sábado, 30 de novembro de 2019

30 de novembro - Beato João Garbella de Vercelli


O Beato João Garbella nasceu no início do século XIII, por volta do ano 1205, em Mosso Santa Maria, perto de Vercelli (Piemonte, Itália). Formou em direito romano e canônico em Paris, de forma brilhante, onde lecionou, antes de retornar a Vercelli, ainda como professor, quando foi atraído pela pregação do Beato Jordão, ingressando na Ordem dos Pregadores em 1229, tomando o nome de João de Vercelli. Foi o fundador do convento de Vercelli e província da Lombardia.

Eleito sexto Mestre da Ordem em 1264, permaneceu no cargo por vontade dos capítulos gerais por quase vinte anos, sendo o modelo dos frades. 
O papa Inocêncio IV e seus sucessores nutriram nele uma confiança ilimitada e, nos anos posteriores, confiaram a ele tarefas muito importantes e espinhosas. Ele participou do conselho de Lyon (1274); Conselheiro do Papa Clemente IV, foi designado por ele, legado pontifício, na Itália, França. Empreendeu um grande trabalho de pacificação entre as repúblicas italianas e os soberanos europeus e foi um dos organizadores mais ativos das Cruzadas.

Ele visitou continuamente as províncias mais distantes e suas intermináveis ​​viagens a pé permaneceram de fato lendárias. Reformou incansavelmente os conventos da Ordem dos Pregadores por toda a Europa, sem nunca dispensar, durante suas viagens, os jejuns eclesiásticos e os de sua ordem. 

O papa Gregório X escolheu João de Vercelli  para cuidar de espalhar o culto ao nome de Jesus, uma solução que o conselho de Lyon havia identificado para reparar a heresia dos albigenses. Nesse sentido, João dirigiu-se a todos os priores provinciais e decidiu erigir um altar dedicado ao Santo Nome de Jesus em todas as igrejas dominicanas. Ele foi um dos primeiros propagadores da devoção ao nome de Jesus.

Beato João frequentemente consultava São Tomás de Aquino. Ele era um fervoroso pregador de devoção ao santo nome de Jesus. 
Morreu em Montpellier (França) em 30 de novembro de 1283 e, enterrado na Igreja da Ordem, seus restos foram destruídos nas lutas religiosas do século XVI. Seu culto foi confirmado por São Pio X, em 7 de setembro de 1903.


30 de novembro - Eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram. Mt 4,20


A página evangélica narra o início da pregação de Jesus na Galileia. Ele deixa Nazaré, uma aldeia situada nos montes, e estabelece-se em Cafarnaum, importante centro nas margens do lago, habitado essencialmente por pagãos, ponto de cruzamento entre o Mediterrâneo e o interior da Mesopotâmia. Esta escolha indica que os destinatários da sua pregação não são apenas os seus conterrâneos, mas quantos desembarcam na cosmopolita Galileia das gentes: assim se chamava. Vista da capital Jerusalém, aquela terra é geograficamente periférica e religiosamente impura, porque estava cheia de pagãos, por causa da mistura com os que não pertenciam a Israel. Da Galileia não se esperavam certamente grandes coisas para a história da salvação. No entanto, precisamente dali se espalha a “luz” de Cristo. Difunde-se precisamente da periferia.

A mensagem de Jesus imita a do Batista, anunciando o reino dos céus. Este reino não comporta a instauração de um novo poder político, mas o cumprimento da aliança entre Deus e o seu povo que inaugurará uma época de paz e de justiça.
Para realizar este pacto de aliança com Deus, cada um está chamado a converter-se, transformando a sua maneira de pensar e de viver. Isto é importante: converter-se não significa só mudar o modo de viver, mas também a forma de pensar. Não se trata de mudar de roupa, mas de costumes.

O que diferencia Jesus de João Batista é o estilo e o método, Jesus não fica à espera das pessoas, mas vai ao seu encontro. Jesus está sempre na rua! As suas primeiras saídas missionárias dão-se ao longo das margens do lago de Galileia, em contato com a multidão, sobretudo com os pescadores. Ali Jesus não só proclama a vinda do reino de Deus, mas procura companheiros para a sua missão de salvação. Neste mesmo lugar encontra dois pares de irmãos: Simão e André, Tiago e João; chama-os dizendo: Segui-me, e far-vos-ei pescadores de homens. O chamado alcança-os no auge das suas atividades diárias: o Senhor revela-se a nós não de forma extraordinária ou sensacional, mas no cotidiano das nossas vidas. Ali devemos encontrar o Senhor; e ali Ele revela-se, faz sentir ao nosso coração o seu amor; e ali muda o nosso coração.
A resposta dos quatro pescadores é imediata e pronta: No mesmo instante eles deixaram as suas redes e o seguiram.
Papa Francisco - 22 de janeiro de 2017

Hoje celebramos:

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

29 de novembro - São Tiago de Sarug


São Tiago (Ya'qùb) de Sarug, junto com Narsai - o primeiro ocidental e o segundo oriental -, está entre os maiores escritores da língua siríaca do século V.

Nascido em 449 na aldeia de Qurtam, no Eufrates, filho de um padre, Tiago estudou na Escola Edessa, formando-se no conhecimento linguístico, filosófico e teológico que ele usará sabiamente em todo o seu trabalho.

Aos 22 anos, já monge e eremita, Giacomo foi submetido a um exame por cinco bispos, que queriam apurar sua ortodoxia. Naquela ocasião, ele improvisou sua homilia com a visão de Ezequiel, composta de 700 versos, incluindo 396 versículos das Escrituras, no XII metro da poesia siríaca, despertando o espanto dos bispos, que o aprovaram e o incentivaram a continuar seu trabalho como orador que levará com sucesso à sua morte.


Tendo se tornado sacerdote, logo foi nomeado periodeuta (visitante eclesiástico) de Hawra, uma função à qual se dedicou com grande zelo, visitando mosteiros por toda a Síria e ganhando a estima dos monges e eremitas. 

No final da vida, em 519, Tiago tornou-se bispo de Batnàn, que naquela époga chamava-se Sarug. Ele morreu em 29 de novembro de 521 e apenas muito tempo depois as suas relíquias foram transferidas para Diyarbakir.

Os numerosos escritos de Tiago lhe renderam o título de "harpa do Espírito Santo". Dos seus 763 poemas, restam cerca de 250. Seus temas favoritos são: a Bíblia, o Exameron, a liturgia e a teologia, com particular atenção à face de Cristo - e sua descoberta através das prefigurações do Antigo Testamento - e para a igreja, noiva de Cristo; característica é também a profunda meditação sobre a admirável obra de Deus, sobre os mistérios da fé e, sobretudo, sobre Cristo, tudo com o espírito da criança e não do intelectual. Tiago é, portanto, um verdadeiro discípulo de Santo Efrem.


É considerado por unanimidade um dos escritores mais elegantes da literatura siríaca e, com São Efrem, o maior poeta, tanto em fertilidade quanto em inspiração. Ele frequentemente se lembra de Maria em seu trabalho, mas de maneira especial a trata em oito homilias. Destes, três narram a Natividade do Salvador, os outros celebram a Mãe de Deus, a Anunciação e a Visitação. Por outro lado, a homilia de Maria na Cruz ficou inacabada pela morte do autor. Como Efrem, Tiago nutria um grande amor por Yoldat Aloho, um nome sírio que corresponde ao grego Theotokos (Mãe de Deus). 


Converter-se e regressar
Regressarei à casa de meu Pai, como o filho pródigo (Lc 15,18), e serei acolhido. Como ele fez, assim farei eu: corresponderá o Pai aos meus desejos? […]
Pois estou morto pelo pecado, como se morre de doença. Resgata-me desta ruína, e possa eu louvar o teu nome! Senhor da terra e do céu, peço-Te: ajuda-me e mostra-me o caminho para chegar a Ti!
Leva-me à tua presença, Filho do Magnânimo, e alcança o cume da tua misericórdia! Irei a Ti e saciar-me-ei com a tua alegria. Nesta hora de profundo cansaço, mói para mim o fermento da vida!
Parti à tua procura e o maligno estava à espreita, como salteador (Lc 10,30). Atou-me e atolou-me nos prazeres deste mundo; encarcerou-me nos seus deleites e depois deu-me com a porta na cara.
Não há ninguém que me liberte para que eu parta de novo à tua procura, ó meu Senhor! […] Quero ser teu, Senhor, e caminhar contigo!
Medito nos teus mandamentos dia e noite (Sl 1,2). Sê-me propício e acolhe o meu lamento, ó Misericordioso! Não me cortes a esperança, Senhor, porque sou teu servo e espero em Ti!
São Tiago de Sarug


29 de novembro - O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.Lc 21,33


No Evangelho de hoje Jesus afirma: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”. Com efeito, sabemos que na Bíblia a Palavra de Deus está na origem da criação: todas as criaturas, a partir dos elementos cósmicos — sol, lua, firmamento — obedecem à Palavra de Deus, existem porque chamados por ela.

Este poder criador da Palavra divina concentrou-se em Jesus Cristo, Verbo feito carne, e passa também através das suas palavras humanas, que são o verdadeiro firmamento que orienta o pensamento e o caminho do homem sobre a terra. Por isso Jesus não descreve o fim do mundo, e quando usa imagens apocalípticas, não se comporta como um vidente. Ao contrário, Ele quer subtrair os seus discípulos de qualquer época da curiosidade pelas datas, pelas previsões, e deseja ao contrário dar-lhes uma chave de leitura profunda, essencial, e sobretudo indicar a senda justa sobre a qual caminhar, hoje e amanhã, para entrar na vida eterna. Tudo passa — recorda-nos o Senhor — mas a Palavra de Deus não muda, e face a ela cada um de nós é responsável pelo próprio comportamento. Com base nisto seremos julgados.

Queridos amigos, também nos nossos tempos não faltam calamidades naturais, e infelizmente nem sequer guerras e violências. Também hoje temos necessidade de um fundamento estável para a nossa vida e para a nossa esperança, sobretudo por causa do relativismo no qual estamos imersos. A Virgem Maria nos ajude a acolher este centro na Pessoa de Cristo e na sua Palavra.

Papa Bento XVI – 18 de novembro de 2012

Hoje celebramos:

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

28 de novembro - Beato Eleutério Bento Prado Villaroel


Beato Eleutério Bento Prado Villaroel nasceu em Prioro (León), na Espanha e pertencia a uma família de humildes agricultores, de conduta moral inatacável e profundamente religiosa. A devoção à Eucaristia e a oração do Rosário se destacaram na família. Sua mãe, "tia Dominga", tinha a fama de uma santa e era muito conhecida não apenas em Prioro, mas também nas cidades vizinhas como apóstola e fundadora de mulheres chamada "Maríe dei Sacrari", um movimento que ainda existe e que promove a devoção a Jesus na Eucaristia. 

Como costumava ser chamado, Teyo sentiu-se chamado a seguir os passos de seu irmão, padre Máximo, que seria um grande missionário no Texas. Iniciou seus estudos do curso secundário no seminário menor dos Oblatos de Urnieta (Guipúzcoa). Como tivesse alguma dificuldade em estudar, optou por continuar na Congregação como Irmão Oblato e, assim, fez o noviciado como Irmão Coadjutor e fez os primeiros votos em 1928.
Em 1930, foi aberta a nova casa de estudos em Pozuelo e ele foi enviado para esta comunidade. Em 1935, ele fez uma os votos perpétuos como Irmão e foi integrado para sempre na Congregação de Missionários Oblatos por quem ele sempre demonstrou grande afeição.

Piedoso e afável, Teyo sempre parecia feliz, era prestativo e divertido. Ele era muito caplicado, especialmente na marcenaria, que era sua principal tarefa. Em sua comunidade de Pozuelo, ele fica surpreso com a invasão dos milicianos que tomam a casa em 22 de julho de 1936. Preso com seus irmãos da comunidade, após a execução noturna de seis Oblatos e um Padre, ele é transferido para Madri e, libertado, procura refúgio na casa provincial na rua Diego de León. Lá ele permanece até 10 de agosto, quando expulsam toda a comunidade, tomam a casa. Depois encontram refúgio em uma pensão na Carera de San Jerônimo.

Lá ele mora escondido até 15 de outubro, quando é preso novamente e levado para a Cadeia Modelo e depois transferido para San Antón, de onde, junto com outros irmãos, serão "levados" em 28 de novembro de 1936 para serem martirizados em Paracuellos. Ele tinha apenas 21 anos. Seu nome, juntamente com o de outros 12 Oblatos, está na lista daqueles que, sob o pretexto de "ordem da liberdade", são levados ao que hoje é chamado Cemitério dos Mártires de Paracuellos.

Na comunidade de Pozuelo, destacou-se pela alegria e generosidade com que prestava todos os tipos de serviços nas tarefas mais humildes. Eleuterio não perdeu seu caráter jovial e otimista, não isento de virtude sobrenatural, nos momentos de perseguição e cativeiro anteriores ao martírio, incentivando companheiros prisioneiros. Eles foram beatificados pelo Papa Bento XVI em 11 de abril de 2011.

28 de novembro - Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória. Lc 21,27


O cristão vive da esperança! Vede, a esperança cristã é simplesmente um desejo, um auspício, não é optimismo: para o cristão, a esperança significa expectativa, espera fervorosa e apaixonada do cumprimento derradeiro e definitivo do mistério do amor de Deus, no qual renascemos e já vivemos. E é expectativa de Alguém que está prestes a chegar: é o Cristo Senhor que se faz cada vez mais próximo de nós, dia após dia, e que vem para finalmente nos introduzir na plenitude da sua comunhão e da sua paz.
Então, a Igreja tem a tarefa de manter acesa e bem visível a lâmpada da esperança, para que possa continuar a resplandecer como sinal seguro de salvação e iluminar para a humanidade inteira a vereda que conduz rumo ao encontro com o semblante misericordioso de Deus.

Caros irmãos e irmãs, eis então do que estamos à espera: que Jesus volte! Como esposa, a Igreja aguarda o seu esposo! No entanto, devemos interrogar-nos com profunda sinceridade: somos verdadeiramente testemunhas luminosas e credíveis desta expectativa, desta esperança? As nossas comunidades ainda vivem no sinal da presença do Senhor Jesus e à espera da sua vinda, ou então parecem cansadas, entorpecidas sob o peso da fadiga e da resignação? Corremos também nós o risco de esgotar o azeite da fé, o óleo da alegria? Tomemos cuidado!

Mas nunca vos esqueçais: E assim estaremos para sempre com o Senhor! (ITs 4, 17).

Papa Francisco – 15 de outubro de 2015

Hoje celebramos:

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

27 de novembro - É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida! Lc 21,19


No final do Evangelho de hoje, Jesus fez uma promessa que é garantia de vitória: É pela vossa constância que alcançareis a salvação.
Quanta esperança há nestas palavras! Elas são um hino à esperança e à paciência, ao saber esperar os frutos seguros da salvação, confiando no sentido profundo da vida e da história: as provações e as dificuldades fazem parte de um desígnio maior; o Senhor, Dono da história, leva tudo ao seu cumprimento.

Não obstante as desordens e desventuras que angustiam o mundo, o desígnio de bondade e de misericórdia de Deus há de realizar-se! E esta é a nossa esperança: ir em frente assim, por este caminho, no desígnio de Deus que se realizará. Esta é a nossa esperança!

Papa Francisco – 13 de novembro de 2013

Hoje celebramos:

27 de novembro - Santa Bililde


Não temos informações seguras sobre vida de Santa Bililde, seu culto é atestado pela primeira vez no ano 1000 e sua legenda foi escrita por volta do ano 160.

Segundo esta legenda, Bililde nasceu na Baviera, em Veitshoechheim, perto de Würzburg e era filha do Conde Iberin, da nobre família de Haganonen, e de sua esposa Matilde. No ano 672, ela casou-se com o Duque da Turíngia e estava grávida quando seu marido partiu para lutar na Guerra Santa; ela então se refugiou junto ao seu tio, Bispo de Mogúncia, Sigiberto, e, infelizmente seu filho morreu ali.

Após a morte de seu marido, seu tio adquiriu algumas terras nas proximidades de Mainz e lá ela fundou, com seu apoio, um mosteiro feminino, o primeiro de Hagenmüster, ou alta Münster, chamado desde a Idade Média de Mosteiro Beneditino de Altmünster. Bililde doou ao mosteiro todos os seus bens e o governou até a sua morte.

Bililde faleceu provavelmente em 734 e foi enterrada no coro da igreja do mosteiro. Em 1289, foi construído um altar para ela em um mosteiro e um santuário com as relíquias da sua cabeça. As relíquias chegaram pela primeira vez em Mainz após o bombardeio e destruição do mosteiro em 1945, e foram colocadas na sacristia da Catedral de Mainz. A relíquia da cabeça foi estudada cientificamente em 1991, e declarada genuína.

Após a transladação de suas relíquias para Veitshoechheim em 1722, seu culto teve um grande impulso, e se iniciou uma comemoração anual em sua honra no dia 27 de novembro. Além disso, em um domingo de maio, há uma procissão com um relicário de Santa Bililde que percorre pelo pátio e pelas ruas.

Em Mogúncia existe hoje uma pequena igreja dedicada a ela. Pode-se, portanto, admitir que Bililde viveu perto de Mogúncia, que foi virgem e não esposa e que teve parte na fundação do mosteiro mencionado acima.

Santa Bililde é patrona dos enfermos.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

26 de novembro - Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ Lc 21,8


Hoje Jesus nos diz que quase tudo passará: quase tudo, mas não tudo. Ele explica que, a desmoronar-se, a passar são as coisas penúltimas, não as últimas: o templo, não Deus; os reinos e as vicissitudes da humanidade, não o homem. Passam as coisas penúltimas, que muitas vezes parecem definitivas, mas não são. São realidades grandiosas, como os nossos templos, e pavorosas, como terremotos, sinais no céu e guerras na terra: aos nossos olhos parecem acontecimentos de primeira página, mas o Senhor coloca-os na segunda página.
Na primeira, resta o que não passará jamais: o Deus vivo, infinitamente maior do que qualquer templo que Lhe construamos, e o homem, o nosso próximo, que vale mais do que dizem todas as crónicas do mundo. Então, para nos ajudar a compreender aquilo que conta na vida, Jesus acautela-nos de duas tentações.

A primeira é a tentação da pressa, do imediatamente. Para Jesus, não é preciso ir atrás daqueles que dizem que o fim chega imediatamente, que o tempo está próximo. Por outras palavras, não se devem seguir aqueles que difundem alarmismos e alimentam o medo do outro e do futuro, porque o medo paralisa o coração e a mente.

Há um segundo engano de que nos quer desviar Jesus, quando afirma: Muitos virão em meu nome, dizendo “sou eu”. (…) Não os sigais. É a tentação do eu. Ora o cristão, dado que não procura o imediato, mas o sempre, não é um discípulo do eu, mas do tu. Isto é, não segue as sereias dos seus caprichos, mas a solicitação do amor, a voz de Jesus. E como se distingue a voz de Jesus? Muitos virão em meu nome: diz o Senhor. Mas não devemos segui-los. Não é suficiente ter o rótulo de cristão ou de católico para ser de Jesus. É preciso falar a mesma linguagem de Jesus: a linguagem do amor, a linguagem do tu. Não fala a linguagem de Jesus quem diz eu, mas quem sai do próprio eu. 

Papa Francisco – 17 de novembro de 2019

Hoje celebramos:

26 de novembro - São Sirício - Papa



São Sirício foi o Papa de número 38 da Igreja Católica. Nascido em Roma, no ano 334, era um homem comum em Roma, casado e com filhos, mas fiel ao cristianismo e próximo da Igreja Católica. Não se conhece exatamente o número de filhos que tinha, mas conta-se que ele deixou sua esposa e seus filhos para se tornar pontífice. Com o falecimento do Papa Dâmaso I, Sirício foi escolhido por unanimidade no dia 17 de dezembro de 384 para ser seu sucessor. Viveu aquele que seria o último século, do que se pode chamar de tribulações, do cristianismo no Império Romano, pois os cristãos eram severamente perseguidos e eliminados a critério de cada imperador.


Durante o seu pontificado foi resolvido o cisma antioqueno e foi o primeiro depois de São Pedro a adotar o título de Papa.

Bispo de Roma (384-399), após a sua eleição deu continuidade à política religiosa de Dâmaso I e empenhou-se em afirmar a autoridade papal sobre os bispos de todo o Ocidente.
Convocou um sínodo em Roma (386), em que tomou providências canônicas a respeito do episcopado africano, interveio junto ao usurpador Máximo em favor de Prisciliano e consolidou a supremacia papal sobre a Igreja da Ilíria.

Mesmo tendo sido casado e com filhos, Sirício reforçava fortemente o celibato para sacerdotes e diáconos, e o celibato, prescrito inicialmente para o clero da Espanha, foi estendido para os sacerdotes e diáconos de toda a igreja do Ocidente por ele durante o sínodo romano (386), porém foi rejeitado pelos bispos do Oriente, onde vigorou apenas a proibição de núpcias para os que recebiam solteiros as sagradas ordenações.

Foi nessa época que São Jerônimo partiu para Jerusalém, a fim de traduzir a Bíblia para o latim.

Durante 15 anos dedicou-se ativamente à administração da Igreja, sendo o primeiro papa a escrever decretos. Era um homem calmo e sereno, tinha humildade suficiente para dialogar e evitar o confronto. Sua reputação causou natural agrado a muitas pessoas e, desta forma, conseguiu converter muitos fiéis ao cristianismo. Mas Sirício não abria mão de administrar a Igreja de acordo com os preceitos religiosos que acreditava, atuando de maneira a reforçar a doutrina e os dogmas, deixando legados para a história da instituição religiosa.

Outro ponto de destaque de sua administração foi o combate a heresias. O papa condenou várias das doutrinas que pregavam caminhos diferentes para o paraíso através do cristianismo ou que reconheciam Jesus Cristo com essências diferenciadas daquelas determinadas pela Igreja Católica. Ainda que tentasse resolver tudo através do diálogo, e conseguisse em vários casos, não deixava de condenar aquilo que ia contra os preceitos da Igreja. 

Após seus 15 anos de pontificado, o Papa Sirício faleceu no dia 26 de novembro de 399, aos 65 anos de idade. Seu sucessor foi o Papa Anastácio I.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

25 de novembro - Em verdade vos digo que essa pobre viúva ofertou mais do que todos. Lc 21,3


A cena do Evangelho de hoje é ambientada no templo de Jerusalém, precisamente no lugar onde as pessoas lançavam as moedas como oferta. Há tantos ricos que oferecem muitas moedas, e há uma mulher pobre, viúva, que só oferece duas pequenas moedas. Jesus observa atentamente aquela mulher e chama a atenção dos discípulos para o contraste evidente da cena. Os ricos deram com grande ostentação aquilo que para eles era supérfluo, enquanto a viúva, com discrição e humildade, ofereceu tudo o que tinha para o seu sustento; por isso — diz Jesus — ela deu mais do que todos.
Por causa da sua pobreza extrema, poderia ter oferecido uma única moeda para o templo e conservado a outra para si. Mas ela não quer dividir a meio com Deus: priva-se de tudo. Na sua pobreza ela entendeu que, se tiver Deus, tem tudo; sente-se amada totalmente por Ele e, por sua vez, ama-o também de modo total. Que bonito exemplo, aquela velhinha!

Hoje Jesus diz-nos, também a nós, que a medida de juízo não é a quantidade, mas a plenitude. Existe uma diferença entre quantidade e plenitude. Podes ter muito dinheiro, mas ser vazio: não há plenitude no teu coração. Durante esse dia, meditai sobre a diferença que existe entre quantidade e plenitude. Não é questão de porta-moedas, mas de coração. Há diferença entre porta-moedas e coração... Existem doenças cardíacas que levam o coração a descer até ao porta-moedas... E isto não é bom! Amar a Deus com todo o coração significa confiar nele, na sua Providência, e servi-lo nos irmãos mais pobres sem esperar nada em troca.

Permiti que vos conte uma anedota, que aconteceu na minha diocese precedente. Uma mãe estava à mesa com os seus três filhos; o pai estava no trabalho; e comiam bifes à milanesa... Naquele momento batem à porta e um dos filhos vai ver quem é, volta e diz: Mãe, há um mendigo que pede para comer. E a mãe, uma boa cristã, pergunta-lhes: Que fazemos? — Demos-lhe algo, mãe... — Muito bem. Pega no garfo e na faca e corta metade de cada um dos bifes. Ah, não, mãe, não! Assim não! Tira-o do freezerNão, façamos três sanduíches assim! E os filhos aprenderam que a verdadeira caridade se oferece, não com aquilo que nos sobra, mas com o que nos é necessário. Estou convicto de que naquela tarde eles sentiram um pouco de fome..., mas é assim que se faz!

Papa Francisco – 08 de novembro de 2015

Hoje celebramos:


25 de novembro - Beata Beatriz de Ornacieux


Beatriz nasceu no seio da nobre e antiga família dos Ornacieux, no sudeste da França, na última metade do século XIII.
O Senhor concedeu-lhe um coração e um espírito cheio de docilidade e doçura que, conjugado com a sua esmerada educação cristã, a levou ao desprezo pelos bens materiais deste mundo, para alcançar mais elevadas pretensões. Assim, com apenas 13 anos, abandona para sempre o mundo para entrar na cartuxa do Monte de Santa Maria, em Parménie (Isére, França).

Sua edificante e maravilhosa vida foi escrita pela Beata Margarida de Oyngt, sua mestre de noviças, cujo manuscrito original está guardado em Grenoble, proveniente da Grande-Chartreuse,
Humilde de coração, a Beata Beatriz era muito caritativa e sofrida, procurando em tudo servir as necessidades das irmãs. De grande obediência, foi sempre perseverante na oração.

Admitida na profissão solene, e logo à consagração das virgens, recebeu, de acordo com antigo cerimonial Cartuxo que ainda hoje existe, a cruz, o manípulo e a estola, símbolos de sua vida de penitência, sua força invencível frente aos ataques do demônio, sua submissão à vontade do Senhor, e abandono completo às mãos da Providência Divina.

Sua obediência extrema e sua fidelidade à vida de oração foram outros aspectos característicos de sua vida. Nosso Senhor lhe concedeu o dom das lágrimas e em tal grau, que esteve a ponto de perder a vista em várias ocasiões. Seu grande desejo foi sempre fazer a santa vontade de Deus.

Um dia, diante do Sacrário, pedia a Nosso Senhor que a tirasse do mundo para se colocar a salvo dos contínuos ataques do demônio; porém, tendo saído do Sacrário sentiu que Jesus a proibia de desejar outra coisa a não ser fazer a Sua vontade. Então sentiu interiormente que seu desejo de morrer mudava em um imenso anelo de viver para a maior glória de Deus, e suplicou ao Senhor que lhe concedesse a saúde que em tantos momentos lhe faltava devido a suas numerosas enfermidades. Uma vez mais, a voz do Senhor se fez ouvir dizendo: “Recebe as consolações que te dou e não recuses os sofrimentos que te envio”. A partir de então, dirigida por estas comunicações divinas, não desejou senão aquilo que fosse da vontade de Deus, convertendo-se em um modelo de confiança e de abandono na Divina Providência.

Amou profundamente a penitência, expressão de seu amor pela Cruz. Se entregava a prolongados jejuns e a disciplinas. Foi especialmente devota da Paixão de Cristo e foi agraciada com dom de trazer consigo estigmas, que lhes traziam indizíveis sofrimentos, físicos e morais, devido ao imenso sentimento de indignidade que a invadia. 

Teve que suportar os assaltos frequentes do demônio, que em especial a tentava contra a virtude da santa pureza, colocando-a diante de representações obscenas, às quais sempre resistiu com invencível pureza de alma e de corpo. Em meio a estes ataques do inimigo e das vitórias da graça, sentia os consolos de Jesus e Maria.


No ano de 1300 foi obrigada, por obediência, a aceitar a direção da nova fundação Cartuxa feminina de Eymeux, aonde veio a falecer santamente, em 25 de novembro de 1303.

Ali sepultada, vieram os relatos de vários milagres ocorridos por sua intercessão, o que veio a difundir a sua devoção entre os fiéis. Seu corpo acabou por ser transladado para a Cartuxa de Parmênia, onde recebeu honrosa sepultura, e estendendo-se a sua veneração a todo o país, e especialmente à Ordem.

Como a Ordem da Cartuxa, na sua humildade, não toma a iniciativa de abrir processos de beatificação ou canonização, o Papa Pio IX, em 1869, decretou que a Serva de Deus, Beatriz de Ornacieux, monja Cartuxa, Virgem, devia continuar a ter o culto que os povos lhe tributavam com o título de Beata, desde tempos imemoriais.


domingo, 24 de novembro de 2019

24 de novembro - Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado. Lc 23,42


Regnavit a ligno Deus! (Deus reina do lenho!)

O Evangelho hoje leva nossos pensamentos à cena altamente dramática que se realiza no lugar chamado Calvário e nos apresenta, à volta de Jesus crucificado, três grupos de pessoas que discutem a sua figura e o seu fim. Quem é, na realidade, aquele que está ali crucificado? 

Enquanto a gente comum e anônima ficava em geral incerta e se limitava a olhar, os chefes zombavam, dizendo: 'salvou os outros: salve-se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito'. Como se vê, a arma deles é a ironia negadora e demolidora. Mas também os soldados — o segundo grupo, troçavam d'Ele e, quase em tom de provocação e desafio, diziam-lhe: Se és o rei dos Judeus, salva-Te a Ti mesmo, inspirando-se talvez nas palavras mesmas da inscrição, que viam colocada por cima da Sua cabeça. Estavam, por fim, os dois malfeitores em contraste um com o outro ao julgarem o Companheiro de suplício: enquanto um O blasfemava, recolhendo e repetindo as expressões depreciativas dos soldados e dos chefes, o outro declarava abertamente que Jesus nada praticara de condenável e, dirigindo-se a Ele, assim Lhe pedia: Jesus, lembra-Te de mim quando estiveres no Teu reino.

Eis como, no momento culminante da crucifixão, precisamente quando a vida do profeta de Nazaré está para ser suprimida, nós podemos recolher o misterioso referente ao Rei e ao reino.

Quanto é oportuno e significativo que a festa de Cristo Rei seja enquadrada precisamente no Calvário. Podemos dizer, sem mais, que a realeza de Cristo, que hoje celebramos e meditamos, deve ser sempre referida ao acontecimento que se executa naquela colina, e ser compreendida no mistério salvífico, aí operado por Cristo: refiro-me ao acontecimento e ao mistério da redenção do homem. Cristo Jesus afirma-se rei precisamente no momento em que, entre as dores e angústias da cruz, entre as incompreensões e as blasfêmias dos presentes, agoniza e morre. Na verdade, realeza singular é a Sua, tal que só os olhos da fé a podem reconhecer: Regnavit a ligno Deus!

Papa João Paulo II – 23 de novembro de 1980

Hoje celebramos:

sábado, 23 de novembro de 2019

23 de novembro - Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele. Lc 20,38


A página evangélica nos oferece um ensinamento maravilhoso de Jesus sobre a ressurreição dos mortos. Alguns saduceus, que não acreditavam na ressurreição perguntam a Jesus, de quem será esposa depois da Ressurreição a mulher que teve sete maridos sucessivos, todos irmãos entre si, que morreram um após o outro? Jesus não cai na armadilha e responde que os ressuscitados no além não se casam, porque já não podem morrer: são semelhantes aos anjos e, sendo filhos da ressurreição, são filhos de Deus.

Com esta resposta, Jesus nos convida a pensar que esta dimensão terrena em que vivemos agora não é a única, mas existe outra, já não sujeita à morte, na qual se manifestará plenamente que somos filhos de Deus. É motivo de grande conforto e esperança escutar esta palavra de Jesus, simples e clara, sobre a vida para além da morte; precisamos dela especialmente no nosso tempo, tão rico em conhecimento do universo, mas tão pobre em sabedoria sobre a vida eterna.

Esta certeza clara de Jesus sobre a Ressurreição baseia-se inteiramente na fidelidade de Deus, que é o Deus da vida. De fato, a pergunta dos saduceus esconde uma questão mais profunda: não só de quem será esposa a viúva de sete maridos, mas de quem será a sua vida. É uma dúvida que diz respeito ao homem de todos os tempos e também a nós: depois desta peregrinação terrena, o que será da nossa vida? Pertencerá ao nada, à morte?

Jesus responde que a vida pertence a Deus, que nos ama e se preocupa muito conosco, a ponto de ligar o seu nome com o nosso: Ele é o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; pois, para Ele, todos estão vivos. A vida subsiste onde há vínculo, comunhão, fraternidade; e é uma vida mais forte do que a morte quando se constrói sobre verdadeiras relações e vínculos de fidelidade. Pelo contrário, não há vida quando se tem a pretensão de pertencer apenas a si mesmo e de viver como ilhas: nestas atitudes prevalece a morte. É egoísmo. Se eu viver para mim, estou a semear a morte no meu coração.

Papa Francisco – 10 de novembro de 2019

Hoje celebramos:


23 de novembro - Texto de São Clemente I (Papa)

(...) Agora, para colocarmos fim aos exemplos antigos, passemos aos atletas que nos tocam de perto; verifiquemos os nobres exemplos da nossa geração.
Por ciúme e inveja foram perseguidos e lutaram até à morte as nossas colunas mais elevadas e retas.
Fixemos nossos olhos sobre os valorosos apóstolos: Pedro, que por ciúme injusto não suportou apenas uma ou duas, mas numerosas provas e, depois de assim render testemunho, chegou ao merecido lugar da glória.
Por ciúme e discórdia, Paulo ostentou o preço da paciência. Sete vezes acorrentado, exilado, apedrejado, missionário no Oriente e no Ocidente, recebeu a ilustre glória por sua fé. Ensinou a justiça no mundo todo e chegou até os confins do Ocidente, dando testemunho diante das autoridades. Assim, deixou o mundo e foi buscar o lugar santo, ele, que se tornou o mais ilustre exemplo da paciência.

A esses homens de conduta santa, ajuntou-se grande multidão de eleitos que, por ciúme, suportaram muitos insultos e torturas, transformando-se no mais belo exemplo entre nós.
Por ciúmes, mulheres foram perseguidas, como Danaídes e Dircês, e sofreram afrontas cruéis e sacrílegas, percorrendo a segura trajetória da fé e obtendo o nobre prêmio, elas, que eram fracas de corpo. Foi o ciúme que separou esposas e maridos, afrontando a palavra de nosso pai Adão: "Ela é osso dos meus ossos e carne da minha carne".
Ciúme e intriga destruíram grandes cidades e eliminaram nações poderosas.

Caríssimos, ao vos escrever tais coisas, não apenas vos levamos a refletir, mas também advertimos a nós mesmos, já que nos encontramos no mesmo campo de batalha, nos esperando a mesma luta.
Abandonemos, assim, as opiniões vazias e tolas, voltando-nos para a gloriosa e santa regra da tradição. Vejamos o que é belo, agradável e aceito aos olhos daquele que nos criou. Fixemos a vista no sangue de Cristo e compreendamos o quanto é precioso aos olhos do Pai pois, derramando-o por nossa salvação, ofereceu-o ao mundo inteiro pela conversão. Percorramos todas as gerações e aprendamos que de geração em geração o Senhor deu possibilidade de conversão àqueles que a Ele quiseram retornar.
Noé anunciou a conversão e os que a aceitaram se salvaram. Jonas anunciou a ruína aos ninivitas; os que fizeram penitência de seus pecados, por suas súplicas, reconciliaram-se com Deus e alcançaram a salvação, ainda que fossem estranhos a Deus.

Sobre a conversão falaram os ministros da graça de Deus, sob inspiração do Espírito Santo. Sobre a conversão também falou o próprio Senhor de tudo, ao jurar: "Tão certo como vivo - diz o Senhor - não quero a morte do pecador, mas sua conversão". E acrescentou: "Convertei-vos de vosso erro, casa de Israel! Dize aos filhos do meu povo: 'ainda que os vossos pecados se amontoassem da terra até o céu, ainda que estes fossem mais vermelhos que a púrpura e mais negros que o saco, se vos voltardes para mim de todo coração e disserdes: 'Pai!', eu vos atenderei como se fosses um povo santo'".

Em outra parte, ainda fala: "Lavai e purificai-vos. Afastai dos meus olhos as maldades de vossas almas. Deixai vossas maldades e aprendei a praticar o bem; procurai a justiça, socorrei o oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a viúva, e então vinde para colocarmos as coisas em ordem - diz o Senhor. E se os vossos pecados forem como a púrpura, os tornarei brancos como a neve; se forem escarlate como a lã, os farei alvos. Se vos dispuserdes a me escutar, comereis os bens desta terra; porém, se não quiserdes me ouvir, a espada vos devorará - assim fala a boca do Senhor".

No desejo de levar a todos os seus amados a participarem da conversão, fortaleceu-vos por sua vontade todo-poderosa. Por isso, obedeçamos a sua vontade excelsa e gloriosa. Supliquemos, prostrados, pela piedade e bondade. Recorramos à sua misericórdia. Abandonemos a vaidade, a discórdia e o ciúme que conduz à morte. Fixemos o olhar naqueles que serviram com perfeição a sua magnífica glória. Tomemos, por exemplo, Henoc, que, encontrado justo em sua submissão, foi arrebatado e não se encontrou indício de sua morte. Noé, reconhecido fiel, recebeu o encargo de anunciar o renascimento do mundo e o Senhor salvou, por ele, os seres que entraram em harmonia na sua arca. Abraão, proclamado "o amigo", se revelou fiel em sua submissão à palavra de Deus. Por obediência, ele saiu de sua terra, deixou seus parentes e a casa do pai, saindo de uma terra pequenina, parentes sem importância, uma casa modesta, para herdar as promessas de Deus. (...)

Portanto, tornemo-nos humildes, irmãos, deixando de lado toda a ostentação, o orgulho, o excesso e a ira, e cumpramos o que está escrito. Pois assim diz o Espírito Santo: "Não se orgulhe o sábio em sua sabedoria, nem o forte em sua força, nem o rico em sua riqueza, mas aquele que se gloriar, glorie no Senhor, procurando-O e praticando o direito e a justiça". Antes de mais nada, recordemos as palavras ditas por Jesus, mestre da equidade e grandiosidade.
Pois foi ele que disse isto: "Sede misericordiosos para obterdes misericórdia. Perdoai para que sejais perdoados. Assim como fizerdes, assim vos será feito. Da forma como derdes, assim vos será dado. Do modo como julgardes, assim sereis julgados. Como fizerdes o bem, assim vos será feito. Com a medida que medirdes, também vos será medido em troca"

Com este mandamento e estes preceitos, fortaleçamo-nos, para que possamos andar humildes e submissos às suas santas palavras. Pois a sagrada palavra assim reza: "Para quem hei de olhar senão para o manso e pacífico e para aquele que respeita os meus oráculos?".

É justo e santo, irmãos, tornarmo-nos submissos a Deus do que seguirmos aqueles que se deixam guiar pela arrogância e orgulho, aos promotores do ciúme.
Estaremos nos expondo não a um prejuízo qualquer, mas a um grande perigo, se nos entregarmos aos caprichos dos homens, que buscam a discórdia e a revolta para nos separar da boa conduta.
Sejamos bondosos uns para com os outros, seguindo a misericórdia e doçura do nosso Criador. Pois assim está escrito: "Os mansos habitarão a terra, os inocentes serão deixados sobre ela enquanto os pecadores serão exterminados dela".

São Clemente Romano (Papa) – Trecho da Carta aos Coríntios – ano 96

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

22 de novembro - Jesus entrou no Templo e começou a expulsar os vendedores. Lc 19,45


Jesus entra no templo, expulsa todos os vendedores, e diz: levai embora daqui estas coisas e não façais da casa de meu Pai um mercado! É a primeira vez que Jesus usa esta violência dos gestos: gestos incisivos. Uma intolerância, pois todos eles estavam ao serviço do sacrifício: vendiam bois, ovelhas e pombas para o sacrifício. 

Por que entra Jesus nesta fase violenta? Alguém poderia dizer: mas, um momento de cólera... Por seu lado, os discípulos compreenderam bem o que estava a acontecer. Lucas o diz claramente: Recordaram-se que está escrito: “O zelo pela tua casa me devorará”.
Por conseguinte, Jesus age assim estimulado pelo zelo, o zelo pela casa de Deus, o zelo pela casa de seu Pai convertida num mercado, como ele mesmo diz: “Não façais da casa de meu Pai um mercado!” E isto leva-o a ter estes comportamentos nunca imaginados. É o amor ao Pai, o único Deus. Mas, a explicação do porquê, a explicação mais radical, encontramo-la numa frase, numa explicação que Jesus deu ao povo, quando disse: “Não se pode servir a dois senhores: ou Deus ou o dinheiro”. Refleti: foi Jesus quem atribuiu o status de “senhor” ao dinheiro. Quase como Deus: “ou Deus ou o dinheiro”. São dois senhores. Ou serves Deus ou serves o dinheiro.

Que a Palavra de hoje nos faça pensar, nos faça refletir sobre os nossos templos, sobre as nossas igrejas, sobre a pastoral das nossas igrejas: se estão ao serviço de Deus, do Senhor Deus, ou ao serviço do deus dinheiro, isto é, se são um mercado. E nos faça pensar também no templo do coração: se eu quiser ter o Espírito Santo, que também me mostra que sou pecador, mas filho de Deus, ou se expulsei o Espírito Santo do meu templo e instalei no meu coração o ídolo.

Papa Francisco - 09 de novembro de 2018

Hoje celebramos:


quinta-feira, 21 de novembro de 2019

21 de novembro - “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” Mt 12,48


Uma vez que Jesus já tinha saído de Nazaré para dar início à sua vida pública por toda a Palestina, estava doravante completa e exclusivamente ocupado nas coisas do Pai. Ocupava-se em anunciar o Reino: o "Reino de Deus" e as "coisas do Pai", que dão também uma dimensão nova e um sentido novo a tudo aquilo que é humano; e, por conseguinte, a todos os laços humanos, em relação com os fins e as funções estabelecidos para cada um dos homens. E até mesmo a "maternidade", vista na dimensão do Reino de Deus, na irradiação da paternidade do próprio Deus, alcança um outro sentido. Jesus ensina precisamente este novo sentido da maternidade.

Ter-se-á afastado, por causa disto, daquela que foi sua mãe, a sua genetriz segundo a carne? Desejará, porventura, deixá-la na sombra do escondimento, que ela própria escolheu? Embora assim possa parecer, se nos ativermos só ao som material daquelas palavras, devemos observar, no entanto, que a maternidade nova e diversa, de que Jesus fala aos seus discípulos, refere-se precisamente a Maria e de modo especialíssimo. Não é, acaso, Maria a primeira dentre "aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põe em prática"?

Maria é digna de bênçãos, sem dúvida alguma, pelo fato de se ter tornado Mãe de Jesus segundo a carne ("Ditoso o ventre que te trouxe e os seios a que foste amamentado"); mas é digna também e sobretudo porque, logo desde o momento da Anunciação, acolheu a palavra de Deus e porque nela acreditou e sempre foi obediente a Deus; ela, com efeito, "guardava" a palavra, meditava-a "no seu coração" e cumpria-a com toda a sua vida.

Papa João Paulo II – Carta Encíclica Redemptoris Mater

Hoje celebramos:

21 de novembro - São Pelágio I - Papa


São Gelásio I foi o 49º papa da história da Igreja Católica. Nascido na África no ano 410, era filho de um humilde ferreiro, sempre viveu na pobreza e amou os pobres.

Foi um homem singular em sua época. Na ocasião, a Igreja Católica já havia conquistado grande espaço e influência no Império Romano. A religião havia se tornado a oficial entre os romanos e a bíblia já havia sido definida quanto ao seu conteúdo. Gelásio traçou um caminho religioso por uma longa vida. Com o falecimento do papa Félix III, foi eleito no dia primeiro de março de 492 para ser seu sucessor. Já aos 82 anos de idade.

Papa Gelásio I foi singular, inicialmente, pela idade que tinha quando assumiu o papado. E em segundo lugar porque era de origem africana.

Como líder da Igreja Católica foi combatente das doutrinas heréticas. Combateu o pelagianismo, o maniqueísmo e o arianismo. A primeira delas era uma doutrina atribuída a Pelágio da Bretanha que sustentava que todo homem era responsável pela sua própria salvação, não necessitando da graça divina. Ideia que fere diretamente a fé em Cristo. O maniqueísmo era uma filosofia sincrética e dualista fundada por Maniqueu que dividia o mundo entre bom e mau. O bom era o espírito e o mau era a matéria. A ideologia que fere profundamente o homem feito à imagem e semelhança de Deus. Por fim, o arianismo era uma falsa visão cristológica sustentada pelos seguidores de Arius que negava a existência da consubstancialidade entre Jesus e Deus, ou seja, negava que os dois possuíssem a mesma essência.

Além de combater heresias, São Gelásio I foi o primeiro Papa que expressou a autoridade máxima do Papa, ou, do bispo de Roma, sobre toda a Igreja Católica. Ele desenvolveu também um enorme trabalho que visou a renovação litúrgica da Igreja. Neste sentido, ele pôs em ação o Sacramentário Gelasiano, visando uniformizar os ritos e as funções entre as igrejas. 

O Sacramentário Gelasiano é um decreto que contém perto de cinquenta prefácios litúrgicos e uma bela coletânea de orações para serem recitadas na santa missa. Atualmente, alguns dos decretos assinados por ele encontram-se no Museu Britânico.

O papado de Gelásio I durou pouco mais de quatro anos, ele viveu a pobreza evangélica mesmo sendo o líder máximo da Igreja. E, também, quando faleceu, era um pobre, não possuindo nenhum bem em seu nome. Sua caridade praticada para com os pobres mereceu destaque em sua vida. Por causa dessa caridade, ele foi apelidado de o "Papa dos pobres". Faleceu no dia 21 de novembro de 496, na cidade de Roma, aos 86 anos de idade. Seu sucessor foi o Papa Anastácio II.