sábado, 26 de maio de 2018

26 de maio - Santa Mariana de Jesus de Paredes


A história de Mariana de Jesus de Paredes é muito breve. Descendente de uma família nobre de origem espanhola, em cuja árvore genealógica as famílias Andaluzia e Castela se misturam, nasceu em Quito- Equador - em 1618. Há desde o primeiro momento em sua alma toda a suavidade desse clima, toda a clareza daquele céu e toda a graça, de suas palmeiras e suas flores. Prodigiosa da piedade, pela maturidade precoce de seu espírito, com cerca de dez anos faz os votos de pobreza, castidade e obediência; podemos ver que o corte foi arrancado do tronco ibérico e a terra do Novo Mundo foi generosa. O exemplo dos missionários arrebata-a, inflama a alma e preenche-a com desejos muito elevados, que se expressam em orações fervorosas, em contemplações extraordinárias e outros dons místicos, combinados com tais austeridades que sua mera enumeração causaria profundo estupor.

Vítima do amor em primeiro lugar, termina seus dias como um holocausto de caridade em 1645, oferecendo sua vida por seu povo. E quando a terra parou de tremer e a praga se dissolveu no ar, ela exalou o último suspiro entre delícias inefáveis, mas sempre coberta de ásperos cilícios. Ela tinha apenas vinte e seis anos de idade.

Não morava num claustro, porque a Providência a queria no meio do mundo; mas aspirava à perfeição, como a religiosa mais observadora podia fazer. Ela não era uma figura histórica; mas hoje é a honra de uma nação ilustre, que aclama sua "heroína nacional". Ela não dedicava exclusivamente suas horas à caridade; mas finalmente ela deu sua vida por seus irmãos. Ela amou a Igreja como a defensora mais zelosa de seus direitos e a honrou com suas virtudes. Finalmente, ela não foi imolada pelo furor dos outros, mas sabia como se mortificar com a própria mão.

Aprendemos nesta Santa o imenso poder da virtude cristã, capaz de amadurecer um espírito, com mais vigor que o sol de Quito faz amadurecer os frutos da terra equatoriana. Ensina ao mundo as energias que estão escondidas na oração e no sacrifício. Ensina os epicuristas, desde que o objetivo dos espíritos esteja no fim do caminho oculto, no qual o amor busca a dor para superar os apegos materiais. A jovem moderna e mundana aprende o que em seu ambiente pode fazer uma alma apaixonada por Senhor. E quantos hoje vivem na plena luz da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, admiram os vislumbres desta inocente vítima, que no alvorecer do século XVII soube fazer da reparação o centro de sua espiritualidade.

Mariana de Jesus de Paredes é um exemplo para todos, mas de uma maneira especial para você, amados filhos equatorianos. Muitas vezes as alternativas contingentes da política cotidiana podem imprimir tais oscilações nos critérios diretivos, que passam a ver em perigo valores fundamentais como a educação cristã. Não permita, mas exija às gerações futuras uma formação emoldurada pelas virtudes que tornaram o santo grande; propor aos seus filhos o modelo perfeito da sua "heroína nacional", Santa Mariana de Jesus de Paredes.
Para ela, amados filhos, nós os confiamos, enquanto, com verdadeira efusão de nosso afeto paternal, nós os abençoamos, implorando-lhe que também nos leve. Bênção para sua terra natal e a suas casas, como penhor do amor do Vigário de Cristo.

Papa Pio XII – Alocução após a canonização - 10 de julho de 1950

Mariana de Jesus de Paredes e Flores é a primeira santa do Equador e foi proclamada heroína nacional. Nasceu em Quito a 31 de outubro de 1618, oitava e última dos filhos do capitão espanhol Jerônimo Flores de Paredes e de Mariana Granobles Jaramillo, nascida em Quito. Cedo órfã de pai aos quatro anos e de mãe aos seis, foi educada por sua irmã maior, Jerônima, casada com o capitão Cosme de Casa Miranda.

Inclinada desde sua infância aos exercícios de piedade e de mortificação, fez a primeira comunhão aos sete anos, e fez o voto de virgindade tomando o nome de Mariana de Jesus. Fez os exercícios espirituais, e como Santa Teresa, quis fugir de sua casa com uma prima para ir a evangelizar os Índios Mainas.

Esta iniciativa não teve êxito como tampouco a de retirar-se a uma capela aos pés do vulcão Pichincha, para implorar a Virgem a proteção contra os perigos do vulcão. Sua família não a autorizou para entrar entre as irmãs Franciscanas; então ela decidiu ingressar na Terceira Ordem de São Francisco e se retirou para uma alcova de sua própria casa, se vestiu com um hábito marrom e começou uma vida de completo recolhimento, de largas orações e de duras penitências.
Estas austeridades não mudaram seu caráter alegre: tocava o violão, consolava aos tristes, reconciliava a negros e índios e fazia até milagres.

Mas sua saúde se ressentiu com as penitências as quais se ajuntaram dolorosas sangrias da parte dos médicos. Com os terremotos e as epidemias que tiveram lugar em Quito em 1645, Marianita, como a chamavam seus contemporâneos, ofereceu sua vida por seus concidadãos. Em sua reclusão foi atacada por febre altíssima e fortes dores. Ao mesmo tempo que progredia a enfermidade da Santa, ia diminuindo a peste na cidade e o terremoto havia cessado no momento de seu heroico oferecimento. Nos últimos três dias perdeu a voz e só no último dia aceitou que a colocassem num leito.

Fazia tempo que havia expressado a seus familiares o desejo de que depois de morta a vestissem com o hábito franciscano que sempre teve em sua cela, enquanto por muitos anos levava o escapulário e o cordão da Terceira Ordem Franciscana, recebidos dos Frades Menores, por conselho de seu confessor.

Predisse o dia e hora de sua morte, que teve lugar às 22 horas do dia 26 de maio de 1645. Tinha 26 anos, 6 meses e 26 dias de idade. Sua morte foi chorada por toda a cidade. Nos lábios de todos estava esta expressão: “Morreu a Santa”. Seus funerais foram um triunfo, uma explosão de agradecimento e de profunda veneração pela admirável concidadã, pela generosa vítima e sua salvadora.


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