Pela última vez Jesus estava com os seus discípulos, e
então quis deixar bem claro nas suas mentes uma verdade fundamental: também
quando Ele não estiver fisicamente no meio deles, ainda assim eles poderão
permanecer unidos a Ele de um modo novo, e produzir muitos frutos.
Todos podemos estar unidos a Jesus de um modo novo. Se, ao contrário, alguém
perdesse esta união com Ele, esta comunhão com Ele, tornar-se-ia estéril,
aliás, prejudicial para a comunidade. Para exprimir esta realidade, este modo
novo de estar unido a Ele, Jesus usa a imagem da videira e dos rebentos, dizendo:
“Como o ramo não pode dar fruto por si mesma se não estiver na videira, assim
acontecerá convosco se não estiverdes em Mim. Eu sou a videira, vós os ramos”.
Com esta imagem ensina-nos o modo como permanecer n’Ele, estar unidos a Ele,
mesmo que não esteja fisicamente presente.
Jesus é a videira, e através
d’Ele — como a linfa na árvore — passa para os rebentos o amor de Deus,
o Espírito Santo. Eis, então: somos os rebentos, e através desta parábola
Jesus quis que entendêssemos a importância de permanecer unidos a Ele. Os
rebentos não são autossuficientes, dependem totalmente da videira na qual se
encontra a fonte da sua vida. Assim é também para nós, cristãos. Enxertados em
Cristo com o Batismo, recebemos gratuitamente d’Ele o dom da vida nova; e
podemos permanecer em comunhão vital com Cristo. É preciso que nos mantenhamos
fiéis ao Batismo e cresçamos na amizade com o Senhor mediante a oração diária,
a escuta e a docilidade à sua Palavra — lendo o Evangelho — a participação nos
Sacramentos, especialmente na Eucaristia e na Reconciliação.
Se alguém estiver intimamente
unido a Jesus, usufruirá dos dons do Espírito Santo, que — como nos diz são
Paulo — são: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, temperança; e por conseguinte faz muito bem ao próximo e à sociedade,
é uma pessoa cristã. De fato, a partir destes comportamentos reconhece-se se
uma pessoa é um cristão verdadeiro, como dos frutos se reconhece a árvore. Os
frutos desta união profunda com Jesus são maravilhosos: toda a nossa pessoa é
transformada pela graça do Espírito: alma, inteligência, vontade, afetos e até
o corpo, porque somos unidade de espírito e corpo.
Recebemos um novo modo de ser, a vida de Cristo torna-se
nossa: podemos pensar, agir, ver o mundo e a realidade com os seus olhos, como
Ele. Consequentemente, podemos amar os nossos irmãos, a partir dos mais pobres
e sofredores, como Ele fez, amando-os com o seu coração e assim produzir frutos
de bondade, caridade e paz.
Cada um de nós é um rebento da
única videira e todos juntos somos chamados a produzir os frutos desta comum
pertença a Cristo e à Igreja. Confiemo-nos à intercessão da Virgem Maria, a fim
de podermos ser rebentos vivos na Igreja e testemunhar de modo coerente a nossa
fé — precisamente coerência de vida e pensamento, de vida e fé — cientes de que
todos, de acordo com as nossas vocações particulares, participam na única
missão salvífica de Cristo.
Papa Francisco - 03 de maio de 2015
Hoje celebramos:
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