quinta-feira, 30 de abril de 2015

São Pio V - A Batalha de Lepanto

Os turcos ameaçavam grande perigo à Igreja, bem como a toda a Europa, pois o seu Califa jurara exterminar a religião cristã. O papa Pio V fez todos os esforços, usando toda sua influência junto aos príncipes cristãos para combater essa ameaça iminente. Para obter de Deus que abençoasse os combatentes cristãos, ordenou que se fizessem, em toda a parte da cristandade, preces públicas, particularmente o terço, procissões, penitência.

Paralelamente, em 1570,  os otomanos, de notável poderio militar, apoderaram-se do Santo Sepulcro em Jerusalém e não permitiam a visita dos cristãos.  O próprio Papa, em pessoa, tomou parte nesses exercícios extraordinários, impostos pela extrema necessidade. Organizou uma Cruzada, cujo comando entregou a Dom João da Áustria, que era irmão  de Carlos V,  Imperador do Sacro Império Romano. 
Aconteceu a Batalha Naval no Golfo de Lepanto.
A armada turca, com poderio militar que ultrapassava o dobro dos navios dos cruzados, investiu ferozmente para destruir os cristãos. 
Os chefes cruzados ajoelharam e suplicaram a intercessão de Nossa Senhora. Por intercessão de Maria Santíssima, foram inspirados pelo Espírito Santo a rezar o Terço como única forma de enfrentar e vencer o inimigo e assim o fizeram. O êxito foi glorioso. A vitória dos cristãos em Lepanto (1571) foi completa. As festas de Nossa Senhora da Vitória e do Santíssimo Rosário perpetuam até hoje a memória daquele célebre fato.

No momento em que a batalha se decidia a favor dos cristãos, teve o Papa, por revelação divina, conhecimento da vitória e imediatamente convidou as pessoas presentes a dar graças a Deus.

Como agradecimento pela vitória em Lepanto, instituiu a festa de Nossa Senhora das Vitórias. (Dois anos mais tarde, o Papa Gregório XIII, seu sucessor, lembrando que a vitória de Lepanto foi mais uma vitória do Rosário, mudou o nome da festa para Nossa Senhora do Rosário).


São Pio V - Papa

Antonio Miguel Ghisleri nasceu em 1504, em Bosco Marengo, na província de Alexandria e, aos quatorze anos já ingressara na congregação dos dominicanos. Depois que se ordenou sacerdote, sua carreira correu na Terra como um raio. Foi professor, prior de convento, superior provincial, inquisidor em Como e Bérgamo, bispo de Sutri e Nepi, depois cardeal, grande inquisidor, bispo de Mondovi e, finalmente, papa, em 1566, tomando o nome de Pio V.
Assim que assumiu foi procurado em Roma por dezenas de parentes. Quando, em certa ocasião, alguém lhe lembrou de subvencionar mais os parentes, Pio respondeu: “Deus fez-me Papa para cuidar da Igreja e não de meus parentes”. Não deu "emprego" a nenhum, afirmando ainda que um parente do papa, se não estiver na miséria, "já está bastante rico".

Implantou ainda outras mudanças no campo pastoral, aprovadas no Concílio de Trento: a obrigação de residência para os bispos, a clausura dos religiosos, o celibato e a santidade de vida dos sacerdotes, as visitas pastorais dos bispos, o incremento das missões e a censura das publicações, para que não contivessem material doutrinário não aprovado pela Igreja. Conseguiu a união dos países católicos, com a conseqüente vitória sobre os turcos invasores decretou a excomunhão e deposição da própria rainha da Inglaterra. 

Não há virtude que este grande Papa não tenha exercitado. Todos os dias celebrava ou ouvia a Santa Missa, com o maior recolhimento. Tinha grande devoção a Jesus Crucificado.
Fazia todas as orações aos pés da imagem do Crucificado, inúmeras vezes o beijava.
Certa vez, quando ia beijá-lo, conforme o costume, a imagem retirou-se, salvando-o assim de ser assassinado. Uma pessoa má tinha coberto a imagem com um pó levíssimo e venenoso.

Numa quinta-feira Santa, quando realizava a cerimônia do “Lava Pés”, entre os doze pobres havia um, cujos pés apresentavam uma úlcera asquerosa. Pio, reprimindo uma natural repugnância, beijou a ferida com muita ternura. Um fidalgo inglês, que viu este ato, ficou tão comovido, que, no mesmo dia, se converteu à Igreja Católica.
                                                  
Pio era tão amigo da oração, que os turcos afirmaram ter mais medo da oração do Papa, do que dos exércitos de todos os príncipes unidos. À oração unia rigor contra si mesmo: a vida era-lhe de penitência contínua. Três vezes somente por semana comia carne e ainda assim em quantidade mínima.
                                                  
Mostrava grande amor aos pobres e doentes. Entre os pobres, gozavam de preferência os neófitos.                                                  
Seguindo o exemplo do divino Mestre, perdoava de boa vontade aos inimigos e ofensores. Nunca se lhe ouviu da boca uma palavra áspera.
                                                  
Pio empregava bem o tempo. Era amigo do trabalho e todo o tempo que sobrava da oração, pertencia às ocupações do alto cargo. Alguém lhe aconselhara que poupasse mais a saúde, e tomasse mais descanso. Pio respondeu-lhe:
“Deus deu-me este cargo, não para que vivesse segundo a minha comodidade, mas para que trabalhasse para o bem dos meus súditos. Quem é governador da Igreja, deve atender mais às exigências da consciência que às do corpo”.

Pio V morreu em 15 de maio de 1572, tendo seu pontificado durado seis anos e três meses. Foi canonizado em 1712, por Clemente XI.



terça-feira, 28 de abril de 2015

Milagre para a canonização de Santa Gianna Beretta Molla

 Elisabete Arcolino Comparini 
"Em 2000, conheci a história da beata Gianna. Eu era casada e já tinha três filhos. Nessa época, meu marido descobriu que tinha HIV. Passamos momentos difíceis, mas sempre em oração. Sempre acreditando que Deus nunca nos dá problemas que não podemos suportar.
Por milagre, seis meses depois da descoberta da doença, os exames deram negativo. Nesse contexto, engravidei. No quarto mês de gestação, rompeu a minha bolsa e eu fui internada.
Os médicos disseram que não  havia como a criança sobreviver. Achavam que eu tinha de abortar, porque o feto, para a medicina, era considerado inviável. Naquele momento, a médica começou uma luta muito grande para que eu aceitasse, porque corria risco de morte, mas não queria isso.

Apesar da fé que eu sempre professei, precisei fazer uma escolha. Era a minha vida que estava em risco por algo que ninguém acreditava. Mas se eu abortasse eu não estava sendo uma cristã. É muito fácil dizer que eu sou católica, mas não é fácil viver como Jesus. Eu era uma mãe com três crianças pequenas. Que mãe escolhe morrer e deixar três filhos pequenos? Confiei no Senhor!

Eu pedi a meu marido que fosse atrás de um padre para dizer a médica que a Igreja não aceita o aborto. Era no mesmo Deus ,que curou meu marido, que eu acreditava que ia salvar meu bebê! Apareceu um bispo na minha sala. Eu queria um padre, mas apareceu um bispo, o qual estava no hospital por outros motivos.

O bispo me deu um livro da beata Gianna e rezou para que ela intercedesse pela minha cura junto a Deus a fim de que eu conseguisse o milagre para que ela se tornasse santa. Eu tomei posse e pedi para a doutora mais uma noite. Fui fazer o ultra-som, no outro dia de manhã, feliz, esperando o milagre. E, de repente, a médica disse que eu corria ainda mais riscos. Não sabia mais o que fazer para convencê-la de que eu acreditava no milagre.

À tarde, minha filha, que hoje tem 17 anos, me ligou e implorou para eu não morrer. Foi o momento mais difícil para mim. Era uma escolha muito séria. Mas eu continuei acreditando no Deus do impossível.
A médica me mandou para casa e, três meses depois, no dia 31 de maio de 2000, marcou a cesariana. Eu sabia dos riscos, se ela sobrevivesse poderia ter várias sequelas. Para espanto de todos, eu tive a minha Gianna, perfeita! Sem nenhum problema! Agora, ela tem 10 anos. É esperta, muito cheia de fazer arte.

Ela não tem nenhuma sequela, porque Deus, quando faz o milagre na nossa vida, não o faz pela metade. Depois do parto, eu tive uma hemorragia muito intensa, fiquei entre à beira da morte, mas Jesus me salvou. Hoje, meu ministério é divulgar essa santa. O caso foi para o Vaticano e, em 2004, o Papa João Paulo II a canonizou. Estivemos diante do Sumo Pontífice vivendo este momento lindo. Gianna Beretta é a patrona da família!"


Testemunho de Elisabete Arcolino Comparini em 27/08/2010 – o milagre da canonização aconteceu na Diocese de Franca – SP.


O milagre da beatificação aconteceu no Brasil, em 1977, na cidade de Grajaú, no Maranhão, no mesmo hospital onde ela queria ser missionária e ela foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 24 de abril de 1994.

domingo, 26 de abril de 2015

«Deus está em tudo, mas esse tudo não é Deus »

“As almas acostumadas a ver ao Criador nos mais pequenos detalhes da Criação, nas maravilhas da natureza, na harmonia do Introito de uma Missa, ou no coração de um homem, que dúvida há de que gozam de Deus e que Deus se vale de tudo isso para muitas vezes despertar a uma alma adormecida? Que efetivamente a alma vê a Deus, ninguém o duvida, mas é de uma maneira imperfeita, pois antes de chegar à paisagem, sua vista se detém seja na névoa, num inseto, no sol, num pouco de música ou na grandiosidade de um coração.

Claramente se chega a ver que é na solidão de tudo onde deveras se encontra a Deus!... Que grande misericórdia é a sua quando, fazendo-nos saltar por cima de todo o criado, nos coloca nessa planície imensa, sem pedras nem árvores, sem céu nem estrelas, nessa planície que não tem fim, onde não há cores, onde não há nem homens, onde não há nada que distraia a alma de Deus!

Infinita bondade do Eterno que, sem que mereçamos, nos coloca nessas regiões de solidão para ali falar-nos ao coração.

Infinita paciência a de Deus que, dia após dia, noite após noite, vai perseguindo as almas apesar de suas quedas, apesar de suas ingratidões e egoísmos, apesar dos obstáculos que continuamente colocamos, apesar de esconder-nos muitas vezes, não de seu castigo, mas, dá vergonha dizê-lo, da sua graça.

Bendita solidão que nos aproxima de Deus!”

São Rafael Arnáiz Barón

terça-feira, 21 de abril de 2015

Frases de Santo Anselmo da Cantuária


“Deus, rogo-vos, desejo conhecer-vos, quero amar-vos e poder regozijar-me em Vós. E se nesta vida não sou capaz disto na medida plena, que eu possa pelo menos progredir cada dia, até alcançar a plenitude”

“O mundo é um livro, e quem fica sentado em casa lê somente uma página”.

 “Não tento, Senhor, penetrar a vossa profundidade, porque não posso sequer de longe comparar com ela o meu intelecto; mas desejo entender, pelo menos até um certo ponto, a vossa verdade, em que o meu coração crê e ama. Com efeito, não procuro compreender para crer, mas creio para compreender”.

 “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser”.

 “O’ Virgem, que privilégio pode ser tido em maior consideração do que esse pelo qual és a mãe daqueles para os quais Cristo se digna de ser pai e irmão?”


segunda-feira, 20 de abril de 2015

Santa Inês de Montepulciano

Inês nasceu em 28 de janeiro de 1268, na aldeia de Graciano, próxima da cidade de Montepulciano, que depois lhe serviu de sobrenome. Era filha de pais riquíssimos, da família dos Segni. Mas sua vocação manifestou-se quando era ainda criança, pois mal aprendeu a falar e já ficava pelos cantos recitando orações, procurando lugares silenciosos para conversar com Deus.
Nos relatos de Santa Catarina de Sena, uma de suas primeiras devotas, uma luz misteriosa iluminou seu berço desde os primeiros dias de vida, presságio da caridade que continuamente ardia no seu coração.
Não tinha ainda seis anos quando manifestou aos pais a vontade de tornar-se religiosa e, com nove anos, já estava entregue aos cuidados das religiosas de São Domingos. Entretanto não foi só isso. Ainda não completara dezesseis anos de idade, quando suas companheiras de convento a elegeram superiora e o papa Nicolau VI referendou essa decisão incomum.

Contudo sua atuação no cristianismo fica bem demonstrada com uma vitória histórica que muito contribuiu para sua canonização. 
Existia em Montepulciano uma casa que várias mulheres utilizavam como prostíbulo. Inês passou a dizer às religiosas que um dia transformaria aquela casa em convento.Partindo dela, prometer, lutar e conseguir não era surpresa alguma para ninguém. A surpresa foi ter conseguido ir além do prometido, tanto influenciou as mulheres que as pecadoras se converteram, e a casa se transformou num convento exemplar na ordem e na virtude.
A disciplina desta abadessa era legendária. Ela viveu de pão e água por 15 anos. Dormia no chão, com uma pedra como travesseiro. É dito que em suas visões os anjos lhe traziam a Sagrada Comunhão; quando ela se ajoelhava para orar, os lírios ou rosas por perto desabrochavam imediatamente.

Como não poderia deixar de ser, numa vida tão explosiva quanto um raio, a morte também lhe veio precocemente. Não tinha completado cinqüenta anos de idade quando uma dolorosa doença a acometeu e ela morreu rapidamente, no dia 20 de abril de 1317, assim como acontecera com as outras etapas de sua vida.

O local de sua sepultura se tornou alvo de peregrinações, com muitas graças ocorrendo por intercessão de santa Inês de Pulciano, como passou a ser chamada. Ali foram registradas curas de doentes, a conversão de grandes e famosos pecadores e outros fatos prodigiosos.
Uma das mais famosas peregrinas a visitar seu Santuário foi Santa Catarina de Sena que foi venerá-la e também visitar uma sobrinha de nome Eugênia que era freira no convento. Quando ela se inclinou para beijar os pés de Inês ficou maravilhada ao ver que ela levantava seu pé suavemente de encontro aos seus lábios.

Em 1435 seu corpo incorrupto foi levado para um lindo Santuário em uma igreja Dominicana em Orvieto, onde está até hoje.
Inês de Montepulciano foi canonizada pelo papa Bento XIII em 1726.



domingo, 19 de abril de 2015

Santa Ema da Saxonia

Ema da Saxônia,  de origem alemã, nasceu no berço de uma família muito religiosa e cristã. Era irmã de Meginverco, bispo da cidade de Paderborn, que também se tornou santo. Muito nova foi dada em matrimônio para Ludgero, conde da Saxônia, que a deixou viúva um ano depois do enlace. Muito devota, bonita, rica e sem filhos, não desejou se casar novamente. E se manteve constante em seu novo projeto de vida, que foi a total dedicação às obras de caridade.

"A mulher estéril", diz a Bíblia, "será mãe de muitos filhos." Assim foi com Ema. Generosa nas doações e no atendimento ao próximo, mas austera e intransigente consigo mesma, procurou a perfeição no difícil estado de viuvez, uma condição bastante incômoda para uma mulher que ficou só e muito rica.

Ela, entretanto, aumentou sua fecundidade espiritual e administrou seu patrimônio em benefício dos pobres e órfãos por meio das instituições assistenciais. Quarenta anos depois, por ocasião de sua morte, ela já não possuía mais nada neste mundo, tendo transferido, por sua caridade, seus bens ao tesouro do paraíso, onde, no dizer de Jesus, "As traças e a ferrugem não consomem, nem os ladrões roubam" (Mt 6,20).

A escolha de Ema não foi uma fuga perante as responsabilidades familiares, mas uma opção em favor de um serviço mais amplo aos necessitados, em nome de Jesus Cristo, que nos deixou o exemplo de dar sua vida pela salvação dos seres humanos. Aliás, o apóstolo Paulo louva a opção das viúvas que se dedicam unicamente ao Senhor e ao serviço comunitário da diocese, de tal modo que, nos primeiros séculos do cristianismo, existia uma espécie de associação de viúvas que trabalhavam distribuindo as esmolas dadas aos pobres pela Igreja.

Ema havia escolhido esta maneira de servir a Deus, a mais difícil e rara. Sua mão se conservou intacta, nove séculos e meio após sua morte, sem dúvida como um sinal certo da sua mais característica virtude: a generosidade.

Ema da Saxônia morreu em 19 de abril de 1040. No mosteiro de São Ludgero, na Alemanha, inexplicavelmente longe da Saxônia, conserva-se uma relíquia desta santa: uma mão prodigiosamente intacta.

Esta verdadeira serva de Cristo auxiliou o seu esposo celestial com a oração e a caridade, merecendo a devoção não de um marido, mas de milhões de cristãos. A Igreja a declarou santa e oficializou o seu culto público, que já era celebrado havia mais de nove séculos, no dia de sua morte. O corpo de santa Ema da Saxônia, sem aquela mão de que se falou, repousa na catedral de Bremen, Alemanha.

sábado, 18 de abril de 2015

São Galdino

Nasceu em Milão, Itália  em 1100. Tornou-se religioso, passando logo a auxiliar diretamente o arcebispo de Milão. Juntos enfrentaram um inimigo pesado, o antipapa Vitor IV, que era apoiado pelo Imperador Frederico, o Barbaroxa.

Como Milão fazia oposição, a cidade foi simplesmente arrasada em 1162. O arcebispo e Galdino só não morreram porque procuraram abrigo junto ao Papa oficial, Alexandre III. 

Com a morte do arcebispo de Milão, o Papa não teve nenhuma dúvida em nomear o próprio Galdino e o consagrou bispo pessoalmente em 1166. Tornou-se o primeiro cardeal da Igreja milanesa. 

Galdino não decepcionou sua diocese católica. Pregava contra os hereges, convertia multidões e socorria também os pobres que se encontravam presos por causa de dívidas.

Seus dotes somavam-se a sua caridade, assumia a postura bondosa de Cristo interessando pelos pobres estes que tinham em sua vida um cotidiano repleto de injustiças e desgraças, para estes institui o que seria chamado de Pão de São Galdino, uma espécie de cozinha móvel para saciar a fome dos indigentes.
Interessava-se particularmente pelos pobres devedores encarcerados por não poderem pagar as dívidas, criando uma associação para pagar suas dívidas e retirá-los das prisões.

No último dia de sua vida, embora debilitado pela doença, foi celebrar a Eucaristia, pronunciando forte sermão contra as falsas doutrinas, perdendo o sentido antes de descer do púlpito e morrendo quando a missa terminava.

Seu enterro foi um dos mais concorridos da época e seu túmulo  se tornou local de peregrinação e vários milagres foram creditados a sua intercessão.


quinta-feira, 16 de abril de 2015

Santa Bernadete Soubirous

Bernadete nasceu no dia sete de janeiro de 1844, na cidade de Lourdes, uma região montanhosa da França. Sua família camponesa era numerosa, religiosa e muito pobre. Desde a infância, a pequena tinha  problemas de saúde em conseqüência da asma. Era analfabeta, mas tinha aprendido a rezar o terço, o que fazia diariamente enquanto cuidava dos afazeres da casa. 

Numa tarde úmida e fria, enquanto recolhia gravetos para a fogueira, Bernadete foi atraída por uma luz radiante. Era Nossa Senhora que a chamava para rezar. Era o dia 11 de fevereiro de 1858.

Durante vários meses a Virgem Maria, Imaculada Conceição, apareceu para a menina, sempre pedindo que rezasse o terço em favor da humanidade. Apesar da honestidade da menina, a maioria das pessoas não acreditava na aparição, mas Bernadete ficava extasiada, rezando e conversando com Nossa Senhora.

Bernadete chamava a atenção pela sua modéstia, autenticidade e simplicidade. Compreendeu que tinha sido escolhida como instrumento para a mensagem que a Virgem queria transmitir ao mundo: a conversão, a necessidade de rezar o terço e o amor pela “Imaculada Conceição".

Bernadete sofreu muito, mas sempre confiou-se a amor de Maria. Da gruta onde a Virgem aparecia, brotou uma fonte de água que jorra até hoje. O lugar tornou-se conhecido e converteu-se num dos maiores santuários marianos do mundo.
 

Foi acolhida no Instituto das Irmãs da Caridade de Nevers, onde passou seis anos, sempre na casa de Lourdes, para ser depois admitida ao noviciado de Nevers. E enquanto junto da
milagrosa fonte ocorriam os primeiros prodígios e de toda a parte acorriam multidão de devotos, ela só pedia para permanecer escondida e esquecida de todos.
Na profissão religiosa tinha assumido o nome de irmã Bernarda, em homenagem a São Bernardo de Claraval,  e durante 15 anos de vida conventual suportou em silêncio sofrimentos físicos e morais, como a indiferença das próprias irmãs, de acordo com o desígnio providencial que priva as almas escolhidas da compreensão e frequentemente também do respeito das almas medíocres. Em comunidade exerceu as funções de enfermeira e de sacristã. Contudo, uma doença a obrigou viver nove anos numa cama, entre a vida e a morte. 

Rezava não para se livrar do sofrimento, mas para ter paciência e forças para tudo suportar, pois queria se purificar para poder rever Nossa Senhora.
Em 16 de abril de 1879, estando muito mal de saúde e tendo apenas 35 anos, exclamou emocionada:
“Eu vi a Virgem. Sim, a vi, a vi! Que formosa era!”
E depois de alguns momentos de silêncio disse emocionada:
“Rogai Senhora por esta pobre pecadora”,

e apertando o crucifixo sobre seu coração faleceu. O Papa Pio XI a canonizou em 08 de dezembro de 1933, dia da Imaculada Conceição, designando sua festa para o dia de sua morte. 

A Aparição em Lourdes

“Eu tinha ido com duas outras meninas na margem do rio Gave quando ouvi um som de sussurro. Olhei para as arvores e elas estavam paradas e o ruído não eram delas. Então eu olhei e vi uma caverna e uma senhora vestindo um lindo vestido branco com um cinto brilhante. No topo de cada pé havia uma rosa pálida da mesma cor das contas do rosário que ela segurava. Eu queria fazer o sinal da cruz, mas eu não conseguia e minha mão ficava para baixo. Aí a senhora fez o sinal da cruz ela mesma e na segunda tentativa eu consegui fazer o sinal da cruz embora minhas mãos tremessem. Então eu comecei a dizer o rosário enquanto ela movia as contas com os dedos sem mover os lábios”.
Quando eu terminei a Ave Maria, ela desapareceu.
Eu perguntei as minhas duas companheiras se elas haviam notado algo e elas responderam que não haviam visto nada. Naturalmente elas queriam saber o que eu estava fazendo e eu disse a elas que tinha visto uma senhora com um lindo vestido branco, embora eu não soubesse quem era. Disse a eles para não dizer nada sobre o assunto porque iriam dizer que era coisa de criança. Voltei no domingo ao mesmo lugar sentindo que era chamada ali.
Na terceira vez que fui à senhora reapareceu e falou comigo e me pediu para retornar todos os próximos 15 dias. Eu disse que viria e então ela disse para dizer aos padres para fazerem uma capela ali. Ela me disse também para tomar a água da fonte. Eu fui ao rio que era a única água que podia ver. Ela me fez realizar que não falava do rio Gave e sim de um pequeno fio d’água perto da caverna. Eu coloquei minhas mãos em concha e tentei pegar um pouco do liquido sem sucesso. Aí comecei a cavar com as mãos o chão para encontrar mais água e na quarta tentativa encontrei água suficiente para beber. A senhora desapareceu e fui para casa.
Voltei todos os dias durante 15 dias e cada vez, exceto em uma Segunda e uma Sexta a Senhora apareceu e disse-me para olhar para a fonte e lavar-me nela e ver se os padres poderiam fazer uma capela ali. Disse ainda que eu deveria orar pela conversão dos pecadores. Perguntei a ela, varias vezes, o que queria dizer com isto, mas ela somente sorria. Uma vez finalmente, com os braços para frente, ela olhou para o céu e disse-me que era a Imaculada Conceição. Durante 15 dias ela me disse três segredos que não era para revelar a ninguém e até hoje não os revelei.”

Carta de Santa Bernadete

segunda-feira, 13 de abril de 2015

São Martinho I

Nascido em Tódi, na Umbria, foi Diácono da Igreja de Roma quando eleito em 5 de julho (649) como sucessor de Teodoro I , durante seu governo teve o espinhoso dever de combater o Tipo, um famoso edito herético do imperador  Constante II e, do lado sagrado, pela primeira vez se celebrou a festa da Virgem Imaculada, em 25 de março.

O novo papa, de caráter indomável, era profundo conhecedor dos segredos da Corte bizantina, onde residira durante longos anos como núncio.  
Poucos meses depois de assumir, condenou os bispos do Oriente protegidos pelo Imperador bizantino e reuniu um concílio em Latrão, uma reunião de 150 bispos, os quais, apoiados nas decisões dos cinco primeiros maiores concílios, condenaram os editos heréticos Ektésis e Tipo, dos imperadores Heráclio e Constante II, uma firme condenação da heresia monotelista e dos editos imperiais referentes a ela.
O sínodo de Latrão definiu a doutrina católica sobre a vontade e a natureza de Cristo, condenando os monotelistas que só admitiam em Cristo a existência da vontade divina. Esse gesto despertou a ira do imperador do Oriente,Constante II,  que não deu reconhecimento imperial a sua eleição e o declarou destituído.

Ordenou então, a seu representante em Ravena, Olímpio, que prendesse o papa Marinho I. Querendo agradar ao poderoso imperador, Olímpio resolveu ir além das ordens: planejou matar Martinho. Armou um plano com seu escudeiro, que entrou no local de uma missa em que o próprio papa daria a santa comunhão aos fiéis. Na hora de receber a hóstia, o assassino sacou de seu punhal, mas ficou cego no mesmo instante e fugiu apavorado. Impressionado, Olímpio aliou-se a Martinho e projetou uma luta armada contra Constantinopla. Mas o papa perdeu sua defesa militar porque Olímpio morreu em seguida, vitimado pela peste que se alastrava naquela época.

Perseguido e ameaçado de morte, recebeu apoio do clero e do povo romano, mas para evitar derramamento de sangue, deixou-se prender em Latrão (653) pelo general Calíopas, governador de toda a Itália.

Conta-se que papa, velho e enfermo, apresentou-se na igreja de Santa Maria Maior, transportado num leito, e levado pelo rio Tibre preso numa barca.
Meses e meses ele passou pelas ilhas do Mediterrâneo, até chegar a Constantinopla, onde foi julgado em praça pública (654) e condenado ao exílio como herege, inimigo da Igreja e do Estado. Não reconhecendo autoridade em seus juízes e não respondendo as inquisições, foi despido de suas vestes pontificais e, quase desnudo, conduzido acorrentado pelas ruas da cidade. Exilado em Chersoneso, na ilha de Naxos, na Criméia, de lá escreveu aos Romanos duas nobres cartas, em que narrava seu martírio causado pelas enfermidades e pelo abandono.
Lá  morreu como mártir no ano seguinte, em conseqüência dos maus tratos sofridos, encerrando, assim, mais de três anos  na prisão e no exílio, dos seis anos em que permaneceu no pontificado (649-655).
O papa Martinho foi o último papa a ser martirizado, faleceu nas terras despovoadas de Chersoneso, Criméia, e foi sucedido por São Eugênio I (655-657).


quinta-feira, 9 de abril de 2015

Beato Tomás de Tolentino e companheiros

Entre os missionários pioneiros que se empenharam em propagar o cristianismo no Extremo Oriente no começo do século XIV estava o franciscano Tomás de Tolentino, cuja memória é ainda venerada pelos fiéis da Índia, o país onde ele recebeu a coroa do martírio.
Por volta de 1260 Tomas nasceu em Tolentino, cidade da região italiana de Marche, cujo nome está ligado aos santos sendo também o local de nascimento do famoso agostiniano São Nicolau de Tolentino.

Com 17 anos entra na Ordem Franciscana e começou a ser conhecido como um homem verdadeiramente apostólico, e quando o soberano da Armênia enviou mensageiros ao ministro geral dos minoritas, pedindo-lhes alguns sacerdotes para fortalecer a verdadeira religião em seu reino, Tomás foi escolhido para essa missão com mais quatro de seus irmãos de Ordem.

Seus trabalhos foram coroados de êxito, reconciliando muitos cismáticos e convertendo muitos infiéis. Entretanto,  achando-se a Armênia seriamente ameaçada pelos sarracenos, Tomás voltou à Europa, para solicitar ajuda junto ao Papa Nicolau IV e aos reis da Inglaterra e França.

Embora voltasse à Armênia, como estava determinado, contudo, Tomás estendeu sua viagem até o interior da Pérsia. De novo foi chamado de volta ou enviado à Itália, desta vez, porém, com a finalidade de apresentar um informe ao Papa Clemente V, com vistas a estender sua atividade até à Tartária e à China. Sua embaixada resultou na nomeação de uma hierarquia eclesiástica que consistia em João de Montecorvino como arcebispo e legado papal para o Oriente, e sete franciscanos como seus sufragâneos.

Nesse meio tempo, o Beato Tomás voltara ao seu campo de trabalho, cheio de zelo pela conversão da índia e da China. Parece que se dirigiu ao Ceilão e Catai, mas ventos contrários empurraram o navio para a ilha Salsete, vizinha a Bombaim. Aqui, então, na cidade de Thana, será onde Beato Tomás de Tolentino e seus irmãos encontrarão a morte, por terem proclamado abertamente sua fé cristã diante do juiz muçulmano da cidade.

Os nossos quatro frades foram chamados ao tribunal como testemunhas em uma briga de família que tinham assistido. Convidados pelo juiz e pelos muçulmanos presentes a apresentarem a sua fé, nossos missionários disseram sem rodeios sobre a divindade de Jesus Cristo, o Salvador dos homens, e declararam Maomé filho da perdição, condenado a queimar no inferno, um lugar que iria acompanhar todos os seus seguidores.
Obviamente essas respostas exasperaram seus interlocutores, que imediatamente os condenaram à morte por suas declarações.

Tomás e seus três irmãos, foram encarcerados. Depois de açoitados e expostos aos raios abrasadores do sol, os santos homens foram decapitados.
O Beato Odorico de Pordenone recuperou depois o seu corpo e o trasladou para Xaitou. O seu culto foi aprovado em 1894.


quarta-feira, 8 de abril de 2015

Santa Júlia Billiart

Na cidade de Cuvilly, França, em 12 de julho de 1751, nasceu Maria Rosa Júlia Billiart, filha de Francisco e Maria Antonieta, pobres e muito religiosos, que a batizaram no mesmo dia. Júlia fez a primeira comunhão aos sete anos. Desde então, Jesus foi o único alimento para sua vida. Aprendeu apenas a ler e a escrever, porque ajudava a sustentar a família.

Aos treze anos, Júlia sofreu sérios problemas e, subnutrida, ficou, lentamente, paraplégica, por vinte e dois anos. Durante esse tempo aprendeu os mistérios da vida mística, do calvário, da glória e da luz. Sempre engajada na catequese da paróquia, preocupava-se com a educação dos pobres. Cultivava amizades na família, com os religiosos, com as carmelitas, com as damas da nobreza que lhe conseguiam os donativos.

Nesta época, decidiu ingressar na vida religiosa, com uma meta estabelecida: fundar uma congregação destinada a educar os pobres e a formar bons educadores. Mesmo não sendo letrada, possuía uma pedagogia nata, aprendida na escola dos vinte e dois anos de paralisia, nos contatos com as autoridades civis e eclesiásticas e com os terrores da destruição da Revolução Francesa e de Napoleão Bonaparte. Assim, ainda paralítica, em 1804 fundou a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora.

Júlia foi incapaz de amarrar sua instituição aos limites das exigências das fundações de seu tempo. Sua devoção ao Sagrado Coração de Jesus a curou. Depois de trinta anos, voltou a caminhar. A Mãe de Deus era sua grande referência e modelo, e a eucaristia era o centro de sua vida de fé inabalável. Mas viver com ela não era fácil. Era um desafio constante, devido à firmeza de metas foi considerada teimosa e temperamental. Principalmente por não aceitar que a congregação fosse só diocesana, ou seja, sem superiora geral. Custou muito para que tivesse tal direito, mas, por fim, foi eleita superiora geral.

Júlia abriu, em Amiens, a primeira escola gratuita e depois não parou mais. Viajava pela França e pela Bélgica fundando pensionatos e escolas, pois naqueles tempos de miséria a necessidade era muito grande. Não aceitava qualquer donativo que pudesse tirar a independência da congregação. Para ter recursos, criava pensionatos e, ao lado deles, a escola para pobres. Perseguida e injustiçada pelo bispo de Amiens, foi por ele afastada da congregação. Todas as irmãs decidiram seguir com ela para a cidade de Namur, na Bélgica, onde se fixaram definitivamente.

Júlia, incansável, continuou criando pensionatos, fundando escolas, formando crianças e educadores, ficando conhecidas como as “Irmãs da Nossa Senhora de Namur”. Ali a fundadora consolidou a diretriz pedagógica da congregação: a educação como o caminho da plenitude da vida. Morreu em paz no dia 8 de abril de 1816 na cidade de Namur.

“Por meio do seu batismo, de sua consagração religiosa e por sua vida inteira de fé em Deus, que é bom, Júlia foi colocada na trilha da opção divina pelos pobres.” Foram as palavras do papa Paulo VI para declarar santa, em 1969, Maria Rosa Júlia Billiart, que no dia 8 de abril deve receber as homenagens litúrgicas.


“Como o bom Deus é bom!”

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Beata Pierina Morosini

Pierina Morosini era a mais velha dos nove filhos do casal Roque e Sara Morosini, humildes camponeses da Diocese de Bérgamo, ao norte da Itália. Nasceu em 1931. À medida que foi crescendo, a sua mãe ensinou-lhe as principais verdades da Fé e incutiu-lhe o santo temor de Deus.
     
Como a mãe recitasse com os filhos as orações da manhã e da noite, e os fizesse repetir os elementos do Catecismo, aos 4 anos Pierina já sabia de memória muitas orações, os Atos de Fé, Esperança, Caridade e Contrição, além dos Mandamentos e das Obras de Misericórdia.
     
Assim preparada, recebeu o Crisma aos 6 anos e a Primeira Comunhão aos 7 anos. Desde cedo mostrou aptidões para a vida religiosa, desejando ser missionária franciscana. Aos 16 anos, com licença do confessor, fez voto de castidade e depois acrescentou os votos particulares de pobreza e obediência.
     
Modesta, prudente, simples e, principalmente, muito pura, Pierina obteve sempre o primeiro prêmio, com distinção, em todas as provas que fez no curso primário. Renunciou, no entanto, prosseguir os estudos, para auxiliar o pai no sustento da numerosa família. A renúncia mais dolorosa, porém, consistiu em retardar a entrada para o convento, pois a invalidez do pai devido a um acidente obrigou-a a tornar-se o arrimo da família.
     
Aprendeu corte e costura aos 11 anos e aos 13 costurava com perfeição roupas para toda família. Aos 15 anos empregou-se numa fábrica de tecelagem.     
Era sempre amável no trabalho, sem contudo ceder nada em matéria de moral e de costumes.  De tal modo era venerada na empresa onde trabalhava, que logo ao terem conhecimento de sua morte suas companheiras dividiram entre si o avental de Pierina, a fim de guardar dela uma relíquia.
     
Tendo que caminhar cerca de três horas diariamente para ir ao trabalho, Pierina preenchia este tempo rezando o Rosário. Uma parte do trajeto rezava-o com as companheiras de trabalho e o restante, sozinha. Ela incentivava as companheiras a rezarem, embora algumas tivessem respeito humano. "Aqui, no meio de todos dá vergonha!", dizia uma. Mas ela: "Eu rezo aqui e não penso mais nisso". "Riem de você, Pierina!". Era inútil, ela continuava firme.
     
Além de trabalhar oito horas no Cotonifício, Pierina tinha um outro "turno”  em casa, onde costurava ou remendava as roupas dos familiares em sua máquina de costura, cozinhava, limpava, enfim, fazia o que podia para aliviar a pesada carga de sua mãe, que além de cuidar de uma família de 11 pessoas, atendia a algumas crianças cujos pais tinham que trabalhar e ficavam aos seus cuidados. "O tempo é mais precioso do que o ouro!", repetia freqüentemente Pierina.
     
Enquanto trabalhava rodeada dos irmãozinhos e das outras crianças, contava para eles episódios do Evangelho e da vida dos Santos, ou fazia com que rezassem em voz alta. Quantas jovens foram instruídas por ela no Catecismo! Tinha um jeito especial para convencê-las a fazer o bem. Algumas vezes levava com ela os álbuns ilustrados de Dom Bosco e Domingos Sávio - que havia comprado para ensinar seus irmãos - e os lia, explicava, mostrava as belas ilustrações a cores".
     
À noite, quando todos já dormiam, Pierina lia à luz de uma vela (a eletricidade só chegaria a sua aldeia em 1955) os seus livros comprados com grande sacrifício. Entre suas leituras estão: Santa Gema Galgani, Santo Cura d'Ars (que leu várias vezes), Padre Daniel de Samarate, o apóstolo dos leprosos no Brasil, São João Bosco, São Domingos de Sávio... Além destes, o "A jovem piedosa", que continha orações e meditações adaptadas às jovens, e "A grande promessa" sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
     
Seu amor à virtude da pureza levou-a a tomar como protetora Santa Maria Goretti. A única vez que a jovem saiu dos limites da região onde residia foi quando viajou a Roma a fim de assistir à canonização de sua protetora, que ocorreu no dia 27 de abril de 1947.
     
Uma outra frase escrita à mão por Pierina em seu livro de orações, para ela poder lê-la e meditá-la, deixa transparecer a sua espiritualidade:   “A virgindade é um profundo silêncio de todas as coisas da terra”. 
     
Segundo o testemunho de seus conterrâneos, Pierina sempre foi muito recatada. Todos diziam que ela era uma moça diferente das demais. O seu avental de trabalho tinha mangas compridas e ela o mantinha fechado até o pescoço. Quando fazia calor lhe diziam: "Mas, abre um pouco!" Ela sorria, limitando-se a enxugar o suor com um lenço muito limpo. Ela estava sempre limpa e bem penteada. 
     
Conheceu o Padre Luciano em abril de 1946, quando sofreu um acidente na fábrica e precisou se recuperar no Hospital onde ele era Capelão. Ele foi o seu único diretor espiritual. Sobre uma página branca de seu livro de orações ela havia escrito uma frase que resume a sua conduta em relação ao diretor espiritual: "A minha vocação: me deixarei conduzir como uma menina de um dia".
     
Entre os livros de Pierina foi encontrada uma folha datilografada contendo um "Pequeno regulamento diário" que era uma verdadeira regra de vida. Embora no mundo, Pierina levava uma vida de verdadeira religiosa. Consagrou-se como escrava a Nossa Senhora, segundo o método daquele grande santo, fazendo todas as ações do dia em união com a Virgem Imaculada.
     
Os sete propósitos revelam bem sua espiritualidade simples e ardente:
"Sou toda Vossa e tudo quanto possuo Vos ofereço, amável Jesus, por meio de Maria Vossa Mãe Santíssima".
  1. Me esforçarei para manter a paz na família;
  2. Quando o cansaço me enfraquecer, me mostrarei sempre alegre;
  3. Terei sumo respeito por mamãe; a obedecerei e não responderei grosseiramente;
  4. Não comerei nenhuma guloseima;
  5. Durante o dia procurarei permanecer na presença de Deus, farei comunhões espirituais e rezarei jaculatórias;
  6. Não buscarei saber coisas dos outros;
  7. Não direi nunca palavra em meu louvor e procurarei estar escondida aos olhos dos homens.     
Pierina comungava diariamente, mesmo nos dias mais rigorosos do inverno, levantando-se às quatro horas da madrugada para participar da Missa.
     
No dia 4 de abril de 1957, quinta-feira, Pierina saiu da fábrica onde trabalhava, em Cedrina, dirigindo-se a sua casa.
     
Chegando a um trecho mais despovoado da estrada, foi abordada por um jovem que de há muito pretendera, em vão, manter conversa com ela. Ela acelerou seus passos e rezou mais fervorosamente. O rapaz, no entanto, a alcançou, passando a fazer-lhe propostas indecorosas em tom de ameaça. Pierina procurou correr, mas o rapaz segurou-a. Ela, porém, lutou valentemente contra o jovem. Desvairado, o rapaz apanhou uma grande pedra e por oito vezes atingiu violentamente o seu crânio. Ela ainda caminhou vinte passos, mas depois caiu por terra desfalecida.
     
Em sua casa todos a aguardavam com impaciência. Seu irmão, Santo, pressentindo alguma tragédia, deixou de lado os livros e saiu à procura da irmã. Depois de muito a procurar, encontrou-a caída sob algumas árvores do caminho, a cabeça mergulhada numa poça de sangue, o rosário junto às mãos. Conduzida agonizante a um hospital de Bérgamo, veio a falecer 40 horas depois do crime, no dia 6 de abril de 1957, primeiro sábado do mês.
     
Em janeiro de 1976 foi aberto o processo de beatificação dessa nova mártir da pureza, morta aos vinte e cinco anos de idade. A fama do martírio, que correu por toda parte, foi finalmente confirmada pela Santa Sé a 16 de junho de 1987, depois de rigoroso processo. Pierina foi beatificada no domingo, 4 de outubro de 1987, e é comemorada pela Santa Igreja no dia 6 de abril.


domingo, 5 de abril de 2015

Conselho de São Vicente Ferrer para manter o silêncio

Muitas vezes durante uma discussão não conseguimos silenciar e por isso a briga cresce, partindo para as ofensas e xingamentos. Quer manter o silêncio?

Ainda hoje na Espanha é costume dizer:
"Beba a água do Mestre Vicente!" – quando se deseja incutir o silêncio. 
Este fora um conselho que São Vicente Ferrer dera a uma mulher que sofria com o humor alterado com seu marido, quase sempre a brigar com ela.
E qual foi o conselho que o santo lhe deu? 
“Minha senhora, quando seu esposo chegar do trabalho, encha a boca de água e permaneça assim o maior número de minutos que puder. Assim não lhe será difícil não responder aos insultos dele”.

São Vicente Ferrer


São Vicente Ferrer nasceu em Valência, na Espanha, em 1350. De família nobre, Vicente foi o quarto filho do casal. Passou a infância e a juventude junto aos padres dominicanos, que tinham um convento próximo de sua casa. Percebendo sua vocação, pediu ingresso na Ordem dos Pregadores (dominicanos) aos dezessete anos.

Depois de sua profissão religiosa, que aconteceu em 1368, até chegar o tempo de ele ser ordenado padre, em 1374, São Vicente ensinava filosofia e estudava teologia nas regiões de Lérida, Tolosa e Barcelona. Com um conhecimento da exegese bíblica que chegava à perfeição e, igualmente, possuindo um profundo conhecimento da língua hebraica, ele voltou para Valência em 1373. Lá, lecionou teologia, fez inúmeras pregações,   escreveu suas obras e aconselhou aos que o procuravam. Durante um período de seca na região,  São Vicente ficou famoso ao prever que navios carregados de grãos chegariam à região.

Quando um italiano foi eleito papa, Urbano VI, as correntes políticas francesas não o aceitaram e elegeram outro, um francês, Clemente VII, que foi residir em Avinhão, na França. A Igreja dividiu-se em duas, ocorrendo o chamado cisma da Igreja ocidental, porque ela ficou sob dois comandos, o que durou trinta e nove anos.

Em 1379 Vicente foi trabalhar com o Cardeal Pedro de Luna. Ele era o Núncio Apostólico no palácio de Aragão, e futuro antipapa Bento XIII. São Vicente ensinou teologia na escola que funcionava na Catedral de Valência, de 1385 a 1390. Ele foi convidado para ser o confessor apostólico de Bento XIII, que era, na verdade, um antipapa, na cidade de Avignon, França. Vicente não aceitou o cargo e ainda recusou a chance de se tornar cardeal, percebendo que Bento XIII não tinha realmente a autoridade papal vinda dos apóstolos.

São Vicente adoeceu e por pouco não morreu durante a invasão de Avignon, mas ele se recuperou milagrosamente. A história diz que ele teve uma visão de Jesus Cristo junto com São Francisco de Assis e São Domingos. Na bendita visão ele teria sido orientado a pregar o Evangelho fervorosamente.
Porém, ele encontrou a resistência do antipapa que relutava em dar a sua permissão para Vicente deixar Avignon. Em 1389, Bento XIII finalmente deu a sua permissão e Vicente saiu em pregação por todas as regiões da Europa do Ocidente. Com muita sabedoria e eloquência ele atraia multidões, ficando bem conhecido no meio cristão.
Ao ouvirem sua voz, as inimizades públicas cessavam, reconciliando-se. Os pecadores sentiam-se movidos ao arrependimento e as pessoas sedentas de perfeição o seguiam. Às vezes mais de 15.000 pessoas se juntavam para ouvi-lo, o que naquela época, era coisa difícil de acontecer. Pregava a unidade da Igreja e um milagre aconteceu: enquanto falava em sua língua materna, muitos que não eram do país ouviram-no em sua própria língua.

São Vicente Ferrer foi um dos santos que mais trabalhou pela conversão dos judeus e dos muçulmanos. E ele fez isso com todo o seu coração. Alguns historiadores chegam a  afirmar que converteu cerca de 25.000 judeus e mais de 8.000 islamitas. 
Por ocasião do Domingo de Ramos de 1407, estando ele em pregação na igreja de Ecija, Espanha, uma mulher judia, cheia de riquezas e poder, ia assistir os sermões de São Vicente por mera curiosidade. Ela fazia questão de manifestar sarcasmos e desprezo pelas palavras de São Vicente Ferrer. Por fim, ela atravessou no meio do povo para ir embora. Estava claramente cheia de raiva e não se continha.
Todos os presentes ficaram indignados. Mas São Vicente disse bem alto: "Deixai-a sair, porém afastai-vos do pórtico". O povo obedeceu. Quando a mulher passou sob o pórtico, este caiu sobre ela, e ela faleceu. Ela permaneceu por vários minutos ali, morta, inerte, sem batimentos cardíacos confirmado por várias testemunhas. São Vicente caminhou até o corpo da mulher e ordenou com voz forte e poderosa: "Mulher, em nome de Jesus Cristo, volte à vida!" E a mulher ressuscitou. Todos ficaram maravilhados. Após o milagre, a senhora se converteu ao catolicismo. Todos os anos, em Ecija, uma procissão comemorava o extraordinário fato da morte e conversão da mulher judia.

São Vicente Ferrer foi nomeado como juiz para escolher o sucessor da coroa de Aragon. Ferdinando I foi coroado rei. Seu grande feito foi por fim ao Cisma que dividia a Igreja desde o ano de 1378. Vicente pediu publicamente para que o papa Bento XIII renunciasse ao pontificado para o bem geral da Igreja Católica. Assim, os dois papas renunciaram ao mesmo tempo, para o bem da unidade do cristianismo. Vicente retirou seu apoio ao papa Bento XIII e, com sua atuação, ajudou a eleger o novo papa, Martinho V, trazendo de novo a união da Igreja ocidental. As nuvens negras dissiparam-se, mas as conversões e as graças por obra de Vicente Ferrer ficarão por toda a eternidade. Ele pregou no Concílio de Constance, em 1418, para a reconciliação da Igreja.

Ele morreu no dia 5 de abril de 1419, na cidade de Vannes, Bretanha, na França. Foi canonizado pelo papa Calisto III,  em 1458, que o declarou padroeiro de Valência e Vannes. São Vicente Ferrer foi um dos maiores pregadores da Igreja do segundo milênio e o maior pregador do século XIV.












                        

sábado, 4 de abril de 2015

Santo Isidoro de Sevilha Padroeiro dos Internautas

Oração para ser feita antes de ligar o computador:


Deus onipotente e eterno,
que nos plasmastes à vossa imagem
e nos mandastes buscar tudo quanto é bom,
verdadeiro e belo,
especialmente na Divina Pessoa
do vosso Filho Unigênito,
Nosso Senhor Jesus Cristo,
concedei-nos, nós Vos pedimos,
que por intercessão de Santo Isidoro,
bispo e doutor,
nas nossas viagens através da Internet
movamos as mãos
e os olhos às coisas que Vos agradam,
e acolhamos com caridade e paciência
todos quantos encontrarmos.
Por Cristo Nosso Senhor. Amem.

Água mole em pedra dura tanto bate até que fura

Leandro era o irmão muito mais velho e exigia muito da educação de Isidoro e este tinha que ser muito estudioso para chegar onde o irmão Leandro queria.
Um dia Isidoro não aguentou.
Frustrado pela inabilidade de aprender depressa como seu irmão queria Isidoro fugiu de casa. Mas apesar de escapar das vistas de seu irmão não escapou de seu próprio sentimento de falha e rejeição.

Assim um dia prestando a atenção numa água que caia sobre uma rocha perto dele, observou que as gotas de água caiam repetidamente sem força na pedra, mas com o tempo iam aparecendo pequenos buracos na pedra (dai o ditado: água mole em pedra dura tanto bate até que fura).

Isidoro percebeu que se ele persistisse nos seus estudos um dia seria o que o irmão queria ou ainda melhor.Assim, ele voltou a casa e completou seus estudos.

Sua obra Etimologias é uma espécie de enciclopédia, muitíssimo utilizada ao longo de toda a Idade Média. Tanto assim que mesmo em autores muito posteriores, como Tomás de Aquino, encontram-se referências a esta obra.

Etimologias é mais do que um livro sobre a linguagem: expressa toda uma visão do mundo da época. Compõe-se de vinte livros, cada um elucidando as etimologias das palavras de um determinado campo do saber:
I.                     Gramática;
II.                   Retórica e Dialética;
III.                  Matemática (Aritmética Geometria, Música e Astronomia);
IV.               Medicina;
V.                 As leis e os tempos;
VI.               Os livros e os ofícios eclesiásticos;
VII.              Deus, os anjos e os santos;
VIII.            A Igreja e outras religiões;
IX.               Línguas, povos, reinos, milícia, cidades e parentesco;
X.                 Etimologia de palavras diversas;
XI.               O homem e os seres prodigiosos;
XII.              Os animais;
XIII.            O mundo e suas partes (elementos, mares, ventos etc.);
XIV.          A terra e suas partes (Geografia);
XV.           As cidades, os edifícios e o campo;
XVI.          As pedras e os metais;
XVII.        A agricultura;
XVIII.       Guerra, espetáculos e jogos;
XIX.          Naves, edifícios e vestimentas;
XX.           Comida, bebida e utensílios.


sexta-feira, 3 de abril de 2015

São Ricardo de Chichester

São Ricardo Bachedine nasceu na Inglaterra em 1197, Seus pais, camponeses pobres, morreram muito cedo e deixaram-lhe como herança muitas dívidas e um casal de irmãos.
Por isso Ricardo se acostumou desde cedo ao trabalho duro da fazenda. Só mais tarde, depois de cuidar dos irmãos, pode iniciar os estudos com os beneditinos em Worcester. 
 
Completou sua formação na Universidade de Oxford, onde foi eleito reitor. Desde então, começou sua atuação em prol da Igreja, pois eram anos de grande corrupção moral. 
 
O povo, ignorante e supersticioso, aceitava passivamente a vida devassa dos nobres e do clero, que há muito estava afastado da disciplina monástica.
Ricardo, ao contrário, vivia com austeridade e passou a lutar por uma reforma geral nos meios católicos, para com isso elevar o nível de vida do povo, tanto material quanto espiritual.
Na universidade, favoreceu a aceitação dos frades franciscanos e dominicanos, que aos poucos instituíram a volta da disciplina e da humildade entre os religiosos e seus agregados.

Essa postura acabou gerando retaliações do rei Henrique III ao bispo da Cantuária – Edmundo Rich – sob a orientação de quem Ricardo agia. Perseguido pelo rei, o bispo buscou exílio na França e Ricardo o acompanhou fielmente até que morresse. Ao morrer o Bispo Edmundo deixou-lhe de herança um cálice, que se tornaria o emblema de São Ricardo. Com efeito, diz-se que, durante a celebração da missa, o cálice caiu-lhe das mãos, mas as sagradas espécies não se derramaram.

Foi neste período que, por insistência do bispo, ordenou-se sacerdote, apesar dos seus quarenta e cinco anos.
Os seus talentos e sua dedicação foram recompensados um ano depois, quando o novo arcebispo da Cantuária – Bonifácio de Savóia – consagrou-o bispo de Chichester. Henrique III ficou furioso, apossando-se dos bens da diocese e proibindo Ricardo de assumir seu cargo.

Mas Ricardo não se intimidou, voltou disfarçado de mendigo e, na clandestinidade, atuou durante dois anos, organizando o trabalho pastoral da diocese junto ao povo explorado.
Foi obrigado a pedir hospitalidade a um pároco rural, locomovia-se a pé para as visitas pastorais e ganhava seu sustento arando o campo.

Entretanto o papa Inocêncio IV perdeu a calma e ameaçou excomungar o rei, que teve de aceitar Ricardo como bispo de Chichester.
Assim, ele pôde atuar com liberdade até morrer, em Dover, no dia 3 de abril de 1253, a caminho de uma cruzada. 
 
Ricardo foi sepultado no cemitério da catedral de Chichester e sua santidade era tanta que, nove anos depois, o papa Ubaldo IV o canonizou.

São Ricardo é festejado, tanto pelos católicos como pelos anglicanos, no dia 3 de abril, sendo venerado como padroeiro dos cavaleiros e dos cocheiros.

“É melhor vender os próprios cavalos e os vasos de prata em lugar de deixar os membros de Jesus Cristo, vale dizer, os pobres, na miséria.”