sexta-feira, 27 de abril de 2018

27 de abril - “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”. Jo 14,5



Esta expressão de Jesus, faz-nos pensar na vida cristã, que é um caminho: começamos com o batismo a empreender este caminho e caminhamos, caminhamos, caminhamos. Pode-se dizer que a vida cristã é uma estrada e a estrada justa é Jesus. Tanto que ele mesmo disse: Eu sou o caminho. Por conseguinte, para caminhar bem na vida cristã a estrada é Jesus.

Mas, há muitos modos de caminhar. Antes de tudo, há aquele que não caminha. Um cristão que não caminha, que não avança na estrada, é um cristão “não cristão”, por assim dizer: é um cristão um pouco paganizado, está ali, parado, imóvel, não vai em frente na vida cristã, não faz florescer as bem-aventuranças na sua vida, nem pratica obras de misericórdia, está parado. E mais, perdoai-me a palavra, mas é como se fosse uma “múmia”, ali, uma “múmia espiritual”. E há cristãos que são “múmias espirituais”, parados: nem praticam o mal nem o bem. Este modo de ser não produz fruto: não é um cristão fecundo porque não caminha.

Depois, há alguns que caminham mas erram a estrada. Porém, também nós muitas vezes erramos a estrada. É o próprio Senhor quem vem e nos ajuda, não é uma tragédia errar a estrada. Com efeito a tragédia é ser teimoso e afirmar: “esta é a estrada” e não deixar que a voz do Senhor nos diga: “Esta não é a estrada, volta para trás e retoma a estrada verdadeira”. É preciso retomar a estrada quando nos damos conta dos erros que cometemos e não ser teimosos e ir sempre pela estrada errada, porque isto nos afasta de Jesus, pois ele é a estrada e não a estrada errada.

Depois, há outros que caminham mas não sabem para onde vão: são errantes na vida cristã, vagabundos. A ponto que a sua vida é rodar para lá e para cá e deste modo perdem a beleza de se aproximar de Jesus na vida de Jesus. Resumindo, perdem a estrada porque vagueiam e muitas vezes este vaguear, errante, os leva a uma vida sem saída: o rodar demasiado transforma-se num labirinto e depois não sabem como sair. Assim, no final perdem a chamada de Jesus, não têm uma bússola para sair e rodam, rodam, procuram.

E, há outros que no caminho são seduzidos por uma beleza, por algo, e param no meio da estrada, fascinados pelo que veem, por uma ideia, uma proposta, uma paisagem, e param. Mas a vida cristã não é um fascínio: é uma verdade. É Jesus Cristo. E santa Teresa de Ávila dizia, falando sobre este caminho: “Nós caminhamos para chegar ao encontro com Jesus”: precisamente como uma pessoa que caminha para chegar a um lugar, não para porque lhe agrada aquele hotel, ou a paisagem, mas prossegue em frente, em frente. Mas na vida cristã faz bem parar, olhando para o que nos agrada, para as belezas — há belezas e é preciso olhar para elas porque foram criadas por Deus — mas sem permanecer ali. Devemos continuar a vida cristã. Por isso, é preciso fazer de modo que algo bonito, tranquilo, uma vida tranquila não nos fascine a ponto de parar. E assim, há muitas modalidades para não fazer o caminho justo, porque o caminho justo, a justa via é Jesus.

Façamos um exame de consciência. Cada um de nós hoje pode perguntar: o meu caminho cristão, que teve início com o batismo, como está? Parado? Errei a estrada? Estou a vaguear continuamente e não sei para onde ir espiritualmente? Paro diante do que me agrada: mundanidade, vaidade — muitas coisas, não? — ou vou sempre em frente, realizando as bem-aventuranças e as obras de misericórdia? Faz bem questionar-nos: é um verdadeiro exame de consciência! Substancialmente: De que modo caminho? Sigo Jesus?

Papa Francisco – 03 de maio de 2016




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