segunda-feira, 2 de abril de 2018

02 de abril - São Francisco Coll


São Paulo recorda-nos que "a Palavra de Deus é viva e eficaz" (Hb 4, 12). Nela, o Pai, que está no céu, conversa amorosamente com os seus filhos de todos os tempos, dando-lhes a conhecer o seu amor infinito e, deste modo, estimula-os, conforta-os e oferece-lhes o seu desígnio de salvação para a humanidade e para cada pessoa. Consciente disto, São Francisco Coll dedicou-se abnegadamente na sua propagação, cumprindo assim fielmente a sua vocação na Ordem dos Pregadores, na qual emitiu a profissão. 
A sua paixão foi pregar, em grande parte de modo itinerante e seguindo a forma de "missões regulares", com a finalidade de anunciar e reavivar nos povoados e cidades da Catalunha a Palavra de Deus, facilitando assim o encontro profundo dos povos com Ele. Um encontro que leva à conversão do coração, a receber com alegria a graça divina e a manter um diálogo constante com nosso Senhor mediante a oração. Por isso, a sua atividade evangelizadora incluía uma grande entrega ao sacramento da Reconciliação, uma especial ênfase na Eucaristia e uma insistência constante na oração. 
Francisco Coll atingia o coração do próximo porque transmitia o que ele mesmo vivia com paixão no seu interior, o que ardia no seu coração: o amor de Cristo, a sua entrega a Ele. Para que a semente da Palavra de Deus encontrasse terra boa, Francisco fundou a Congregação das Irmãs Dominicanas da Anunciação, com a finalidade de dar uma educação integral a crianças e jovens, de modo que pudessem descobrir a riqueza insondável que é Cristo, esse amigo fiel que nunca nos abandona nem se cansa de estar ao nosso lado, animando a nossa esperança com a sua Palavra de vida.

Papa Bento XVI – Homilia de Canonização – 11 de outubro de 2009

Francisco Coll veio ao mundo em Gombrén, Espanha, aos 18 de maio de 1812. Filho de pais piedosos, foi batizado já no dia seguinte ao seu nascimento. Com apenas dez anos decide-se pela vida sacerdotal. A partir daí sua trajetória será num crescente constante, rumo ao cumprimento das palavras proféticas de sua mãe que lhe dizia: “Filho, oxalá arrebentes de amor de Deus.” 

No seminário de Vic, apesar das muitas dificuldades, pois era um estudante pobre e a instituição não lhe oferecia alojamento, Francisco soube seguir firme em seu chamado vencendo todas as tribulações. Ali, teve contato com pessoas providenciais; era a mão de Deus a moldar-lhe lenta e gradativamente a personalidade. Eram tempos difíceis, de intensa perseguição à Igreja de Cristo.

Certo dia, andando pela rua, encontra-se inesperadamente com um desconhecido que lhe diz: “Tu Coll, deves ser dominicano.” Aquelas palavras ficaram profundamente gravadas em seu coração e nunca mais se apagariam. Após este episódio misterioso e providencial, Francisco Coll baterá à porta do convento de São Domingos em Vic, lugar em que tantas vezes acorrera para obter por caridade um prato de sopa quente, o mesmo que fazia no convento das monjas de Santa Clara. No entanto, ali não iria permanecer, pois era muito pobre e não possuía recursos para arcar com os gastos do noviciado. Aconselharam-lhe, então, o convento dominicano de Gerona, onde, com a ajuda bondosa de mais um ilustre desconhecido, pôde ingressar tornando-se noviço em 1830.

Durante sua estada em Gerona, Maria Santíssima o viria visitar, e os primeiros sinais da providência de Deus que acompanhará sua missão começa a ser percebido pelos demais. Em 1835 é ordenado diácono na Igreja de Nossa Senhora das Mercês, Barcelona, poucos meses antes dos tristes acontecimentos causados pelos liberais que viriam a resultar na expulsão violenta de religiosos e seminaristas de suas casas eclesiásticas. Em muitas regiões espanholas houve devastações e saques de conventos; muitos sacerdotes e consagrados foram assassinados. Francisco Coll, que havia profetizado todos esses acontecimentos, será ordenado somente um ano depois, em 28 de maio de 1836, não enclausurado, pelo ódio anticlerical.

Doravante, o Padre Coll surge como um pregador incansável da palavra de Deus. Juntando-se ao zelo admirável de Santo Antônio Maria Claret, na chamada “Irmandade Apostólica” arrasta incontáveis almas para a penitência e a mortificação. Anda a pé, de localidade em localidade, preocupando-se, tão somente, com a salvação das almas e a propagação do reinado de Cristo sobre o mundo.

Certa feita, vindo de um povoado, encontrou-se pelo caminho com um condutor de mulas, e este, vendo o servo de Deus a pé e tão humildemente vestido, com toda zombaria e gesto sarcástico perguntou-lhe se queria confessar os animais. O Padre Coll, dissimulando o insulto e ardendo de amor por aquela alma, disse-lhe com doçura: “Seria melhor que você se confessasse, pois há vinte anos que não o faz.” O moço, maravilhado e tocado pela graça de Deus, ajoelhou-se ali mesmo, e com os olhos cheios de lágrimas e o coração contrito, confessou seus muitos pecados.

Em 15 de agosto de 1856, Deus pede mais uma missão ao humilde dominicano pregador do Evangelho: fundar uma nova congregação religiosa. E assim ele o fez! Surge então as Irmãs Dominicanas da Anunciação, sempre prontas para espalhar, segundo a vontade de seu fundador, “o perfume da verdadeira doutrina” por todos os lugares por onde vierem a passar. De acordo com o Padre Coll, suas religiosas deveriam ser mulheres idôneas para o ensino, brilhantes estrelas, à imitação de seu pai São Domingos, para iluminar com sua doutrina as inumeráveis crianças pobres que caminhavam nas densas trevas da ignorância.

Este modelo de virtudes morrerá santamente aos 2 de abril de 1875, com 62 anos de operosa vida apostólica.

O Rosário foi sua oração preferida. A alguém que lhe perguntava onde adquiria os profundos e convincentes argumentos que expressava em suas pregações, ele respondia:

“O Rosário é meu livro, é tudo para mim...”
“A oração mental e a vocal são as duas asas que o Rosário de Maria oferece às almas cristãs.” 
“O Santo Rosário com seus quinze mistérios nos quais se faz memória e medita a reconciliação da natureza humana com Deus, é a escada para subir aos céus.”
“Demorava-se em dar uma resposta, mas tinha-se a impressão que depois de dá-la, nunca mais voltaria atrás, apesar de ser muito humilde.”

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