Segundo um antigo
texto da tradição cristã, do século IV, um hebreu de nome Judas teria ajudado
nos trabalhos para encontrar a cruz de Cristo na cidade de Jerusalém,
promovidos pelo bispo e pela rainha Helena, que era cristã e mãe do então
imperador Constantino. Esse hebreu se converteu e se tornou um sacerdote,
tomando o nome de Ciríaco, que em grego significa “Patrício”, nome comum entre
os romanos.
Mais
tarde, após ter percorrido as estradas da Palestina, ele foi eleito bispo de
Jerusalém, e aí teria sido martirizado, junto com sua mãe, chamada Ana, durante
a perseguição de Juliano, o Apóstata.
Essa
seria a história de São Ciríaco, que comemoramos hoje, não fosse a marca
profunda deixada por sua presença na cidade italiana de Ancona, em Nápoles. A
explicação para isto encontra-se no Martirológio Romano, que associou os textos
antigos e confirmou sua presença em ambas as cidades. A conclusão de sua
trajetória exata é o que veremos a seguir.
Logo
que se converteu, para fugir à hostilidade dos velhos amigos pagãos, Ciríaco
teria abandonado a Palestina para exilar-se na Itália, fixando-se em Ancona.
Nessa cidade ele foi eleito bispo, trabalhando, arduamente, para difundir o
cristianismo, pois o Edito de Milão dava liberdade para a expansão da religião
em todos os domínios do Império.
Após
uma longa vida episcopal, Ciríaco, já idoso, fez sua última peregrinação à
cidade de Jerusalém, onde fora bispo na juventude, para rever os lugares
santos. E foi nesse momento que ele sofreu o martírio e morreu em nome de
Cristo, por ordem do último perseguidor romano, Juliano, o Apóstata, entre 361
e 363.
Os
devotos dizem que suas relíquias chegaram ao porto de Ancona trazidas pelas
ondas do mar. Essa tradição é celebrada, no dia 4 de maio, na catedral de
Ancona, onde são distribuídos maços de junco benzidos.
Na
realidade, as relíquias de são Ciríaco retornaram à cidade durante o governo do
imperador Teodósio, entre 379 e 395, graças à sua filha, Gala Plácida, que
interveio favoravelmente junto às autoridades, conseguindo o que a população de
Ancona tanto desejava.
A
memória desse culto antiquíssimo a são Ciríaco pode ser observada pelos
monumentos, das mais remotas épocas, que existem, em toda a cidade, com a
imagem do santo. Aliás, são Ciríaco foi escolhido como o padroeiro de Ancona e
a própria catedral, no século XIV, foi dedicada a ele, mudando até o nome. Essa
majestosa igreja, que domina a cidade do alto das colinas do Guasco, é vista
por todos os que chegam em Ancona por terra ou por mar, mais um tributo à são
Ciríaco, por seu exílio e vida episcopal.
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