A
história de Mariana de Jesus de Paredes é muito breve. Descendente de uma família nobre de origem espanhola, em cuja
árvore genealógica as famílias Andaluzia e Castela se misturam, nasceu em
Quito- Equador - em 1618. Há desde o primeiro momento em sua alma toda a
suavidade desse clima, toda a clareza daquele céu e toda a graça, de suas
palmeiras e suas flores. Prodigiosa da
piedade, pela maturidade precoce de seu espírito, com cerca de dez anos faz os
votos de pobreza, castidade e obediência; podemos
ver que o corte foi arrancado do tronco ibérico e a terra do Novo Mundo foi
generosa. O exemplo dos missionários
arrebata-a, inflama a alma e preenche-a com desejos muito elevados, que se
expressam em orações fervorosas, em contemplações extraordinárias e outros dons
místicos, combinados com tais austeridades que sua mera enumeração causaria
profundo estupor.
Vítima
do amor em primeiro lugar, termina seus dias como um holocausto de caridade em
1645, oferecendo sua vida por seu povo. E quando a terra parou de tremer e a
praga se dissolveu no ar, ela exalou o último suspiro entre delícias inefáveis,
mas sempre coberta de ásperos cilícios. Ela tinha apenas vinte e seis anos de idade.
Não
morava num claustro, porque a Providência a queria no meio do mundo; mas aspirava à perfeição, como a religiosa mais observadora
podia fazer. Ela não era uma figura
histórica; mas hoje é a honra de uma nação
ilustre, que aclama sua "heroína nacional". Ela não dedicava exclusivamente suas horas à caridade; mas finalmente ela deu sua vida por seus irmãos. Ela amou a Igreja como a defensora mais zelosa de seus
direitos e a honrou com suas virtudes. Finalmente,
ela não foi imolada pelo furor dos outros, mas sabia como se mortificar com a
própria mão.
Aprendemos
nesta Santa o imenso poder da virtude cristã, capaz de amadurecer um espírito,
com mais vigor que o sol de Quito faz amadurecer os frutos da terra
equatoriana. Ensina
ao mundo as energias que estão escondidas na oração e no sacrifício. Ensina os epicuristas, desde que o objetivo dos espíritos
esteja no fim do caminho oculto, no qual o amor busca a dor para superar os
apegos materiais. A jovem moderna e mundana aprende o que em seu ambiente pode
fazer uma alma apaixonada por Senhor. E
quantos hoje vivem na plena luz da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, admiram
os vislumbres desta inocente vítima, que no alvorecer do século XVII soube
fazer da reparação o centro de sua espiritualidade.
Mariana
de Jesus de Paredes é um exemplo para todos, mas de uma maneira especial para
você, amados filhos equatorianos. Muitas vezes as alternativas contingentes da
política cotidiana podem imprimir tais oscilações nos critérios diretivos, que
passam a ver em perigo valores fundamentais como a educação cristã. Não permita, mas exija às gerações futuras uma formação
emoldurada pelas virtudes que tornaram o santo grande; propor aos seus filhos o modelo perfeito da sua "heroína
nacional", Santa Mariana de Jesus de Paredes.
Para
ela, amados filhos, nós os confiamos, enquanto, com verdadeira efusão de nosso
afeto paternal, nós os abençoamos, implorando-lhe que também nos leve. Bênção para sua terra natal e a suas casas, como penhor do amor do Vigário de Cristo.
Papa
Pio XII – Alocução após a canonização - 10 de julho de 1950
Mariana de Jesus de
Paredes e Flores é a primeira santa do Equador e foi proclamada heroína
nacional. Nasceu em Quito a 31 de outubro de 1618, oitava e última dos filhos
do capitão espanhol Jerônimo Flores de Paredes e de Mariana Granobles
Jaramillo, nascida em Quito. Cedo órfã de pai aos quatro anos e de mãe aos
seis, foi educada por sua irmã maior, Jerônima, casada com o capitão Cosme de
Casa Miranda.
Inclinada desde sua
infância aos exercícios de piedade e de mortificação, fez a primeira comunhão
aos sete anos, e fez o voto de virgindade tomando o nome de Mariana de Jesus.
Fez os exercícios espirituais, e como Santa Teresa, quis fugir de sua casa com
uma prima para ir a evangelizar os Índios Mainas.
Esta iniciativa não
teve êxito como tampouco a de retirar-se a uma capela aos pés do vulcão
Pichincha, para implorar a Virgem a proteção contra os perigos do vulcão. Sua
família não a autorizou para entrar entre as irmãs Franciscanas; então ela
decidiu ingressar na Terceira Ordem de São Francisco e se retirou para uma
alcova de sua própria casa, se vestiu com um hábito marrom e começou uma vida
de completo recolhimento, de largas orações e de duras penitências.
Estas austeridades
não mudaram seu caráter alegre: tocava o violão, consolava aos tristes,
reconciliava a negros e índios e fazia até milagres.
Mas sua saúde se
ressentiu com as penitências as quais se ajuntaram dolorosas sangrias da parte
dos médicos. Com os terremotos e as epidemias que tiveram lugar em Quito em
1645, Marianita, como a chamavam seus contemporâneos, ofereceu sua vida por
seus concidadãos. Em sua reclusão foi atacada por febre altíssima e fortes
dores. Ao mesmo tempo que progredia a enfermidade da Santa, ia diminuindo a
peste na cidade e o terremoto havia cessado no momento de seu heroico
oferecimento. Nos últimos três dias perdeu a voz e só no último dia aceitou que
a colocassem num leito.
Fazia tempo que
havia expressado a seus familiares o desejo de que depois de morta a vestissem
com o hábito franciscano que sempre teve em sua cela, enquanto por muitos anos
levava o escapulário e o cordão da Terceira Ordem Franciscana, recebidos dos
Frades Menores, por conselho de seu confessor.
Predisse o dia e
hora de sua morte, que teve lugar às 22 horas do dia 26 de maio de 1645. Tinha
26 anos, 6 meses e 26 dias de idade. Sua morte foi chorada por toda a cidade.
Nos lábios de todos estava esta expressão: “Morreu
a Santa”. Seus funerais foram um triunfo, uma explosão de agradecimento e
de profunda veneração pela admirável concidadã, pela generosa vítima e sua
salvadora.
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