quarta-feira, 5 de outubro de 2016

São Benedito

Segundo a tradição, a imagem de São Benedito traz o menino Jesus nos braços, que lhe foi colocado por Maria Santíssima, pela sua grande devoção, e pela suave doçura com a qual Jesus preencheu o seu coração.
Seus companheiros testemunham que o viram várias vezes com um lindo bebê nos braços quando estava em profunda oração.


Benedito era filho de Cristovam Manasseri e Diana Larcan, escravos trazidos da Etiópia, África, para a Sicília, Itália. O pai era escravo de um rico senhor, Vicente Manasseri, e dele recebera o sobrenome. Diana, sua mãe, fora libertada por um cavalheiro da Casa de Lanza.

Casados, Cristovam e Diana viviam como bons cristãos, fiéis à Lei do Senhor e humildes numa vida de oração e trabalho. Sua mãe, conforme consta do processo de beatificação de São Benedito, era devota fervorosa do Santíssimo Sacramento e extremamente caridosa para com os pobres, dons que Benedito herdaria por toda a vida. Cristovam era fervoroso, voltado para Deus, a família e o trabalho.

Um fato que chama a atenção nos pais de Benedito é de que fizeram voto de castidade ao contraírem matrimônio, vivendo na penitência, no trabalho e na oração. Foi o patrão quem persuadiu os pais a exercerem os seus direitos de matrimônio, prometendo dar liberdade aos seus descendentes. Assim o fizeram, assim nasceu Benedito, fruto de uma bênção especial de Deus. Era o ano de 1524. Nasceu livre quanto à condição, e mais livre quanto à santa liberdade dos remidos pelo Sangue do Cordeiro.

A formação cristã do pequeno Benedito se deve à sua mãe, Diana, virtuosa e rica da graça do Senhor. Benedito crescia em idade, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens. Tiveram outros filhos: Marcos, Baldassara e Fradella.

Benedito foi pastor de ovelhas. Foi muito fiel ao seu dever. Enquanto pastoreava, rezava piedosamente o Rosário. Procurava os lugares mais afastados, pelos altos montes, com boa pastagem e água para seu rebanho, para poder também orar e meditar. Certa vez o encontraram escondido em uma gruta, num momento de folga, de joelhos, olhos fixos no céu, todo arrebatado em êxtase.

Aos dezoito anos, Benedito se abrasou no amor do Senhor e demonstrou interesse em se dedicar totalmente a Jesus. Com sacrifícios, conseguiu comprar uma junta de bois, e com eles passou a ganhar alguns trocados e socorrer os pobres. Isso durou até completar vinte e um anos de idade.

Frei Jerônimo Lanza, natural de San Marco, abandonou o mundo e se recolheu com alguns companheiros num eremitério de Santa Dominica, na região de Caronia. O Papa Júlio III autorizou aos novos eremitas professarem a Regra Seráfica de São Francisco, juntando ainda aos votos de pobreza, obediência e castidade, o voto de vida quaresmal, que os levava a jejuar 3 dias por semana. Numa de suas viagens, Jerônimo conheceu Benedito, que num momento de descanso era injuriado e zombado pelos companheiros de trabalho por causa da cor da pele. Frei Jerônimo ouviu e repreendeu severamente os injustos e lhes disse em tom profético: "Ah! hoje fazeis caçoada e ridicularizais este pobre negrinho; mas daqui a poucos anos vereis a sua fama correr todo o mundo!".

Alguns dias depois, Frei Jerônimo voltou àquele lugar e diz, ao ver Benedito:"Que fazes aqui? Vamos! Vende estes bois e vem comigo." Benedito não teve dúvidas e o seguiu. Seus pais, não obstante necessitassem da ajuda monetária do filho, não se opuseram à vocação do filho.

Os irmãos Eremitas Franciscanos levavam vida austera, em extrema pobreza. Mendigavam o pouco de pão nas vizinhanças, e tinham algumas ervas e água para sustentar. A habitação era paupérrima, estreita e sem conforto. Vestiam-se de grosseiro pano e passavam longas horas em oração. Em 1562, contando o santo com 38 anos de idade, o Papa Pio IV, ouvindo os apelos de eremitas que não suportavam os rigores do 4º voto, o de vida quaresmal, ordenou que os eremitas de Frei Jerônimo se recolhessem a qualquer dos conventos franciscanos regulares, dispensando-os do 4º voto.

Benedito, indeciso quanto ao convento em que se recolheria, foi orar na Catedral Metropolitana de Palermo, diante da imagem de Nossa Senhora, sob o título de Madona di Libera Inferni e, chorando, pediu a intercessão da Mãe para a sua escolha. Ouviu a voz da Mãe falando no seu coração:
 "Meu filho, é vontade de Deus que entres para a Ordem dos Frades Menores Reformados". Sua vocação estava resolvida! Agradecendo à Maria, foi imediatamente ao Convento de Santa Maria di Gesú, duas milhas de Palermo.

Fatos importantes da vida de Benedito no Convento de Santa Maria di Gesú:

- seu primeiro ofício foi o de cozinheiro, juntando a atividade de Marta à contemplação de Maria (Lc 10, 38-42). Fez da cozinha um santuário de oração, vivendo sempre alegre e cheio de mansidão para com todos;

- Benedito era leigo e analfabeto. Mesmo assim, tornou-se Superior do Convento e modelo admirável no governo daquela casa;

- alguns autores dizem ter sido Frei Benedito Mestre de Noviços. Há autores que discordam, pois esse cargo era exercido somente por Presbíteros. Mas a dúvida continua, pois já havia acontecido a exceção quando Benedito foi indicado para o cargo de Superior, exercido também por um Presbítero;

- Benedito tinha o Dom da Ciência Infusa. Sem saber ler ou escrever, conseguia dar aulas sobre todos os assuntos ligados à Religião, à Ordem ou à Fé. Tinha muita clareza, espírito e unção. Teólogos e Mestres ouviam atentamente o grande santo;

Muitas curas físicas foram realizadas por Deus sob a intercessão de São Benedito, em vida e após a sua morte. Em fevereiro de 1589 Benedito caiu gravemente enfermo. Embora seu médico, de grande fama na região, previsse sua morte, Benedito o alertou que ainda não havia chegado sua hora. Portanto, recuperou-se. Em março tornou a adoecer, com uma febre muito alta. Nenhum remédio o aliviava. Previu então sua morte e fez um pedido estranho: "enterrem logo o meu corpo para que não tenham contrariedade".

Recebeu a Unção dos Enfermos e o Viático, preparando-se para o encontro com o Senhor. Não aceitou ainda a colocação das velas em suas mãos, pois avisaria quando chegasse a hora. Daí poucos minutos, chamou Frei Guilherme e mandou que acendesse a vela e pusesse em suas mãos. Era chegada a hora. Exclamando "Jesus! Jesus! Minha Mãe doce Maria! Meu pai São Francisco", Benedito faleceu na paz do senhor. Era 19 horas de 4 de abril de 1589, terça-feira de Páscoa, aos 65 anos de idade, dos quais passara 21 anos no mundo, 17 no Eremitério e 27 na Ordem Franciscana.

A profecia de que era preciso enterrar logo o seu corpo cumpriu-se após o velório: Uma grande multidão invadiu o Convento querendo relíquias ou lembranças do grande santo.
Em 7 de maio de 1592, seu corpo foi transladado pela primeira vez. Do seu corpo exalava sublime perfume, sendo seu corpo encontrado em perfeito estado de conservação, sem uso de qualquer produto químico.
Em 3 de outubro de 1611 foi feita a segunda transladação do corpo, colocado em urna de cristal. Ainda hoje continua conservado, exposto em Urna Mortuária para visitação pública numa Capela lateral da Igreja de Santa Maria, em Palermo, Itália.

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