quarta-feira, 31 de julho de 2019

31 de julho - O Reino do Céus é como um tesouro escondido no campo. Mt 13,44


O que Jesus queria dizer com as duas parábolas do tesouro escondido e da pérola preciosa? Mais ou menos isso: chegou a hora decisiva da história. O Reino de Deus chegou à terra! Concretamente, trata-se d’Ele, de sua vinda à terra. O tesouro escondido, a pérola preciosa não é outra coisa senão o próprio Jesus. É como se Jesus quisesse dizer isso com suas parábolas: a salvação chegou a vós gratuitamente, por iniciativa de Deus; tomai a decisão, aproveitai a oportunidade, não a deixeis passar. Chegou a hora da decisão.

O que me vem à mente é o que aconteceu no dia em que a 2ª Guerra Mundial terminou. Na cidade, os partisanos e os aliados abriram os armazéns de provisões que o exército alemão tinha deixado ao retirar-se. Em pouco tempo, a notícia chegou aos povoados do campo e todos correram velozmente para pegar todas essas maravilhas: uns voltaram para casa com cobertores, outros com cestas de alimentos.

Acho que Jesus, com essas duas parábolas, queria criar um clima assim. Ele queria dizer: Correi enquanto estais a tempo! Existe um tesouro escondido que vos espera gratuitamente, uma pérola preciosa. Não percais essa oportunidade. Só que, no caso de Jesus, o que está em jogo é infinitamente mais sério. Trata-se de arriscar tudo para receber tudo. O Reino é a única realidade que pode salvar do risco supremo da vida, que é o de perder o motivo pelo qual estamos neste mundo.

Padre Raniero Cantalamessa – 25 de julho de 2008

Hoje celebramos:

31 de julho - Beata Afonsa Maria Eppinger


Madre Afonsa Maria Eppinger foi beatificada na França em 09 de setembro de 2018, a nova Beata é fundadora das Irmãs do Santíssimo Salvador, cujo carisma é responder às aspirações das pessoas de viver sua dignidade, na paz e na felicidade, o rito de beatificação foi presidido pelo Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Becciu, na Catedral de Estrasburgo, que na sua homilia fala do amor de Deus pela Beata:

A beatificação de Elisabeth Eppinger, que passou a se chamar Afonsa Maria em honra de Santo Afonso de Ligório, nos mostra de maneira exemplar o que significa ser abençoado, o que significa ser abençoada. Significa tomar Jesus Cristo como uma medida de tudo, sendo chamado de abençoado por ele mesmo e, portanto, vivendo uma proximidade particular com ele, como claramente emerge de suas bem-aventuranças. Nas bem-aventuranças, o íntimo mistério de Jesus Cristo resplandece. Eles são, de acordo com as belas palavras do Papa Bento XVI em seu livro sobre Jesus de Nazaré, como "uma oculta biografia interna de Jesus, um retrato de sua figura". De maneira semelhante, Santo Agostinho expressou sua convicção de que somente Jesus realmente realizou plenamente o sermão na montanha, no centro do qual estão as bem-aventuranças. Somente nesta perspectiva cristológica o significado do discipulado no seguimento de Jesus nasce das bem-aventuranças.


Elisabeth - como foi chamada no batismo - nasceu em 9 de setembro de 1814, em Niederbronn Les Bains, norte da Alsácia, na França. Era a primeira de onze filhos de uma família de camponeses. A menina cresceu em condições de vida simples no âmbito familiar, paroquial e urbano.

Durante a sua juventude foi acometida por diversas doenças. No entanto, Elisabeth levou uma vida de profunda espiritualidade e suas experiências de vida a levou a ser muito conhecida entre as pessoas, entre as quais o Padre Jean David Reichard, pároco da sua cidadezinha natal, que, em 1823, foi testemunha ocular das suas vicissitudes; Dom André Raess, Bispo de Estrasburgo (1842 a 1887), interessou-se, pessoalmente, do seu caminho espiritual, tanto que foi visitar a jovem em sua cidadezinha, e ficou persuadido de que ela tinha desígnios especiais divinos, pois era atraída pela contemplação da Vida e Paixão de Jesus.

Elisabeth Eppinger sentiu o desejo de consagrar-se a Deus para ajudar as pessoas nas suas necessidades físicas e morais. Durante 1848, foi-lhe dada a graça de compreender que devia fundar um Instituto religioso, com a ajuda do seu Pároco, de profunda fé. De fato, ele se mobilizou para que este projeto de amor fosse aprovado pelo Bispo.
Por isso, Elisabeth Eppinger continuou sua obra de fazer conhecer o amor de Deus, em um contexto de confusão social e política do século XIX. Assim, comprometeu-se para responder às aspirações profundas das pessoas de viver sua dignidade, na paz e na felicidade. A sua obra deu origem a uma primeira comunidade religiosa, que teve início em 28 de agosto de 1849, com várias jovens da sua cidade natal.

As primeiras atividades da nova família religiosa foram de cunho missionário. No entanto, as Irmãs cuidavam dos pobres e doentes a domicílio, das crianças abandonadas e dos necessitados. A partir de então, Elisabeth Eppinger passou a ser chamada Madre Afonsa Maria e foi a primeira Superiora Geral.
Mais tarde a Congregação das “Filhas do Divino Redentor” ficou conhecida como “Irmãs do Santíssimo Salvador”, reconhecida pela Igreja em 1866. Madre Afonsa Maria faleceu em Niederbronn no dia 31 de julho de 1867.



terça-feira, 30 de julho de 2019

30 de julho - Beata Maria Vicenta de Santa Doroteia Chávez Orozco


Madre Maria Vicenta nasceu no Estado de Cotija, Michoacán, México, filha de Luís Chávez e de Benigna de Jesus Orozco, no dia 6 de fevereiro de 1867; aos dois meses recebeu na pia batismal o nome de Doroteia, que significa “presente de Deus”. 

Nos primeiros anos de sua vida trabalhou como pastora e antes da Primeira Comunhão lhe deram um Menino Jesus de porcelana que seria seu companheiro por toda a vida. Todos os anos a família deixava a ela o encargo de preparar o presépio para os festejos de Natal, e muitos vizinhos vinham vê-lo, pois havia um encanto na forma como ela colocava as figuras, a cada ano de um modo diferente.

Após uma terrível inundação, a família ficou ainda mais pobre do que antes e o pai decidiu mudar-se para Cocula, Jalisco, Guadalajara, e passou a morar no bairro pobre de migrantes chamado Mexicaltzingo,  onde a umidade e a falta de alimentação fizeram Doroteia adoecer gravemente dos pulmões; ela foi atendida no Hospital da Santíssima Trindade da Confraria de São Vicente de Paula. Era o ano 1892, Doroteia tinha 24 anos.

As Filhas da Caridade haviam sido expulsas de Guadalajara no ano em que Doroteia nasceu; as asas brancas de seus véus não eram vistas no Hospício Cabañas e nos hospitais de Belém e de São Felipe. Mas senhoras católicas tinham providenciado a construção do pequeno Hospital da Santíssima Trindade junto à igreja paroquial.

E foi neste hospital que a Providência dispôs que Doroteia fosse internada e “por uma graça especial de Deus, no mesmo dia em que ingressei no hospital concebi a ideia e tomei a resolução de consagrar-me ao serviço de Deus Nosso Senhor e Salvador na pessoa dos pobrezinhos doentes”, conforme narra a própria Beata.

Quando Doroteia recebeu alta, foi para sua casa para despedir-se de seus familiares e voltou para ficar definitivamente a serviço do hospital. A partir de 19 de julho de 1892 o hospital e os doentes seriam seus pais e seus irmãos: Doroteia Chávez se uniu às duas Vicentinas que atendiam o centro de saúde.

Em 1896, como a nova diretora do hospital, Margarida Gómez, desse um regulamento sumamente estrito às religiosas que ali trabalhavam, as companheiras de Doroteia saíram e ela ficou sozinha no grande edifício cheio de misérias. Naquela época ela estudava anatomia e outras matérias para dar um melhor atendimento aos doentes que acolhiam.

Então, com a ajuda do Cônego Miguel Cano Gutiérrez, no dia 15 de agosto de 1910, Doroteia e outras seis postulantes emitiram os primeiros votos como Servas da Santíssima Trindade e dos Pobres. Ao professar, tomou o nome de Maria Vicenta de Santa Doroteia.

Naquele mesmo ano fundaram um hospital em Zapotlán el Grande. As erupções do vulcão de Colima foram o batismo de sangue da obra, pois todo o povoado se converteu em um hospital para atender e dar de comer, assistir e ajudar a morrer bem.

Em 1913 a Congregação foi formalizada; o primeiro capítulo geral a escolheu como Superiora Geral. Outro hospital foi fundado em Lagos de Moreno e San Juan de los Lagos, e outros pequenos hospitais e asilos para anciãos foram aparecendo, porque a caridade de Nosso Senhor Jesus Cristo lhes pedia isto.

As guerras externas (perseguição callista) e as guerras internas (desejos de reforma da Congregação) resultaram na retirada do cargo de Madre Vicenta e ela foi enviada para Zapotlán. Em 1929, o novo capítulo geral a recolocou no cargo de Superiora Geral.
Entre doentes e mil pequenos serviços Madre Vicentita, como era conhecida, chegou à idade de 82 anos, quando faleceu, no dia 29 de julho de 1949.

Madre Vicentita passou para a história por sua grande bondade, doçura e caridade. Havia servido Aquele que estando sozinho, doente e velho, pobre e desvalido fora acolhido nos hospitais e asilos que seu imenso amor a Ele havia construído. Foi proclamada Beata pelo Papa João Paulo II em 9 de novembro de 1997, em Roma, que na sua homilia nos deixa esse lindo testemunho:

Templo precioso da Santíssima Trindade foi a alma forte e humilde da nova beata mexicana, Maria Vicenta de Santa Doroteia Chávez Orozco. Animada pela caridade de Cristo, sempre vivo e presente na sua Igreja, consagrou-se ao Seu serviço na pessoa dos “pobrezinhos enfermos”, como maternalmente chamava. Inúmeras dificuldades e contratempos modelaram o seu caráter enérgico, pois Deus quis que ela fosse simples, doce e obediente, tornando-a pedra angular do Instituto das Servas da Santíssima Trindade e dos Pobres, fundado pela nova beata na cidade de Guadalajara, para cuidar dos enfermos e dos idosos.
Virgem sensata e prudente, edificou a sua obra no fundamento de Cristo sofredor, curando com o bálsamo da caridade e com o remédio do conforto os corpos feridos e as almas aflitas dos prediletos de Cristo: os indigentes, os pobres e os necessitados.
O seu exemplo luminoso, entretecido de oração, de serviço ao próximo e de apostolado, prolonga-se hoje no testemunho das suas filhas e de tantas pessoas de coração nobre, que se empenham com desvelo para levar aos hospitais e às clínicas a Boa Nova do Evangelho.



30 de julho - “Explica-nos a parábola do joio!” Mt 13,36


O Evangelho de hoje, apresenta a explicação que Jesus oferece aos discípulos sobre a parábola do trigo e do joio, que enfrenta o problema do mal no mundo, pondo em evidência a paciência de Deus. A cena desenrola-se num campo onde o senhor lança a semente; mas certa noite chega o inimigo e semeia o joio, termo que em hebraico deriva da mesma raiz do nome Satanás, evocando o conceito de divisão. Todos nós sabemos que o diabo é um semeador de joio, aquele que procura sempre dividir as pessoas, as famílias, as nações e os povos. Os empregados gostariam de arrancar imediatamente a erva daninha, mas o senhor impede-o com a seguinte motivação: Ao extirpardes o joio, correis o risco de arrancar também o trigo. Pois todos nós sabemos que o joio, quando cresce, se assemelha muito ao trigo, e existe o perigo de se confundirem.

O ensinamento da parábola nos recorda que o mal existente no mundo não deriva de Deus, mas do seu inimigo, o Maligno que sai à noite para semear o joio, na escuridão, na confusão; semeia onde não há luz. Este inimigo é astuto: semeou o mal no meio do bem, de tal forma que para nós, homens, é impossível separá-lo claramente; mas no final Deus conseguirá fazê-lo!

Nos recorda também a oposição entre a impaciência dos empregados e a espera paciente do dono do campo, que representa Deus. Às vezes temos uma grande pressa de julgar, classificar, pôr de um lado os bons e do outro os maus. Ao contrário, Deus sabe esperar. Ele olha para o campo da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia: vê muito melhor do que nós a sujeira e o mal, mas vê também os germes do bem e espera com confiança que eles amadureçam. Deus é paciente, sabe esperar.

Como isto é bom! O nosso Deus é um Pai paciente que nos espera sempre, que nos aguarda com o coração na mão para nos receber e perdoar. Perdoa-nos sempre se formos ter com Ele.
A atitude do dono do campo é aquela da esperança fundada na certeza de que o mal não é a primeira nem a última palavra. E é graças a esta esperança paciente de Deus que o próprio joio, ou seja, o coração maldoso, com muitos pecados, no final pode tornar-se uma boa semente. Mas atenção: a paciência evangélica não é indiferença diante do mal; não se pode fazer confusão entre o bem e o mal! Perante o joio presente no mundo, o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência de Deus, a alimentar a esperança com o alento de uma confiança inabalável na vitória final do bem, ou seja, de Deus.

Com efeito, no final o mal será arrancado e eliminado: no tempo da colheita, isto é do juízo, os ceifeiros cumprirão a ordem do senhor, separando o joio para o queimar. Naquele dia da ceifa final o Juiz será Jesus, Aquele que lançou a boa semente no mundo e, tornando-se Ele mesmo grão de trigo, morreu e ressuscitou. No final, todos nós seremos julgados com a mesma medida com a qual tivermos julgado: a misericórdia que tivermos usado em relação aos outros será utilizada também para conosco. Peçamos a Nossa Senhora, nossa Mãe, que nos ajude a crescer na paciência, na esperança e na misericórdia com todos os irmãos.

Papa Francisco – 20 de julho de 2014

Hoje celebramos:
           

segunda-feira, 29 de julho de 2019

29 de julho - Santo Olaf


Santo Olavo (Olaf) nasceu em 995 e era filho do rei Harald Grenske da Noruega. Em sua juventude, ele foi para a Inglaterra como um viking, onde participou de muitas batalhas e ficou muito interessado no cristianismo. Recebeu o batismo em Rouen, França das mãos do arcebispo Robert em 1010. Em 1015 com a idade de 20 anos ele retornou à Noruega.

Depois de passar por várias dificuldades, ele foi eleito rei da Noruega e levou a religião cristã como base de seu reino. Ele lutou contra práticas pagãs duras, demolindo templos, construindo igrejas nesses lugares e trazendo bispos e padres da Inglaterra.

Sua valente luta contra a antiga constituição do condado e pela união da Noruega, assim como seu amor pelo cristianismo, fez surgir inimigos. Os clãs se rebelaram contra Olaf e foram ao rei Canuto, da Dinamarca e da Inglaterra, em busca de ajuda. Desta forma Olaf foi traído, expulso e Canuto tornou-se rei da Noruega.

Após dois anos de exílio, Olaf retornou à Noruega com um exército e encontrou os rebeldes em Stiklestad, onde uma batalha ocorreu em 29 de julho de 1030. O rei Olaf lutou com coragem, mas foi mortalmente ferido. Antes de morrer, ele orou: "Deus me ajude".

Muitos milagres foram reportados em sua tumba e no vale do Rio Vid onde ele tombou ferido mortalmente. Ali onde ele caiu, inexplicavelmente uma fonte passou a jorrar água e a ela foi logo creditada com poderes de cura milagrosa e vários outros milagres Santo Olaf foram atribuídos.
Ele foi considerado o santo e herói nacional da Noruega e no ano seguinte à sua morte o bispo Grumkel construiu uma capela no local de sua tumba.
Ele foi zeloso pela cristandade, embora rude e feroz, fez a independência da Noruega e espalhou o evangelho por toda a região com nas cruzadas contra os bárbaros. Em 1075 quando o seu corpo foi exumado para ser trasladado para a Catedral de Nidaros, encontraram seu corpo incorrupto. A catedral logo se tornou um local de veneração e peregrinação e muitos milagres foram creditados a sua intercessão.

Ele foi canonizado em 1164 pelo Papa Alexandre III.

29 de julho - “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Jo 11,21


No Evangelho de hoje — a ressurreição de Lázaro — nós ouvimos a voz da fé pronunciada por Marta, a irmã de Lázaro. A Jesus que diz: O teu irmão ressuscitará, ela responde: Sei que ressuscitará na ressurreição do último dia. Mas Jesus responde: Eu sou a ressurreição e a vida: quem crê em Mim, mesmo se morrer, viverá. Eis a verdadeira novidade, que prorrompe e supera qualquer barreira! Cristo abate o muro da morte, n’Ele habita toda a plenitude de Deus, que é vida, vida eterna. Por isso a morte não teve poder sobre Ele; e a ressurreição de Lázaro é sinal do seu domínio pleno sobre a morte física, que diante de Deus é como um sono.

Mas há outra morte, que custou a Cristo a luta mais dura, inclusive o preço da cruz: é a morte espiritual, o pecado, que ameaça arruinar a existência de cada homem. Para vencer esta morte Cristo morreu, e a sua Ressurreição não é o regresso à vida precedente, mas a abertura de uma realidade nova, uma nova terra, finalmente reunida com o Céu de Deus. Por isso são Paulo escreve: Se o Espírito de Deus, que ressuscitou Jesus dos mortos, habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo dos mortos dará a vida também aos vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que habita em vós.

Queridos irmãos, dirijamo-nos à Virgem Maria, que já participa desta Ressurreição, para que nos ajude a dizer com fé: Sim, ó Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, e a descobrir verdadeiramente que Ele é a nossa salvação.
           
Papa Bento XVI – 10 de abril de 2011

Hoje celebramos:


domingo, 28 de julho de 2019

28 de julho - “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos”. Lc 11,1


É em Jesus que o homem se torna capaz de se aproximar de Deus com a profundidade e a intimidade da relação de paternidade e filiação. Com os primeiros discípulos, com confiança humilde, dirijamo-nos então ao Mestre e peçamos-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar”.

Sabemos que a oração não se deve dar por certa: é preciso aprender a rezar, quase adquirindo esta arte sempre de novo; mesmo aqueles que estão muito avançados na vida espiritual sentem sempre a necessidade de se pôr na escola de Jesus para aprender a rezar autenticamente.

Recebemos a primeira lição do Senhor através do seu exemplo. Os Evangelhos descrevem-nos Jesus em diálogo íntimo e constante com o Pai: é uma profunda comunhão daquele que veio ao mundo não para fazer a sua vontade, mas a do Pai que O enviou para a salvação do homem.

O homem de todos os tempos reza porque não consegue deixar de se interrogar sobre o sentido da sua existência, que permanece obscuro e desolador, se não se puser em relação com o mistério de Deus e do seu desígnio acerca do mundo. A vida humana é um entrelaçamento de bem e de mal, de sofrimento imerecido e de alegria e beleza, que espontânea e irresistivelmente nos impele a pedir a Deus a luz e a força interiores que nos socorram na terra e descerrem uma esperança que vá para além dos confins da morte. 
           
Papa Bento XVI – 04 de maio de 2011

Hoje celebramos:

28 de julho - São Vitor I - Papa


São Vitor I, primeiro papa africano, foi sucessor de Santo Eleutério no trono pontifício, sendo o papa de número 14.
Nasceu na Tunísia, sendo criado sob a influência do Império Romano e do cristianinsmo, em uma época onde ainda existia muita perseguição.

Apóstolo rigoroso no zelo pela Igreja de Cristo, tinha pleno conhecimento de suas atribuições conferidas por Deus. Pôs em evidência a autoridade papal, combateu constantemente a heresia e tratou a questão da festa da Páscoa.

As heresias que surgiam, só não se propagaram danosamente, devido ao constante embate empreendido pelos Papas e companheiros mártires que, em grande número, testemunharam a fé com a própria vida. 

Durante o seu pontificado, Teodoro de Bizâncio, que havia negado a Cristo numa das perseguições, passou a ensinar que Jesus Cristo representava uma figura meramente humana e usava deste argumento, não só para disseminar o erro, mas particularmente para justificar a sua apostasia. Nesta grave afirmação, acabou corrompendo muitos fiéis e a ele filiaram-se não poucos sectários.  Não satisfeito com a difusão desta danosa doutrina, dirigiu-se a Roma a fim de alastrar o erro no centro da Religião de Cristo.  São Vitor imediatamente reagiu, declarando anátema o líder e todos que seguiam a falsa doutrina. Empreendeu luta tão intensa que conseguiu esvaziar completamente a heresia, de forma que Teodoro saiu de Roma e nunca mais dele se ouviu falar. 

Empreendeu firme resolução de não deixar vingar as investidas do erro em solo sagrado, conservando sua constante vigilância ao rebanho de Cristo. 

Na questão da fixação da Festa da Páscoa, enfrentou sérias discordâncias daqueles que tinha por costume, celebrar a festa da Páscoa no dia 14 da lua de março, coincidindo com os ritos judaicos.  No pontificado de Santo Aniceto (155 a 166), aliás, houve certa divergência entre ele e São Policarpo, que desejava muito que o costume da Igreja Asiática fosse introduzido na Igreja de Roma.  Santo Aniceto, com razão, não queria abolir o costume que fora introduzido por São Pedro. Porém, na época, permitiu que Igreja Asiática continuasse celebrando a Páscoa segundo seus costumes.

São Vitor, porém, chegou à conclusão que a diferença estabelecida entre a Igreja do Ocidente e a Igreja do Oriente, poderia acabar favorecendo uma eventual divisão dos fiéis e provável cisma. Decidiu, assim, uniformizar a celebração da Páscoa, conforme São Pedro já deixara padronizado. Assim, determinou que todas as Igrejas do mundo se ajustassem neste particular com a Igreja de Roma, ou seja, decretou que em nenhuma parte fosse celebrada a Páscoa no dia 14 do equinócio vernal, mas no primeiro domingo subsequente à primeira lua cheia de 14 de Nisã (calendário judaico).

Sucedeu que o bispo Polícrates, se opôs veementemente à decisão do Sumo Pontífice, o que acabou culminando em sua excomunhão.  Seu ato drástico resultou protestos de santo Irineu de Lião, o Papa Vitor acatou seus conselhos e retirou a sentença de excomunhão.

Prescreveu diversas outras normas canônicas, dentre as quais a que desobriga o uso de água consagrada da pia batismal.  Autorizou o uso de água natural para casos de grave necessidade, onde é facultado a qualquer cristão batizar, diante de possibilidade iminente de morte.

As medidas que tomou na liderança da Igreja marcam profundamente o culto católico atual. À exceção do idioma no qual as missas são celebradas, muitos dos costumes cristãos que marcam a sociedade ocidental são provenientes de sua época. Ainda que tenha sido marcante no sentido litúrgico e que sua época já apresentasse melhoras para a vida cotidiana dos fiéis, o Papa Vitor I foi vítima da chamada quinta perseguição, promovida pelo imperador romano Sétimo Severo, que era pagão. Acredita-se que Vitor I tenha sido martirizado nesse contexto e sua vida tenha se encerrado aos 44 anos de idade em 28 de julho de 199, após 10 anos de pontificado.



sábado, 27 de julho de 2019

27 de julho - Beata Lucia Bufalari de Amélia


A tradição nos diz que a Beata Lucia Bufalari nasceu em Porchiano del Monte, uma aldeia a poucos quilômetros de Amélia, na Úmbria, Itália, onde, em meados do século XIII, fora construído o convento dos Agostinianos, cuja espiritualidade certamente atraiu a jovem Lúcia e também seu irmão, João. Este ingressou no convento e logo se mudou para Rieti, onde morreu muito jovem, e é conhecido com o nome de Beato João de Rieti.

Segundo alguns testemunhos agostinianos a jovem Lúcia pediu a seus pais para poder entrar nas Terciárias Agostinianas "na clausura que em Amélia tinha nossas religiosas", mas nenhuma documentação relativa a algum convento feminino que seguisse a regra agostiniana  no século XIV em Amélia chegou até nós.

Alguns historiadores descrevem as mortificações e penitências que a Beata se submetia, um lugar-comum em muitas vidas de santos. O cronista agostiniano continua a falar da afabilidade da Beata, de suas virtudes que convenceram as coirmãs a elegê-la sua prioresa, apesar de ser uma das mais jovens. Entretanto, não temos nenhum documento contemporâneo atestando a presença de uma comunidade estruturada de religiosas Agostinianas. Mas podemos presumir que algum grupo de "terciárias" realmente viveu à sombra do mosteiro masculino, pois, bem no canto do agora antigo mosteiro de Santa Monica, sempre foi indicada pela piedade popular a cela onde a Beata Lúcia teria vivido e morrido, e dentro da qual foi colocado um quadro de Jacinto Gimignani que a retrata.

Sua morte teria ocorrido em 27 de julho de 1350. A Beata foi enterrada na sacristia de Santo Agostinho, em um túmulo único e bem reconhecível, um sinal claro da devoção que cercava Lúcia. E diante do túmulo logo começaram a florescer milagres, especialmente em favor das crianças "enfeitiçadas”, isto é, vítimas da ação do demônio. No quadro a Beata Lúcia expulsa o demoníaco mestre do mal.

Os registros históricos sobre a Beata aparecem somente em 1614, quando os Anciãos da Cidade de Amélia certificaram com um ato público que o corpo incorrupto da Beata "foi mantido na sacristia da igreja de Santo Agostinho e foi considerado e reverenciado por todos os habitantes da cidade como de uma santa".

Nos anos seguintes seu corpo foi exumado da sepultura primitiva, posto em uma urna de madeira dourada e exposto sobre um altar da igreja, onde permaneceu até 24 de abril de 1925 quando, em uma cerimônia solene, foi colocado em uma urna nova e recolocado sob um altar da igreja do mosteiro de Santa Monica. Ali permaneceu até maio de 2011. Então, devido à saída das monjas e da recente indisponibilidade da igreja, foi recolocado sob o altar da Catedral de Amélia.

O culto da Beata Lucia foi confirmado pelo Papa Gregório XVI em 3 de agosto de 1832. A sua festa é celebrada em 27 de julho. Ela é invocada contra a possessão diabólica.


27 de julho - Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora. Mt 13,25


O tema contido no Evangelho hoje é precisamente o Reino dos céus. O céu não deve ser entendido unicamente no sentido da altura que nos ultrapassa, porque tal espaço infinito possui também a forma da interioridade do homem.
Jesus compara o Reino dos céus com um campo de trigo, para nos levar a compreender que dentro de nós foi semeado algo de pequeno e escondido que, no entanto, possui uma força vital insuprimível. Não obstante todos os obstáculos, a semente desenvolver-se-á e o fruto amadurecerá. Este fruto só será bom, se o terreno da vida for cultivado em conformidade com a vontade divina.

Por isso, na parábola do trigo bom e do joio, Jesus admoesta-nos que, depois da sementeira realizada pelo dono, enquanto todos dormiam, interveio o seu inimigo, que semeou a erva daninha.
Isto significa que devemos estar prontos para conservar a graça recebida desde o dia do Batismo, continuando a alimentar a fé no Senhor, a qual impede que o mal ganhe raízes.

Santo Agostinho, comentando esta parábola, observa que muitos, primeiro são joio e depois tornam-se trigo bom, e acrescenta: Se eles, quando são malvados, não fossem tolerados com paciência, não chegariam à mudança louvável.

Papa Bento XVI – 17 de julho de 2011

Hoje celebramos:

sexta-feira, 26 de julho de 2019

26 de julho - Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Mt 13,16


Celebramos hoje a memória dos Santos Joaquim e Ana, pais de Nossa Senhora e, portanto, avós de Jesus. Esta celebração faz pensar no tema da educação, que ocupa um lugar importante na pastoral da Igreja.

Em particular, convida-nos a rezar pelos avós, que na família são os depositários e muitas vezes as testemunhas dos valores fundamentais da vida. A tarefa educativa dos avós é sempre muito importante, e torna-se ainda mais quando, por diversos motivos, os pais não são capazes de assegurar uma presença adequada ao lado dos filhos, na idade do crescimento.

Confio à salvaguarda de Santa Ana e de São Joaquim todos os avós do mundo, concedendo-lhes uma bênção especial. A Virgem Maria, — que segundo uma bonita iconografia — aprendeu a ler as Sagradas Escrituras no colo da mãe Ana, os ajude a alimentar sempre a fé e a esperança nas fontes da Palavra de Deus

Papa Bento XVI – 26 de julho de 2009

Hoje celebramos:

26 de julho - Beato André de Phu Yên


André de Phu Yên era um jovem em quem o Padre Alexandre de Rhodes percebera uma grande inteligência e uma intensa vida espiritual. Para ajudar os sacerdotes no anúncio do Evangelho, em primeiro lugar ele acolheu-o entre os seus mais próximos colaboradores e, depois, na associação dos catequistas Maison Dieu. A partir daquele momento, atraído por Cristo, André empenhou-se publicamente em dedicar a sua vida ao serviço da Igreja, aceitando com generosidade compartilhar até ao fim o sacrifício do Senhor crucificado, certo de O seguir na sua ressurreição.

Após mais de trezentos e cinquenta anos, os católicos do Vietnã não esqueceram esta testemunha do Evangelho, protomártir do seu País. Encontraram nele um modelo de fé serena e de amor generoso para com Cristo e a sua Igreja. Oxalá eles descubram ainda hoje no seu exemplo a força para permanecerem fiéis à própria vocação cristã, na lealdade para com a Igreja e ao seu País! O Beato André, cujo zelo ardente permitiu que o Evangelho fosse proclamado, arraigado e desenvolvido, dê a todos os catequistas a audácia de serem autênticas testemunhas da fé, através duma vida inteiramente dedicada a Cristo e aos irmãos!
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 06 de março de 2000

O Beato André de Phu Yên, conhecido como protomártir do Vietnã, nasceu em 1624, era dotado de inteligência e bom coração. Por insistência de sua mãe, pe. Alexandre de Rhodes, um missionário jesuíta francês, concordou em incluí-lo entre seus alunos. Ele logo superou seus colegas, e, juntamente com sua mãe, ele recebeu o batismo em 1641. Ele teria cerca de 15 anos de idade.
Tornou-se um dos colaboradores mais próximos do Padre Rhodes, e após um ano de formação tornou-se catequista na Maison Dieu, instituto fundado pelo Padre Rhodes, cujos membros faziam uma promessa pública de passar sua vida inteira servindo à Igreja, ajudando os padres e espalhando o Evangelho.
Antes do final de julho de 1644, o mandarim Ong Nghe Bo retornou à província que governava e onde André morava. Ele tinha ordens do rei de Annam para impedir a expansão do cristianismo em seu reino. Pe. Rhodes, sem saber das intenções do mandarim, fez uma visita de cortesia, mas foi rapidamente informado de que o rei de Annam estava irritado com o grande número de chineses que seguiam a fé cristã. Pe. Rhodes, portanto, deveria deixar o país e não mais ensinar a doutrina cristã aos chineses; já que estes eram os súditos do rei, se continuasse incorreria nas mais severas penalidades.
Pe. Rhodes deixou o palácio e foi diretamente para a prisão, onde um catequista idoso já estava encarcerado. Enquanto isso, o mandarim enviava soldados para a casa do Padre Rodes em busca de outro catequista, mas ele partira em missão apostólica. Eles encontraram o jovem André em seu lugar. Para não voltar de mãos vazias para Ong Nghe Bo, eles espancaram André, amarraram-no e transferiram-no para o palácio do governador.

Em 25 de julho de 1644, André foi levado ao mandarim, que tentou de várias maneiras fazer com que ele "desistisse da sua opinião insensata e desistisse da fé". Mas ele respondeu que era cristão e estava pronto para suportar qualquer sofrimento para não abandonar a lei que professava. 

Indignado com a inflexibilidade de André, o mandarim ordenou que ele fosse levado para a prisão. O jovem André era tão sereno e alegre por poder sofrer por Cristo que as pessoas que o procuravam recomendavam-se às suas orações. Ele pediu-lhes que rezassem para que Deus lhe desse a graça de ser fiel até o fim e "responder com plenitude de amor ao infinito amor de seu Senhor, que deu sua vida pelos homens".

No dia seguinte, 26 de julho, André foi levado para a audiência pública do governador, onde foi condenado à morte. À tarde, um capitão levou André pelas ruas de Ke Cham até o local de execução, um campo fora da cidade. Pe. Rhodes, muitos cristãos portugueses e vietnamitas, e até pagãos seguiram a procissão e testemunharam o assassinato. André exortou os cristãos a permanecerem firmes em sua fé, a não se entristecerem com sua morte e a ajudá-lo em suas orações a ser fiel até o fim. 
Ele foi executado com alguns golpes de lança e, finalmente, quando estava prestes a ser decapitado com uma cimitarra, ele gritou o nome de Jesus em voz alta. André aceitou o sacrifício de sua vida pela fé e amor de Cristo, ele tinha apenas 19 anos.




quinta-feira, 25 de julho de 2019

25 de julho - Beato Darío Acosta Zurita


Entre os mártires de Cristo Rei que foram beatificados em 20 de novembro de 2005, havia dez leigos e três sacerdotes, entre eles um sacerdote recém ordenado, carinhosamente chamado pelos seus fiéis: Padre Darío.
Ele nasceu em Naolinco, Veracruz, no seio de uma família camponesa modesta e se chamava Ángel Darío. A revolução anticlerical mexicana não o impediu de entrar no seminário, como estudante externo e tornar-se padre em 1931. Sua primeira designação foi a paróquia de Assunção de Veracruz, como vigário cooperativo.

Desde a sua chegada a Veracruz, foi notável para as pessoas o seu fervor e gentileza, a sua preocupação pela catequese das crianças e a dedicação ao sacramento da reconciliação. Quando a perseguição se intensificou, ele não quis se esconder para poder dedicar-se aos seus deveres sacerdotais. 

Naqueles dias, o decreto 197, " Lei Tejeda ", foi promulgado, referindo-se à redução de sacerdotes em todo o Estado de Veracruz, para acabar com o "fanatismo do povo". Em nome do governador, uma carta foi enviada a cada sacerdote exigindo o cumprimento dessa lei. No dia em que a lei entrou em vigor, os sacerdotes da paróquia da Assunção permaneceram em seus postos, dedicando-se ao seu trabalho pastoral. Os soldados entraram no templo, apinhados de gente e começaram a atirar nos padres, o único que morreu foi o padre Ángel, que acabara de administrar o batismo a uma criança, foi baleado crivado de balas e exclamou: "Jesus!". 

Tudo era confusão e caos, gritos das crianças e dos idosos, que de maneira apressada, tentavam se refugiar debaixo dos bancos ou correram à procura da porta de saída. Quando ouviu os disparos, o pároco saiu da sacristia pedindo que também ele fosse morto, mas os assassinos haviam fugido. O pároco se aproximou para dar a última ajuda ao padre Darío.
 O corpo foi levado para a Cruz Vermelha para seguir os procedimentos legais. 

Sua beatificação foi aprovada por Sua Santidade Bento XVI e em 20 de novembro de 2005 foi beatificado em uma celebração presidida pelo Cardeal José Saraiva Martins, que em sua homilia proclamou:
"Todos os tempos são de martírio" advertes. Agostinho de Hipona porque "todos os que quiserem viver a fé em Cristo serão perseguidos" (2 Tm 3, 12). Queridos irmãos: viver plenamente todos os dias a nossa entrega fiel a Cristo e por amor a Ele, a todos os homens, requer muitos sacrifícios e renúncias. Não obstante, Cristo está sempre disposto a dar-nos a força necessária para O podermos servir e amar nos nossos irmãos, principalmente nos mais desprovidos e necessitados do nosso amor, compreensão e perdão.
 



25 de julho - Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Mt 20,22


No cenário de fundo do terceiro anúncio da paixão, morte e ressurreição do Filho do Homem, sobressai, pelo seu clamoroso contraste, a cena dos dois filhos de Zebedeu, Tiago e João, que, ao lado de Jesus, ainda correm atrás de sonhos de glória. Pediram-Lhe: Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda. Contundente é a resposta de Jesus, e inesperada a sua pergunta: Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu bebo?
A alusão é claríssima: o cálice é o da paixão, que Jesus aceita para cumprir a vontade do Pai. O serviço a Deus e aos irmãos, a doação de si mesmo: esta é a lógica que a fé autêntica imprime e gera na nossa existência quotidiana, mas que está em contradição com o estilo mundano do poder e da glória.

Com o seu pedido, Tiago e João mostram que não compreendem a lógica de vida que Jesus testemunha, aquela lógica que deve – segundo o Mestre –caracterizar o discípulo no seu espírito e nas suas ações. E a lógica errada não reside só nos dois filhos de Zebedeu, mas, segundo o evangelista, contagia também os outros dez apóstolos, que começaram a indignar-se contra Tiago e João. Indignam-se, porque não é fácil entrar na lógica do Evangelho, deixando a do poder e da glória. São João Crisóstomo afirma que ainda eram imperfeitos os apóstolos todos: tanto os dois que procuravam obter precedência sobre os outros dez, como os dez que tinham inveja dos dois. E São Cirilo de Alexandria, acrescenta: Os discípulos caíram na fraqueza humana e puseram-se a discutir uns com os outros qual deles seria o chefe, ficando superior aos outros. (…) Isto aconteceu e foi-nos narrado para nosso proveito. (…) O que sucedeu aos santos Apóstolos pode revelar-se, para nós, um estímulo à humildade.

Este episódio deu ocasião a Jesus para Se dirigir a todos os discípulos e chamá-los a Si, de certo modo para os estreitar a Si, a fim de formarem como que um corpo único e indivisível com Ele, e indicar qual é a estrada para se chegar à verdadeira glória, a de Deus: Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo, e quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos.

Papa Bento XVI – 18 de fevereiro de 2012

Hoje celebramos:


quarta-feira, 24 de julho de 2019

24 de julho - Santa Cunegundes (Kinga)


Cunegundes ou Kinga nasceu na família real húngara da dinastia dos Arpádios. Era filha de Bela IV, Rei da Hungria, e de Teodora Laskarysa. Era irmã da Beata Iolanda e de Santa Margarida da Hungria.

Cunegundes foi educada cristãmente na corte. Aos 16 anos casou-se com Boleslau IV, Rei da Polônia. A semente de santidade lançada no coração de Kinga na casa paterna encontrou na Polônia um terreno fértil onde se desenvolver.

Em 1239, ela chegou a Wojnicz, e foi depois para Sandomierz. Kinga teve um vínculo cordial com a mãe do seu futuro esposo, Grzymislawa, e com a sua filha Salomé. Ambas se distinguiam por uma profunda religiosidade, por uma vida ascética e pelo amor à oração, pela leitura da Sagrada Escritura e das vidas dos santos. A companhia cordial destas damas, especialmente nos primeiros e difíceis anos da sua permanência na Polônia, teve uma grande influência sobre Kinga. O ideal da santidade amadureceu sempre mais no seu coração.

Buscando modelos a imitar, escolheu como especial padroeira, a sua santa parente, princesa Santa Edviges da Silésia. Desejando dar à Polônia um santo que pudesse tornar-se um exemplo de amor à Pátria e à Igreja, juntamente com o Bispo de Cracóvia, e com o marido, empenhou-se na canonização do mártir da Cracóvia, Dom Estanislau de Szczepanów, bispo assassinado em 1079, alcançando seu objetivo em 1253.

Ela desejava consagrar-se a Deus de todo o coração mediante o voto de virgindade. Por isso, ao se casar com o príncipe Boleslau convenceu-o a participar de sua escolha por uma vida virginal para a glória de Deus e, depois de uma prova de dois anos, os esposos confiaram ao Bispo Prandota o voto de castidade perpétua. Boleslau mereceu assim o epíteto de o Casto.

Este modo de vida, hoje difícil de ser compreendido, era profundamente arraigado na tradição da Igreja primitiva. Santa Kinga é um exemplo de que tanto o matrimônio como a virgindade vivida em união com Cristo, podem tornar-se uma via de santidade. O matrimônio é a via da santidade, até mesmo quando se torna o caminho da cruz.

A santa rainha levava uma vida penitente e mortificada: visitava as igrejas desde a madrugada, a pé, enfrentando as intempéries; atendia os enfermos nos hospitais; usava cilício sob as vestes principescas. Ela fez-se terceira franciscana e usou publicamente o hábito da instituição.

O convento de Clarissas de Stary Sacz, ao qual Santa Kinga deu início e onde concluiu a sua vida após o falecimento de seu esposo em 1279, testemunham ainda hoje como ela apreciava a castidade e a virgindade.

Há ainda outra característica que a identifica: como princesa, ela soube ocupar-se das coisas de Deus também neste mundo. Ao lado do esposo participou no governo, demonstrando firmeza e coragem, generosidade e solicitude pelo bem do país e dos súditos. Durante as insurreições, na luta pelo poder num reino dividido em regiões e as devastadoras invasões dos Tártaros, Santa Kinga soube enfrentar as necessidades do momento.

Esforçou-se zelosamente pela unidade da herança dos Piast e para reconstruir o país das ruínas não hesitou em doar tudo o que recebera em dote de seu pai para atingir esse objetivo. A ela se deve também o prodigioso descobrimento de sal-gema em Bochnia e de Wieliczka nos arredores de Cracóvia, resultado de sua preocupação pelas necessidades dos seus súditos.

As suas antigas biografias testemunham que o povo a chamava de consoladora, médica, santa mãe. Renunciando à maternidade natural, tornou-se verdadeira mãe de muitos. O desenvolvimento cultural da nação também lhe é devedor: à sua pessoa e ao convento local está ligado o nascimento de verdadeiros monumentos da literatura, como o primeiro livro escrito em língua polaca: Zoltarz Dawidów - Saltério de David.

Quando seu esposo faleceu, em 1279, foi-lhe pedido que tomasse o poder. Ela recusou e recolheu-se em Stary Sacz, onde viveu ainda 13 anos.
"Venho para servir. Esquecei quem fui: só há de novo contar a comunidade uma irmã a mais", dissera ela ao entrar para o convento.

Ela costumava lavar a louça, tratar das enfermas e varrer. Foi escolhida abadessa, pois dera bom exemplo em tudo: tratara a louça com benignidade, as enfermas com caridade e o pó com severidade. Atribuiu-se às suas orações a descoberta de água no interior do mosteiro, que antes devia ser trazida de fora. A sua bondade transpôs os muros do convento: ela construiu edifícios piedosos, foi benfeitora dos franciscanos e resgatou prisioneiros na Turquia.
     
Em 1287 a Polônia foi invadida pelos tártaros. Cunegundes e as setenta Irmãs precisaram abandonar o mosteiro e refugiar-se no castelo de Pyiemin. Mas, os tártaros chegaram ao seu refúgio e as irmãs, assustadas, se lançaram aos pés de sua madre. Tal qual o milagre de Santa Clara em Assis, aqui também os invasores foram detidos por uma força invisível. Passado o perigo, algum tempo depois as irmãs voltaram ao mosteiro.

Depois de um ano de enfermidade, confortada com aparição de São Francisco, Cunegundes morreu aos 68 anos a 24 de julho de 1292.
O Papa Alexandre VIII aprovou o seu culto em 1690.
Em 3 de julho de 1998 um milagre obtido por sua intercessão foi reconhecido, o que possibilitou a sua canonização.

Em 16 de junho de 1999 o Papa João Paulo II a canonizou em Stary Sacz, na homilia ele disse:
Os Santos não passam. Os Santos vivem dos Santos e têm sede de santidade.
Se hoje estamos a falar da santidade, do desejo e da obtenção da santidade, seria necessário perguntar-nos como formar ambientes que favoreçam a sua aspiração. O que fazer a fim de a família, a escola, o ambiente de trabalho, o escritório, as aldeias, as cidades e por fim o país inteiro se tornem uma morada de santos, que influenciem mediante a sua bondade, a fidelidade ao ensinamento de Cristo, o testemunho da vida quotidiana, alimentando o crescimento espiritual de cada homem? Santa Kinga e todos os Santos e Beatos do século XIII respondem: é preciso o testemunho. É necessária a coragem, para não esconder a própria fé. É preciso, enfim, que nos corações dos crentes exista aquele desejo de santidade, que forma não só a vida privada, mas influi sobre a sociedade inteira.

24 de julho - O semeador saiu para semear. Mt 13,3

Hoje Jesus dirige-se à multidão com a célebre parábola do semeador. Trata-se de uma página de certo modo autobiográfica, porque reflete a própria experiência de Jesus, da sua pregação: Ele identifica-se com o semeador, que difunde a boa semente da Palavra de Deus, e dá-se conta dos vários efeitos que ela alcança, segundo o tipo de acolhimento reservado ao anúncio.

Há quem ouve superficialmente a Palavra, mas não a acolhe; há outros que a recebem no momento, mas não têm constância e perdem tudo; há depois aqueles que são dominados pelas preocupações e seduções do mundo; e há enfim quantos ouvem de modo receptivo, como o terreno bom: aqui a Palavra produz fruto em abundância.

Mas este Evangelho insiste também sobre o método da pregação de Jesus, ou seja, precisamente sobre o uso das parábolas. Por que lhes falas mediante parábola? — perguntam os discípulos. E Jesus responde, apresentando uma distinção entre eles e a multidão: aos discípulos, isto é àqueles que já se decidiram a segui-lo, Ele pode falar do Reino de Deus abertamente, mas aos demais, ao contrário, deve anunciá-lo com parábolas, precisamente para estimular a decisão, a conversão do coração; com efeito, pela sua própria natureza as parábolas exigem um esforço de interpretação, interpelam a inteligência mas também a liberdade.

São João Crisóstomo explica: Jesus pronunciou estas palavras com a intenção de atrair a Si os seus ouvintes e de os estimular, assegurando que, se O procurarem, Ele curá-los-á.
No fundo, a verdadeira Parábola de Deus é o próprio Jesus, a sua Pessoa que, no sinal da humanidade, esconde e ao mesmo tempo revela a divindade. Deste modo, Deus não nos obriga a crer nele, mas atrai-nos a Si com a verdade e a bondade do seu Filho encarnado: Com efeito, o amor respeita sempre a liberdade.

Papa Bento XVI – 10 de julho de 2011

Hoje celebramos:


terça-feira, 23 de julho de 2019

23 de julho - Beata Filomena de São Francisco de Paula


Irmã Filomena de São Francisco de Paula nasceu em 28 de setembro de 1895 em Barcelona, ​​filha do trabalhador Francisco Ballesta e Carmen Gelmà. Foi batizada em 1º de outubro do mesmo ano, com o nome de Ana Rosa Teresa Ballesta  e Gelmà. Com a morte de seus pais, foi mantida em um orfanato até 1916, comportando-se de maneira exemplar e se aproximando dos sacramentos. Aos dezoito anos, ela pediu para entrar no convento dos Mínimos como uma oblata e irmã conversa: ela fez sua primeira profissão em 14 de novembro de 1916, levando o nome de Irmã Filomena de São Francisco de Paula; em novembro de 1920 ela fez seus votos solenes. 

Juntamente com Ir. Maria de Sant'Enrico, ela foi designada como irmã cozinheira.
Uma irmã que a conhecia, irmã Concepción de Jesus, declarou: Ela era muito obediente da Santa Regra, trabalhadora e muito caridosa, humilde e penitente. Na cozinha, ela preparava as refeições com grande cuidado, como ela dizia: "Se eles são bem alimentados, eles terão mais força para servir ao Senhor". Irmã Teresita do Menino Jesus confirmou: Ela era muito caridosa, trabalhadora, sempre era vista fazendo alguma coisa. Agora que penso nisso, agora que sou mais velha, ela tinha uma virtude especial, eucarística e mariana. 

Com a eclosão da guerra civil espanhola, ela foi forçada a deixar o convento e, juntamente com oito irmãs e Lucrecia Garcia Solanas, uma irmã de sangue de uma delas, refugiaram-se em um prédio próximo, a Torre Arnau. 

Às três e meia da madrugada de 23 de julho, alguns milicianos, informados pelo porteiro do convento Esteban, atacaram a torre em busca de dez freiras. Entrando na sala de jantar, viram nove mulheres que recitavam o terço e perguntaram quem entre elas era a superior, para obter dela os valores do convento. 

As nove freiras e Lucrecia foram jogadas em um caminhão e, depois de serem espancadas, torturadas e mortas. Na época do martírio, a Irmã Filomena tinha quarenta e um anos, dos quais dezenove anos de vida religiosa. Juntamente com suas companheiras de martírio, ela foi beatificada em Tarragona em 13 de outubro de 2013, incluídas em um grupo maior de quinhentos e vinte mártires que morreram durante a guerra civil espanhola.