sábado, 21 de abril de 2018

Felizes os mansos, porque possuirão a terra. Gaudete et Exsultate – nºs 71 a 74


É uma frase forte, neste mundo que, desde o início, é um lugar de inimizade, onde se litiga por todo o lado, onde há ódio em toda a parte, onde constantemente classificamos os outros pelas suas ideias, os seus costumes e até a sua forma de falar ou vestir. Em suma, é o reino do orgulho e da vaidade, onde cada um se julga no direito de elevar-se acima dos outros. Embora pareça impossível, Jesus propõe outro estilo: a mansidão. É o que praticava com os seus discípulos, e contemplamos na sua entrada em Jerusalém: “aí vem o teu Rei, ao teu encontro, manso e montado num jumentinho”.

Disse Ele: “Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito”. Se vivemos tensos, arrogantes diante dos outros, acabamos cansados e exaustos. Mas, quando olhamos os seus limites e defeitos com ternura e mansidão, sem nos sentirmos superiores, podemos dar-lhes uma mão e evitamos de gastar energias em lamentações inúteis. Para Santa Teresa de Lisieux, “a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em não se escandalizar com as suas fraquezas”.

Paulo designa a mansidão como fruto do Espírito Santo. E, se alguma vez nos preocuparem as más ações do irmão, propõe que o abordemos para corrigi-lo, mas “com espírito de mansidão, [lembrando-nos:] e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado”. Mesmo quando alguém defende a sua fé e as suas convicções, deve fazê-lo com mansidão, e os próprios adversários devem ser tratados com mansidão. Na Igreja, erramos muitas vezes por não ter acolhido este apelo da Palavra divina.

A mansidão é outra expressão da pobreza interior, de quem deposita a sua confiança apenas em Deus. De fato, na Bíblia, usa-se muitas vezes a mesma palavra anawin para se referir aos pobres e aos mansos. Alguém poderia objetar: “Mas, se eu for assim manso, pensarão que sou insensato, estúpido ou frágil”. Talvez seja assim, mas deixemos que os outros pensem isso. É melhor sermos sempre mansos, porque assim se realizarão as nossas maiores aspirações: os mansos “possuirão a terra”, isto é, verão as promessas de Deus cumpridas na sua vida. Porque os mansos, independentemente do que possam sugerir as circunstâncias, esperam no Senhor, e aqueles que esperam no Senhor possuirão a terra e gozarão de imensa paz. Ao mesmo tempo, o Senhor confia neles: “é nos humildes de coração contrito que os meus olhos se fixam, pois escutam a minha palavra com respeito”.

Reagir com humilde mansidão: isto é santidade.


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