os estudos teológicos, Ivan
Ziatyk foi ordenado sacerdote.
Por muito tempo acalentou o
desejo de entrar na vida religiosa. Embora esta sua intenção não fosse bem
vista pelos seus superiores eclesiásticos, no dia 15 de julho de 1935, o Pe.
Ivan Ziatyk tomou a decisão final de ingressar na Congregação Redentorista.
O fim da Segunda Guerra
Mundial foi um período terrível na história da Ucrânia, da Igreja
Greco-Católica e da Província redentorista de Lviv. Todos os bispos
Greco-Católicos foram presos e, na primavera de 1946, a polícia secreta
soviética reuniu em Holosko os Redentoristas de Ternopil, Stanislaviv, Lviv e
Zboiska e os confinou numa ala não-aquecida do convento. O Padre Ziatyk estava
entre esses reunidos em Holosko. Ficaram lá dois anos sob constante vigilância
da polícia secreta. A presença deles era controlada três ou quatro vezes por
semana. Os confrades eram levados várias vezes para interrogatórios, durante os
quais eram-lhes prometidos vários benefícios em troca da apostasia da fé ou da
vocação religiosa. Em outubro de 1948 todos os Redentoristas que estavam em
Holosko foram levados de caminhão para o convento de Univ.
Pouco depois, o Provincial
redentorista, Padre Joseph De Vocht, foi deportado para a Bélgica. Antes de partir,
ele transferiu para o Padre Ivan Ziatyk os seus deveres de Provincial da
Província de Lviv e de Vigário Geral da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Isto
levou a polícia a vigia-lo com atenção especial. No dia 5 de janeiro de 1950
foi tomada a decisão de prendê-lo e no dia 20 de janeiro foi comunicada a ordem
de prisão.
Depois de numerosos
interrogatórios, no dia 4 de fevereiro de 1950 Padre Ivan Ziatyk foi acusado de
“ser membro da Congregação redentorista desde 1936 e de promover as ideias do
Papa Romano de divulgar a fé católica entre as nações do mundo inteiro para
converter todos ao Catolicismo”.
A investigação sobre o Padre
Ziatyk durou dois anos. Esse tempo todo ele passou nas prisões de Lviv e de
Zolochiv. Somente no período de 4 de julho a 16 de agosto de 1951, ele foi
interrogado 38 vezes, sendo 72 o número total dos interrogatórios a que foi
submetido. Não obstante as cruéis torturas que acompanhavam os interrogatórios,
ele não traiu sua fé e não se submeteu ao regime ateu, embora seus parentes
próximos tentassem persuadi-lo a fazê-lo.
A sentença do Padre Ziatyk foi
anunciada em Kiev a 21 de novembro de 1952. Foi condenado a 10 anos de prisão
por “cooperar com organização nacionalista anti-soviética e propaganda
anti-soviética”. A pena devia ser cumprida no campo de concentração Ozernyi
Lager perto da cidade de Bratsk na região Irkutsk.
Enquanto esteve preso, Padre
Ziatyk sofreu terríveis torturas. Conforme algumas testemunhas, na sexta-feira
santa de 1952 foi duramente flagelado com varas, mergulhado na água, e deixado
inconsciente fora, no gelo siberiano. A flagelação e o frio causaram a sua
morte no hospital da prisão alguns dias depois, no dia 17 de maio de 1952.
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