sábado, 12 de maio de 2018

12 de maio - Beata Joana de Portugal


Vivendo no auge do Renascimento europeu, quando os nobres levavam uma vida esplêndida, luxuosa, esquecidos dos pobres e necessitados, Joana, princesa portuguesa, praticou a virtude da mortificação na própria corte, a ponto de tomar como emblema a coroa de espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sua atitude entrava em choque com todas as tendências da época e repercutiu, nesse período já adiantado da Renascença, como uma espécie de reminiscência da Idade Média.

Também dentro do convento o modo como ela praticava as virtudes religiosas era um agir contra, pois as religiosas viviam de um modo muito relaxado naquele tempo. Era uma época de grande decadência das ordens religiosas.

Após súplicas e orações incessantes, pois ainda não havia herdeiro para o trono, nasceu Joana, a filha primogênita do rei D. Afonso V, décimo segundo rei de Portugal, e de sua esposa, Dona Isabel, no dia 6 de fevereiro de 1452, e foi jurada princesa herdeira do trono. Trocou esse título pelo de Infanta depois do nascimento de seu irmão, que foi o rei D. João II. Sua mãe faleceu quando Joana tinha apenas quatro anos.

A nobre menina cresceu educada com grande esmero pela Princesa Dona Beatriz de Meneses, que, de personalidade marcante, chegou a exercer temporariamente a regência do Reino.

Enquanto viveu na corte, praticou as mais altas virtudes cristãs. Tomou como emblema uma coroa de espinhos e, debaixo de suas ricas vestes, ninguém suspeitava que usava um cilício. Jejuava a pão e água, especialmente às sextas-feiras.

Profundamente compassiva, procurava o quanto podia amenizar as misérias de seu próximo. Encarregou uma pessoa de distribuir suas esmolas e anotava num livro os nomes dos necessitados, o grau de pobreza de cada um e o dia em que a esmola lhes devia ser dada. Na Quinta-feira Santa, lavava os pés de doze mulheres pobres; despedia-as depois de lhes dar roupas novas e dinheiro.

Era tão formosa que, segundo afirma Frei Luís de Sousa, vieram pintores de outras nações para retratá-la. Muitos príncipes pediram-lhe a mão insistentemente, mas negou-a a todos. Joana aspirava ardentemente entrar para uma ordem religiosa, mas as dificuldades eram muitas. Teve que lutar contra as resistências de seu pai e de seu irmão, que preferiam que ela fizesse um casamento vantajoso.

Em 1471, Dom Afonso V tomou Arzila e ocupou Tanger, abandonada pelos mouros. Quando de seu retorno ao Reino, Joana, aproveitando o clima de euforia, disse-lhe que os monarcas da antiguidade costumavam oferecer sacrifícios aos deuses quando alcançavam qualquer vitória, que ele oferecesse também a Deus o sacrifício de sua única filha. D. Afonso não pode negar o que ela lhe pedia, consentindo que entrasse para um convento, apesar de os príncipes e as damas da corte acharem isto inconveniente.

Encerrou-se no Mosteiro de Jesus, da Ordem de São Domingos, em Aveiro, onde sua humildade e obediência foram tão grandes, que ninguém podia dizer que ali estava uma filha de rei.  Levou sua humildade até o ponto de lavar roupa, amassar pão, varrer o convento. Aprendeu a fiar e a tecer. Do linho preparado por ela se faziam os corporais para a igreja.

Em 1479, a peste assolou o país. Joana, obedecendo ao pai, rumou para o Alentejo, aonde a peste não chegara. Passados onze meses Joana voltou a Aveiro.

Em 1481, faleceu D. Afonso, seu querido pai, a quem sucedeu seu irmão D. João II. Todos esses infortúnios a aproximavam cada vez mais de Deus; não havendo nada neste mundo que a prendesse, suspirava pelo céu.

Trabalhava pela conversão das almas, pois a preocupava muito a sorte dos pecadores. A sua obra predileta foi a redenção dos cativos da África. Sua breve vida foi um holocausto de amor e de sacrifício.

Sua saúde começou a declinar em 1489, e em princípios de maio de 1490 reconheceu que sua morte estava próxima. Na madrugada do dia 12 de maio, a comunidade reuniu-se em torno de seu leito e rezou o Ofício da Agonia. À invocação Omnes Sancti Innocentes, orate pro ea, Joana abriu os olhos e ergueu-os para o Céu por um breve espaço de tempo; depois, expirou suavemente.

Em seu túmulo ocorreram inúmeros milagres obtidos por sua intercessão; a memória de Joana foi sempre guardada em Aveiro.
O Papa Inocêncio XII a beatificou, confirmando o seu culto, em 1693. D. Pedro II mandou construir um túmulo luxuoso depois da beatificação, para onde foram trasladados os seus santos despojos e onde ainda hoje se conservam.
A 5 de janeiro de 1963, Paulo VI a declarou especial protetora da cidade de Aveiro. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário