domingo, 30 de junho de 2019

Christus vivit: A vocação – O amor e a família – nºs 259 a 267


Nºs 259 a 267

Os jovens sentem fortemente a chamada ao amor e sonham encontrar a pessoa certa com quem formar uma família e construir uma vida juntos. Sem dúvida, é uma vocação que o próprio Deus propõe através dos sentimentos, anseios, sonhos. Debrucei-me largamente sobre este tema na Exortação Apostólica Amoris laetitia, convidando todos os jovens a lerem especialmente os capítulos IV e V.

Apraz-me pensar que dois cristãos que se casam reconheceram na sua história de amor o chamado do Senhor, a vocação a formar de duas pessoas, varão e mulher, uma só carne, uma só vida. E o sacramento do Matrimônio corrobora este amor com a graça de Deus, arraigando-o no próprio Deus. Com este dom, com a certeza desta vocação, é possível começar com segurança, sem medo de nada, para juntos enfrentar tudo!

Neste contexto, lembro que Deus nos criou sexuados. Ele próprio criou a sexualidade, que é um presente maravilhoso para as suas criaturas. Dentro da vocação para o matrimônio, devemos reconhecer, agradecidos, que a sexualidade, o sexo são um dom de Deus. Sem tabus. São um dom de Deus, um dom que o Senhor nos dá. E fá-lo com dois propósitos: amar-se e gerar vida. É uma paixão, é o amor apaixonado. O verdadeiro amor é apaixonado. O amor entre um homem e uma mulher, quando é apaixonado, leva-te a dar a vida para sempre. Sempre. E a dá-la com corpo e alma.

Salientamos que a família continua a ser o principal ponto de referência para os jovens. Os filhos apreciam o amor e os cuidados recebidos dos pais, têm a peito os laços familiares e esperam conseguir, por sua vez, formar uma família. Sem dúvida, o aumento de separações, divórcios, segundas uniões e famílias monoparentais pode causar grandes sofrimentos e crises de identidade nos jovens. Por vezes, têm de assumir responsabilidades desproporcionadas para a sua idade, forçando-os a tornar-se adultos antes do tempo. Muitas vezes, os avós prestam uma contribuição decisiva no afeto e na educação religiosa: com a sua sabedoria, são um elo decisivo na relação entre gerações.

Estas dificuldades, encontradas na família de origem, levam certamente muitos jovens a interrogar-se se vale a pena formar uma nova família, ser fiéis, ser generosos. Quero dizer-vos que sim, que vale a pena apostar na família e que nela encontrareis os melhores estímulos para amadurecer e as mais belas alegrias para partilhar. Não deixeis que vos roubem a possibilidade de amar a sério. Não permitais que vos enganem quantos vos propõem uma vida desenfreada e individualista que acaba por levar ao isolamento e à pior solidão.

Reina hoje a cultura do provisório, que é uma ilusão. Julgar que nada pode ser definitivo é um engano e uma mentira. Muitas vezes ouvis dizer que hoje o casamento está “fora de moda”. Na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é “curtir” o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas. Em vez disso, peço-vos para serdes revolucionários, peço-vos para irdes contracorrente; sim, nisto, peço que vos rebeleis: que vos rebeleis contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vós não sois capazes de assumir responsabilidades, crê que vós não sois capazes de amar de verdade. Ao contrário, eu tenho confiança em vós e, por isso, vos encorajo a optar pelo matrimônio.

É necessário preparar-se para o matrimônio; isto requer educar-se a si mesmo, desenvolver as melhores virtudes, sobretudo o amor, a paciência, a capacidade de diálogo e de serviço. Implica também educar a própria sexualidade, para que seja sempre menos um instrumento para usar os outros, e cada vez mais uma capacidade de se doar plenamente a uma pessoa, de maneira exclusiva e generosa.

Ensinam os bispos da Colômbia que Cristo sabe que os esposos não são perfeitos e que precisam de superar a sua fragilidade e inconstância para que o seu amor possa crescer e durar no tempo. Por isso, concede aos esposos a sua graça que é, simultaneamente, luz e força que lhes permite realizar o seu projeto de vida conjugal de acordo com o plano de Deus.

Àqueles que não são chamados ao matrimônio nem à vida consagrada, devemos sempre lembrar-lhes que a primeira e a mais importante vocação é a batismal. As pessoas não casadas, mesmo que não o sejam por opção, podem tornar-se de modo particular testemunhas da vocação batismal no seu caminho de crescimento pessoal.

Hoje é dia de doar para o Óbolo de São Pedro



Nos dias antes da Solenidade de São Pedro e São Paulo, que é celebrada em 29 de junho (e no Brasil é transferida para o domingo seguinte), na maioria das paróquias se realiza a convocação para a coleta do Óbolo de São Pedro.

Segundo explica o site do Vaticano, o Óbolo de São Pedro é a ajuda econômica que os fiéis oferecem ao Santo Padre como sinal de adesão à solicitude do Sucessor de Pedro relativamente às múltiplas carências da Igreja universal e às obras de caridade em favor dos mais necessitados.

A coleta é realizada em todas as dioceses no “Dia mundial da caridade do Papa”, todo dia 29 de junho ou no domingo mais próximo da Solenidade de São Pedro e São Paulo.
A Santa Sé assinala que a origem desta prática data do final do século VIII, depois da conversão dos anglo-saxões, os quais se sentiram tão ligados ao Bispo de Roma que decidiram enviar, de maneira estável, um contributo anual ao Santo Padre.
Esta coleta foi chamada “Denarius Sancti Petri” (Esmola para São Pedro) e se difundiu pelos demais países europeus. Em 5 de agosto de 1871, o Papa Pio IX a regularizou através da encíclica “Saepe Venerabilis”.

Algumas das obras de caridade financiados com o Óbolo de São Pedro são o melhoramento da estrutura do Hospital Pediátrico na República Centro-Africana, o alívio da crise humanitária no Haiti e a oferta de dez bolsas universitárias para os jovens deslocados pela guerra e pelo terrorismo no Curdistão iraquiano, ampliação do Instituto “Filippo Smaldone em Ruanda, que cuida de crianças com deficiência auditiva, ajuda aos migrantes no México, e muitos outros projetos pelo mundo.

Você pode doar diretamente no site do Óbolo de São Pedro - clique aqui 

 Pouco ou muito, não importa. Doar é uma alegria!

30 de junho - Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Mt 16,18


No Evangelho de São Mateus Pedro faz a sua confissão de fé em Jesus, reconhecendo-O como Messias e Filho de Deus; fá-lo também em nome dos outros apóstolos. Em resposta, o Senhor revela-lhe a missão que pretende confiar-lhe, ou seja, a de ser a pedra, a rocha, o fundamento visível sobre o qual está construído todo o edifício espiritual da Igreja.

Mas, de que modo Pedro é a rocha? Como deve realizar esta prerrogativa, que naturalmente não recebeu para si mesmo? A narração do evangelista Mateus começa por nos dizer que o reconhecimento da identidade de Jesus proferido por Simão, em nome dos Doze, não provém da carne e do sangue, isto é, das suas capacidades humanas, mas de uma revelação especial de Deus Pai. Caso diverso se verifica logo a seguir, quando Jesus prediz a sua paixão, morte e ressurreição; então Simão Pedro reage precisamente com o ímpeto da carne e do sangue: Começou a repreender o Senhor, dizendo: (...) Isso nunca Te há de acontecer! Jesus, por sua vez, replicou-lhe: Vai-te daqui, Satanás! Tu és para Mim uma ocasião de escândalo...

O discípulo que, por dom de Deus, pode tornar-se uma rocha firme, surge aqui como ele é na sua fraqueza humana: uma pedra na estrada, uma pedra onde se pode tropeçar (em grego, skandalon).

Por aqui, se vê claramente a tensão que existe entre o dom que provém do Senhor e as capacidades humanas; e aparece de alguma forma antecipado, nesta cena de Jesus com Simão Pedro, o drama da história do próprio Papado, caracterizada precisamente pela presença conjunta destes dois elementos: graças à luz e força que provêm do Alto, o Papado constitui o fundamento da Igreja peregrina no tempo, mas, ao longo dos séculos assoma também a fraqueza dos homens, que só a abertura à ação de Deus pode transformar.

Na realidade, a promessa que Jesus faz a Pedro é ainda maior do que as promessas feitas aos profetas antigos: de fato, estes encontravam-se ameaçados por inimigos somente humanos, enquanto Pedro terá de ser defendido das portas do inferno, do poder destrutivo do mal. Jeremias recebe uma promessa que diz respeito à sua pessoa e ministério profético, enquanto Pedro recebe garantias relativamente ao futuro da Igreja, da nova comunidade fundada por Jesus Cristo e que se prolonga para além da existência pessoal do próprio Pedro, ou seja, por todos os tempos.

Papa Bento XVI – 29 de junho de 2012

Hoje celebramos:

sábado, 29 de junho de 2019

29 de junho - Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas. Lc 2,51


A contemplação de Cristo tem em Maria o seu modelo insuperável. O rosto do Filho pertence-lhe a título especial, porque foi no seu seio que se formou, assumindo dela também um semblante humano.
Ninguém se dedicou à contemplação de Jesus com tanta assiduidade como Maria. O olhar do seu coração concentra-se sobre Ele já no momento da Anunciação, quando O concebe por obra do Espírito Santo; nos meses seguintes sente pouco a pouco a sua presença, até ao dia do nascimento, quando os seus olhos podem fixar com ternura materna o rosto do Filho, enquanto o envolve em faixas e o coloca na manjedoura.

As recordações de Jesus, gravadas na sua mente e no seu coração, marcaram cada momento da existência de Maria. Ela vive com os olhos postos em Cristo e valoriza cada uma das suas palavras. Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração, assim apresenta são Lucas a atitude de Maria diante do Mistério da Encarnação, atitude que se prolongará por toda a sua existência.

Lucas é o evangelista que nos faz conhecer o Coração de Maria, a sua fé, a sua esperança e obediência, a sua interioridade e oração, a sua adesão livre a Cristo. E tudo isto procede do dom do Espírito Santo que desce sobre Ela, como descerá sobre os Apóstolos segundo a promessa de Cristo.

Esta imagem de Maria apresenta-a como modelo de cada crente que conserva e confronta as palavras e as ações de Jesus, um confronto que é sempre um progredir no conhecimento d’Ele. 

Papa Bento XVI – 28 de dezembro de 2011

Hoje celebramos:

Christus vivit: A vocação – Ser para os outros – nºs 253 a 258


Nºs 253 a 258

Quero agora deter-me na vocação entendida no sentido específico de chamado para o serviço missionário aos outros. O Senhor chama-nos a participar na sua obra criadora, prestando a nossa contribuição para o bem comum com base nas capacidades que recebemos.

Esta vocação missionária tem a ver com o nosso serviço aos outros. Com efeito, a nossa vida na terra atinge a sua plenitude, quando se transforma em oferta. Lembro que a missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir. Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo. Por conseguinte, devemos pensar que toda a pastoral é vocacional, toda a formação é vocacional e toda a espiritualidade é vocacional.

A tua vocação não consiste apenas nas atividades que tenhas de fazer, embora se manifeste nelas. É algo mais! É um percurso que levará muitos esforços e muitas ações a orientar-se numa direção de serviço. Por isso, no discernimento de uma vocação, é importante ver se a pessoa reconhece em si mesma as capacidades necessárias para aquele serviço específico à sociedade.

Isto confere um valor muito grande a tais tarefas, pois deixam de ser uma soma de ações que a pessoa realiza para ganhar dinheiro, para estar ocupada ou para agradar aos outros. Tudo isto faz parte de uma vocação, mas, porque fomos chamados, há algo mais do que uma mera escolha pragmática da nossa parte. Em última análise, é reconhecer o fim para que fui feito, o objetivo da minha passagem por esta terra, o plano do Senhor para a minha vida. Não me indicará todos os lugares, tempos e detalhes, que eu posso escolher prudentemente, mas certamente há uma orientação da minha vida que Ele me deve indicar, porque é o meu Criador, o meu oleiro, e eu preciso de escutar a sua voz para me deixar moldar e conduzir por Ele. Então serei o que devo ser, e serei também fiel à minha realidade pessoal.

Para realizar a própria vocação, é necessário desenvolver-se, fazer germinar e crescer tudo aquilo que uma pessoa é. Não se trata de inventar-se, criar-se a si mesmo do nada, mas descobrir-se a si mesmo à luz de Deus e fazer florescer o próprio ser: Nos desígnios de Deus, cada homem é chamado a desenvolver-se, porque toda a vida é vocação. A tua vocação orienta-te para tirares fora o melhor de ti mesmo para a glória de Deus e para o bem dos outros. Não se trata apenas de fazer coisas, mas fazê-las com um significado, uma orientação. A propósito, Santo Alberto Hurtado dizia aos jovens que se deve tomar muito a sério o rumo: Num barco, o piloto negligente é despedido sem remissão, porque joga com algo demasiado sagrado. E nós, na vida, cuidamos do nosso rumo? Qual é o teu rumo? Haveria necessidade de nos determos ainda mais sobre esta questão; peço a cada um de vós que lhe dê a máxima importância, porque acertar nisto equivale simplesmente a ter êxito; e não o conseguir é simplesmente falhar.

Normalmente, este ser para os outros na vida de cada jovem está relacionado com duas questões fundamentais: a formação de uma nova família e o trabalho. As várias sondagens que foram feitas aos jovens confirmam repetidamente que estes são os dois temas principais que os preocupam e entusiasmam. Ambos devem ser objeto dum discernimento especial.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

28 de junho - Sagrado Coração de Jesus


A devoção ao Sagrado Coração de Jesus surgiu no século XVII, quando Santa Margarida Maria de Alacoque, que era religiosa e vivia em um convento, recebeu a visita de Nosso Senhor, que apareceu a ela três vezes. A primeira foi em dezembro de 1673, a segunda em 1674 e a terceira em 1675, quando Jesus manifestou-se a ela com o peito aberto e apontando com o dedo seu Coração, exclamou: "Eis o Coração que tem amado tanto aos homens a ponto de nada poupar até exaurir-se e consumir-se para demonstrar-lhes o seu amor. E em reconhecimento não recebo senão ingratidão da maior parte deles".

Durante essas aparições, Jesus fez 12 grandes promessas às pessoas que fossem devotas de seu Coração Misericordioso e que participassem da Santa Eucaristia, comungando pela reparação dos pecados, toda primeira sexta-feira de cada mês, durante nove meses seguidos.
Depois, em 11 de junho de 1899, o Papa Leão XIII consagrou todo o gênero humano ao Sagrado Coração de Jesus, afirmando ser esse o maior ato de todo o seu pontificado. Dessa forma, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus difundiu-se por todo o mundo e foi recomendada por muitos Papas da Igreja.  Muitos Santos, como São Francisco de Assis, Santo Inácio de Loyola, Santa Tereza D’Avila e outros, dedicaram terna devoção, admiração e adoração ao Sagrado Coração de Jesus.

Hoje, o movimento do Apostolado da Oração ao Sagrado Coração de Jesus zela por essa devoção e a propaga pelo mundo todo.
As promessas que trazem grandes benefícios espirituais para a vida daqueles que têm essa devoção são:

1ª Promessa:
“Eu darei aos devotos de meu Coração todas as graças necessárias a seu estado”.

2ª Promessa:
“Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias ”.

3ª Promessa:
“Eu os consolarei em todas as suas aflições”.

4ª Promessa:
“Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”.

5ª Promessa:
“Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”.

6ª Promessa:
“Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias”.

7ª Promessa:
“As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”.

8ª Promessa:
“As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição”.

9ª Promessa:
“A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração”.

10ª Promessa:
“Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”.

11ª Promessa:
“As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no meu Coração”.

12ª Promessa:
“A todos os que comunguem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.

Oração de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus
Reze-a com um santinho nas mãos, ou diante de uma imagem do Sagrado Coração de Jesus. Você certamente receberá muitas graças.

Eu, (diga seu nome), entrego e consagro ao Sagrado Coração de Jesus minha pessoa e minha vida, minhas ações, dores e sofrimentos, e quero me servir de todas as partes de meu ser apenas para honrá-Lo, amá-Lo e glorificá-Lo. Amem

O coração de Deus comove-se!

Na Solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus, a Igreja oferece à nossa contemplação este mistério, o mistério do coração de um Deus que se comove e derrama todo o seu amor sobre a humanidade. Um amor misterioso, que nos textos do Novo Testamento nos é revelado como paixão incomensurável pelo homem.

Ele não se rende perante a ingratidão, e nem sequer diante da rejeição do povo que Ele escolheu para si; pelo contrário, com misericórdia infinita, envia ao mundo o seu Filho, o Unigênito, para que assuma sobre si o destino do amor aniquilado a fim de que, derrotando o poder do mal e da morte, possa restituir dignidade de filhos aos seres humanos, que o pecado tornou escravos.
Tudo isto a caro preço: o Filho Unigênito do Pai imola-se na cruz: "Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim" (Jo 13, 1). Símbolo de tal amor, que vai além da morte é o seu lado traspassado por uma lança. A este propósito, a testemunha ocular, o Apóstolo João, afirma: "Um dos soldados perfurou-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água" (Jo 19, 34).
Papa Bento XVI - 19 de junho de 2009


A Solenidade de hoje, é “a festa do amor”, de um “coração que muito amou”. Um amor que, como repetia Santo Inácio, “se manifesta mais nas obras do que nas palavras” e que é, sobretudo “mais dar do que receber”. “Esses dois critérios são como os pilares do verdadeiro amor” de Deus. Ele conhece suas ovelhas uma a uma, porque não se trata de um amor abstrato, mas que se manifesta por cada um de nós: 
"Um Deus que se faz próximo por amor, caminha com seu povo e esse caminhar chega a um ponto inimaginável. E isto é proximidade: o pastor próximo do seu rebanho, de suas ovelhas”.
“Ternura! O Senhor nos ama com ternura. O Senhor conhece aquela bela ciência dos carinhos, a ternura. Não nos ama com as palavras. Ele se aproxima e nos dá o amor com ternura. Proximidade e ternura! E este é um amor forte, porque nos faz ver a fortaleza do amor de Deus”.
Este amor deve fazer-se próximo do outro, deve ser como o do bom samaritano”. Mas é possível retribuir todo este amor ao Senhor?
“Isso pode parecer uma heresia, mas é a grande verdade! Mais difícil que amar a Deus é deixar-se amar por Ele! A maneira de retribuir tanto amor é abrir o coração e deixar-nos amar. Deixar que Ele se faça próximo a nós, deixar que ele nos acaricie. É tão difícil deixar-nos amar por Ele. Talvez isso é o que devemos pedir hoje na Missa: ‘Senhor, eu quero amá-Lo, mas me ensine a difícil ciência, o difícil hábito de deixar-nos amar, de senti-Lo próximo e tenro!’. Que o Senhor nos dê esta graça!”  
Papa Francisco – Solenidade do Sagrado Coração de Jesus -07 de junho de 2013

28 de junho - Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? Lc 15,4


A parábola da ovelha perdida, que o pastor procura no deserto, era para os Padres da Igreja uma imagem do mistério de Cristo e da Igreja. A humanidade todos nós é a ovelha perdida que, no deserto, já não encontra o caminho. O Filho de Deus não tolera isto; Ele não pode abandonar a humanidade numa condição tão miserável.
Levanta-se de ímpeto, abandona a glória do céu, para reencontrar a ovelha e segui-la, até à cruz. Carrega-a sobre os ombros, leva a nossa humanidade, leva-nos a nós mesmos Ele é o bom pastor, que oferece a sua vida pelas ovelhas.

A santa preocupação de Cristo deve animar o pastor: para ele não é indiferente que tantas pessoas vivam no deserto. E existem tantas formas de deserto. Há o deserto da pobreza, o deserto da fome e da sede, o deserto do abandono, da solidão, do amor destruído. Há o deserto da escuridão de Deus, do esvaziamento das almas que perderam a consciência da dignidade e do caminho do homem. Os desertos exteriores multiplicam-se no mundo, porque os desertos interiores tornaram-se tão amplos. Por isso, os tesouros da terra já não estão ao serviço da edificação do jardim de Deus, no qual todos podem viver, mas tornaram-se escravos dos poderes da exploração e da destruição.

A Igreja no seu conjunto, e os Pastores nela, como Cristo, devem pôr-se a caminho, para conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude. O símbolo do cordeiro tem ainda outro aspecto. No Antigo Oriente era costume que os reis se designassem como pastores do seu povo. Esta era uma imagem do seu poder, uma imagem cínica: os povos eram para eles como ovelhas, das quais o pastor podia dispor como lhe aprazia. Enquanto o pastor de todos os homens, o Deus vivo, se tornou ele mesmo cordeiro, pôs-se do lado dos cordeiros, daqueles que são esmagados e mortos.

Precisamente assim Ele se revela como o verdadeiro pastor: "Eu sou o bom pastor... Ofereço a minha vida pelas minhas ovelhas", diz Jesus de si mesmo. Não é o poder que redime, mas o amor! Este é o sinal de Deus: Ele mesmo é amor. Quantas vezes nós desejaríamos que Deus se mostrasse mais forte. Que atingisse duramente, vencesse o mal e criasse um mundo melhor. Todas as ideologias do poder se justificam assim, justificando a destruição daquilo que se opõe ao progresso e à libertação da humanidade. Nós sofremos pela paciência de Deus. E de igual modo todos temos necessidade da sua plenitude. O Deus, que se tornou cordeiro, diz-nos que o mundo é salvo pelo Crucificado e não por quem crucifica. O mundo é redimido pela plenitude de Deus e destruído pela impaciência dos homens.

Papa Bento XVI - 24 de abril de 2005

Hoje celebramos:


quinta-feira, 27 de junho de 2019

Christus vivit: A vocação – O chamado à amizade com Ele – nºs 248 a 252


Nºs 248 a 252

A palavra “vocação” pode-se entender em sentido amplo como chamado de Deus. Inclui o chamado à vida, o chamado à amizade com Ele, o chamado à santidade... Isto tem um grande valor, porque coloca toda a nossa vida diante de Deus que nos ama, permitindo-nos compreender que nada é fruto dum caos sem sentido, mas, pelo contrário, tudo pode ser inserido num caminho de resposta ao Senhor, que tem um projeto estupendo para nós.

Na Exortação Apostólica Gaudete et exsultate, quis deter-me sobre a vocação que todos temos de crescer para a glória de Deus, propondo-me fazer ressoar mais uma vez o chamado à santidade, procurando encarná-lo no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades. O Concílio Vaticano II ajudou-nos a renovar a consciência desta chamada dirigida a cada um: Munidos de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por seu caminho.

O ponto fundamental é discernir e descobrir que aquilo que Jesus quer de cada jovem é, antes de tudo, a sua amizade. Este é o discernimento fundamental. No diálogo do Senhor ressuscitado com o seu amigo Simão Pedro, a pergunta importante era: “Simão, filho de João, tu amas-Me?”. Por outras palavras: Amas-Me como amigo? A missão que Pedro recebe de cuidar das ovelhas e cordeiros de Jesus estará sempre ligada com este amor gratuito, este amor de amigo.

E, se fosse necessário um exemplo de sentido contrário, recordemos o encontro-desencontro do Senhor com o jovem rico, que nos mostra claramente como aquilo que aquele jovem não percebeu foi o olhar amoroso do Senhor. Depois de ter seguido uma boa inspiração, foi-se embora triste, porque não conseguiu separar-se das muitas coisas que possuía. Perdeu a ocasião daquela que poderia certamente ter sido uma grande amizade. E ficamos sem saber o que poderia ter sido para nós, o que poderia ter feito pela humanidade, aquele jovem único a quem Jesus olhou com amor e estendeu a mão.

Com efeito, a vida que Jesus nos dá é uma história de amor, uma história de vida que quer misturar-se com a nossa e criar raízes na terra de cada um. Essa vida não é uma salvação suspensa “na nuvem” – no disco virtual – à espera de ser descarregada, nem uma nova “aplicação” para descobrir ou um exercício mental fruto de técnicas de crescimento pessoal. Nem a vida que Deus nos oferece é um “tutorial” com o qual apreender as últimas novidades. A salvação, que Deus nos dá, é um convite para fazer parte de uma história de amor, que está entrelaçada com as nossas histórias; que vive e quer nascer entre nós, para podermos dar fruto onde, como e com quem estivermos. Precisamente aí vem o Senhor plantar e plantar-Se a Si mesmo.


27 de junho - Beato Ioan Suciu


No dia 02 de junho de 2019, em Papa Francisco beatificou na Romênia, sete bispos greco-católicos mártires, entre eles o Bispo Ioan Suciu (1907-1953).

Ioan Suciu foi bispo auxiliar de Oradea Mare e posteriormente Administrador Apostólico da Arquidiocese de Alba Iulia e Fagaras, juntamente com o Bispo Valeriu Traian Frenţiu. Nasceu em 4 de dezembro de 1907 em Blaj, em uma família de antiga tradição greco-católica. Ele recebeu o Batismo e a Confirmação vinte dias após o nascimento.

Frequentou o ensino fundamental e médio em Blaj e em 1925, obteve seu diploma de ensino médio na escola secundária San Basilio Magno na mesma cidade. Nesse instituto, tornou-se amigo de Tit Liviu Chinezu, que o complementava no caráter: se Ioan era impulsivo, o outro era mais calmo e pensativo.
Ambos foram enviados a Roma para estudos teológicos, convidados do Pontifício Colégio Grego de Sant'Atanasio. Em 1927, Ioan obteve um doutorado em Filosofia no Colégio de Propaganda Fide, enquanto em 1932 tornou-se doutor em teologia no Pontifício Instituto Internacional Angelicum.
Foi ordenado sacerdote em Roma em 29 de novembro de 1931 e celebrou a Primeira Missa na capela das Irmãs da Cruz em Monte Mario, em um lugar que, até recentemente, abrigava os cavalos de um rico romano. Para aqueles que lhe perguntaram o motivo dessa escolha, ele respondeu que Jesus também havia começado em um estábulo.
Ele então retornou a Blaj: de 1932 a 1940, ensinou Religião e Língua Italiana na escola comercial masculina. Depois se tornou professor de Teologia Moral e Teologia Pastoral na Academia de Teologia. Em suas palestras, ele tentava incutir entusiasmo nos estudantes, para que eles pudessem se colocar a serviço de Deus com toda a sua força.
Os jovens eram seu maior amor. Ele ia procurá-los, compartilhando seus jogos e suas preocupações nos anos de crescimento. Ele atribuiu-lhes várias obras de catecismo e espiritualidade e fundou a revista "Marianistul", para crianças e jovens.
Em 25 de maio de 1940 foi nomeado bispo auxiliar de Oradea, com o título de Moglena-Slatina na Bulgária, para trabalhar ao lado do bispo titular, monsenhor Valeriu Traian Frenţiu. A ordenação episcopal teve lugar em 22 de julho de 1940. Na homilia da ocasião, declarou que "se comprometia com os interesses eternos de Jesus Cristo, com a sua Igreja, com o seu rebanho e que nunca quis separar-se do amor do Senhor.”

As palavras foram imediatamente seguidas pelos fatos quando, em 30 de agosto de 1940, a Segunda Arbitragem (ou Diktat) de Viena forçou a Romênia a ceder à Hungria a parte norte da Transilvânia, que incluía quase todo o território da diocese de Oradea.
O monsenhor Frenţiu decidiu residir em Beiuș, que ainda estava dentro das fronteiras da Romênia. A eparquia foi confiada ao bispo de Cluj-Gherla, monsenhor Iuliu Hossu, como administrador apostólico. O monsenhor Suciu permaneceu em Oradea como auxiliar: apesar das dificuldades da guerra e dos problemas causados ​​pelos ocupantes húngaros, promoveu e realizou numerosas iniciativas apostólicas.

Os fiéis, no entanto, começaram a sentir a pressão do regime comunista, que visava unificar a Igreja Católica Grega Romena, unida a Roma e à Igreja Ortodoxa. Mons. Suciu respondeu com uma série de palestras nas principais cidades do país, declarando a impossibilidade de um acordo entre o cristianismo e o materialismo ateísta.

Em 3 de setembro de 1948, um decreto do governo o libertou do cargo e ordenou que ele morasse em Blaj. Monsenhor Suciu, por outro lado, continuou suas visitas pastorais e suas intervenções, com um compromisso ainda maior: só a Santa Sé, repetia ele com frequência, tinha autoridade para privá-lo de funções episcopais.
Em setembro, ele foi preso pela primeira vez. Levado a Sibiu, ele ficou dois dias sem comida ou bebida, e depois foi liberado. Ele foi submetido a uma segunda prisão, depois todos os meios de transporte foram retirados dele. Nesse ponto, ele continuou suas visitas a pé, exortando os fiéis a não cederem, assim como todos os outros bispos católicos gregos.
Preso em 28 de outubro de 1948, ele foi levado para Dragoslavele e depois para o Mosteiro de Căldăruşani. Em maio de 1950, foi levado ao Ministério do Interior e, em outubro do mesmo ano, à penitenciária Sighetul Marmaţiei ou Sighet, onde sofria de fome, frio, doenças e numerosas torturas. Ele morreu lá em 27 de junho de 1953, na cela número 44.

São mártires pelo ódio à fé católica e a perseguição que sofreram foi diferente: além do ódio à fé católica, havia mais um elemento: o ódio pela comunhão com a Sé de Pedro.

O contexto histórico que estas perseguições ocorreram foi quando a Romênia estava nas mãos de um governo comunista, "telecomandado" por Moscou, por Stalin, que havia declarado a perseguição, havia declarado guerra aos cristãos e, sobretudo, contra os católicos. Por que especialmente aos católicos? Porque os católicos estavam ligados ao Papa e o Papa era visto como um representante do imperialismo, como uma potência estrangeira que estava se intrometendo nos assuntos da nação. Era importante para eles cortar essa ligação com Roma. Esses bispos não quiseram aceitar tal disposição e permaneceram fidelíssimos a Roma. Diante dessa resistência, o governo suprimiu igrejas, mosteiros ... Foi uma verdadeira perseguição.

O marxismo, o comunismo, respondia ao postulado de Marx, a saber, que a religião é o ópio do povo; a religião impedia o desenvolvimento do homem, da sociedade, impedia a criação do "novo homem", como o chamavam naqueles dias. Assim, se havia um inimigo a ser erradicado, este era precisamente constituído pelos crentes, especialmente católicos, porque antes de tudo eram um número bastante elevado, mas depois, eram unidos e leais à Igreja de Roma, eram fiéis ao Papa. Assim, foram milhões - a Romênia foi o país em que se manifestou uma terrível perseguição e com tantas vítimas - os greco-católicos são os católicos de rito oriental, porém ligados a Roma, em comunhão com Roma.

Quando as perseguições começaram, constatou-se que a morte e o martírio dos cristãos tornava-se fermento, era semente de novas conversões. Além disso, Jesus havia dito: "Se o grão de trigo não morre, não dá fruto". É verdade, porque com a queda do Muro de Berlim, esses países - incluindo a Romênia - conquistaram a liberdade e as igrejas se encheram.

“Eu estive na Romênia - era minha primeira viagem a este país - para a beatificação de uma jovem assassinada, porque era fiel à castidade, à pureza. Eu vi as igrejas cheias; vi um proliferar de igrejas! Seminários cheios! Havia o estudantado internacional dos Franciscanos, cheio de seminaristas... Uma Igreja que parecia destinada à extinção e em vez disso reconquistou sua liberdade, manifestou toda a sua beleza e toda a sua vitalidade.

Assim, também esses nossos bispos que viveram na prisão, tornam-se agora uma ocasião de comemoração e um farol que ilumina com sua luz. Naquela época, pensava-se que tudo havia acabado, ao invés disso, agora eles são propostos como modelo de vida para o mundo inteiro, para toda a Igreja. Estamos sempre lá, na lógica da semente que morre e depois se transforma em vida. É a lógica do mistério pascal: Jesus derrotado, depois ressuscitado, torna-se salvação para toda a humanidade. Assim, estes nossos mártires, esses nossos bispos: pensava-se que, eliminando-os, a Igreja seria suprimida e ao invés disso agora, em uma grande cerimônia presidida pelo Papa Francisco, são propostos à veneração dos fiéis da Romênia e – espera-se - com a canonização - da Igreja universal.”  Cardeal Angelo Becciu - Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos



27 de junho - Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática, é como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha. Mt 7,24


No coração de cada homem existe o desejo de uma casa, há o grande anseio pela própria casa, que seja sólida, aonde não só se possa voltar com alegria, mas também onde com júbilo se possa receber cada hóspede que chegar. É a saudade de uma casa em que o pão quotidiano seja o amor, o perdão, a necessidade de compreensão, em que a verdade seja a fonte da qual brota a paz do coração.

Esta saudade não é senão o desejo de uma vida plena, feliz, bem-sucedida. Não tenhais medo desta aspiração. Não a rejeiteis! Não desanimeis ao ver casas desabadas, desejos malogrados, saudades dissipadas. Deus Criador, que infunde no coração o imenso desejo da felicidade, jamais nos abandona na cansativa construção daquela casa que se chama vida.

Impõe-se uma interrogação: "Como construir esta casa?" Trata-se de uma interrogação que deve estar todos os dias diante dos olhos do coração: como construir a casa chamada vida? Jesus exorta-nos a construir na rocha. Efetivamente, só assim a casa não desabará. Mas o que significa construir a casa sobre a rocha? Edificar sobre a rocha quer dizer em primeiro lugar: construir sobre Cristo e com Cristo. Jesus diz: "Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha". Aqui, não se trata de palavras vazias, proferidas por uma pessoa qualquer, mas das palavras de Jesus. Não significa ouvir uma pessoa qualquer, mas ouvir Jesus.

Construir sobre Cristo e com Cristo significa edificar sobre um fundamento que se chama amor crucificado. Quer dizer construir com Alguém que, conhecendo-nos mais do que nós mesmos, nos diz: "És precioso aos meus olhos... te estimo e te amo". Quer dizer construir com Alguém que é sempre fiel, não obstante nós faltemos à fidelidade, porque ele não pode renegar-se a si mesmo. Significa edificar com Alguém que se debruça constantemente sobre o coração ferido do homem e diz: "Não te condeno. Vai, e doravante não tornes a pecar". Quer dizer construir com Alguém, que do alto da cruz estende os seus braços, para repetir por toda a eternidade: "Entrego a minha vida por ti, homem, porque te amo". Enfim, construir sobre Cristo quer dizer fundamentar na sua vontade todas as aspirações pessoais, as expectativas, os sonhos, as ambições e todos os seus projetos. Significa dizer a si mesmo, à própria família, aos próprios amigos e ao mundo inteiro, mas sobretudo a Cristo: "Senhor, na minha vida nada quero fazer contra ti, porque Tu sabes o que é melhor para mim. Tu tens palavras de vida eterna".
Não tenhais medo de apostar em Cristo! Tende saudades de Cristo, como fundamento da vida! Inflamai em vós o desejo de construir a vossa própria vida com Ele e por Ele! Porque não pode perder aquele que aposta tudo no amor crucificado do Verbo encarnado.
Edificar sobre a rocha significa em Cristo e com Cristo, que é a rocha.

Papa Bento XVI – 27 de maio de 2016

Hoje celebramos:

quarta-feira, 26 de junho de 2019

26 de junho - Portanto, pelos seus frutos vós os conhecereis. Mt 7,20


Enxertados em Cristo com o Batismo, recebemos gratuitamente d’Ele o dom da vida nova; e podemos permanecer em comunhão vital com Cristo. É preciso que nos mantenhamos fiéis ao Batismo e cresçamos na amizade com o Senhor mediante a oração diária, a escuta e a docilidade à sua Palavra — lendo o Evangelho — a participação nos Sacramentos, especialmente na Eucaristia e na Reconciliação.

Se alguém estiver intimamente unido a Jesus, usufruirá dos dons do Espírito Santo, que — como nos diz são Paulo — são: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança (Gal 5, 22); e por conseguinte faz muito bem ao próximo e à sociedade, é uma pessoa cristã.
De fato, a partir destes comportamentos reconhece-se se uma pessoa é um cristão verdadeiro, como dos frutos se reconhece a árvore. Os frutos desta união profunda com Jesus são maravilhosos: toda a nossa pessoa é transformada pela graça do Espírito: alma, inteligência, vontade, afetos e até o corpo, porque somos unidade de espírito e corpo.

Recebemos um novo modo de ser, a vida de Cristo torna-se nossa: podemos pensar, agir, ver o mundo e a realidade com os seus olhos, como Ele. Consequentemente, podemos amar os nossos irmãos, a partir dos mais pobres e sofredores, como Ele fez, amando-os com o seu coração e assim produzir frutos de bondade, caridade e paz. 

Papa Francisco - 03 de maio de 2015

Hoje celebramos: 




26 de junho - São Sigismundo Gorazdowski


O santo Sigismundo Gorazdowski se tornou famoso pela devoção fundada na celebração e na adoração da Eucaristia. Viver a oferta de Cristo estimulou-o a dedicar-se aos doentes, aos pobres e aos necessitados.

Papa Bento XVI – Homilia de Canonização – 23 de outubro de 2005

Sigismundo Gorazdowski nasceu em Sanok (Polônia), a primeiro de novembro de mil oitocentos e quarenta e cinco, numa família, onde se valorizava e respeitava muito os princípios da religião católica. De saúde frágil desde a infância, desejou ajudar aos outros doentes e por isso, após concluir o ensino de segundo grau, entrou na faculdade de direito da Universidade de Lwow. Já estudante de segundo ano, descobriu a vocação para o sacerdócio, interrompendo o curso de direito, entrou para o Seminário Maior em Lwow. Lá experimentou uma prova de fé: a doença evoluiu a tal ponto, agravando o seu estado de saúde com risco de vida e, por isso, foi suspensa a sua ordenação sacerdotal. Os seus amigos, vendo esse drama pessoal, escreveram em suas memórias: «A não admissão à ordenação sacerdotal foi para Sigismundo um golpe muito doloroso, sofreu moral e fisicamente, mas não perdeu a confiança no Senhor Deus». Dois anos depois, o seu estado de saúde melhorou tanto, que pôde receber o Sacramento da Ordem na Catedral de Lwow, no dia 25 de julho de 1871.

Único desejo do beato Sigismundo Gorazdowski foi: “ser tudo para todos, para salvar pelo menos um”.

Já nas primeiras paróquias que ocupou deixou que fosse reconhecido nele um carisma excepcional de unir o trabalho sacerdotal com o trabalho caritativo. Descobrindo a grande pobreza espiritual de seus fiéis e várias dificuldades no anúncio da mensagem evangélica, elaborou e editou Catecismo, que teve a tiragem de mais de cinquenta mil exemplares. Para os jovens de ambos os sexos também preparou e editou Conselhos e Admoestações. Valorizando muito os dons dos santos Sacramentos, especialmente o da Eucaristia, iniciou na arquidiocese de Lwow a prática da Primeira Comunhão comunitária para as crianças. Foi também o grande propagador de lembranças da primeira comunhão e do sacramento da crisma.

Padre Sigismundo, a exemplo de Cristo, esforçou-se para nunca excluir ninguém de sua ação caritativa, especialmente os marginalizados pela sociedade. Como por exemplo, durante a grande epidemia de cólera, esquecendo-se de si mesmo, corria com o seu serviço sacerdotal e ajuda material, colocando com suas próprias mãos as vítimas fatais nas urnas funerárias. Até os judeus, com admiração, beijavam sua roupa, vendo nele um homem santo.

Em 1877, Padre Sigismundo iniciou suas atividades sacerdotais e beneficentes em Lwow. Como vigário, administrador paroquial e depois pároco, assumiu o trabalho de catequista em várias escolas. Continuou engajado no seu trabalho de editor e redator. Conseguiu mais tiragens de seu Catecismo, preparou e editou Princípios e Normas de Boa Educação para os pais e educadores. Publicou também muitos artigos, principalmente pastorais, sociais e pedagógicos. Criou a Sociedade Bom Pastor para auxiliar os sacerdotes e uma revista com o mesmo título.

Durante o seu mandato de secretário do Instituto dos Cristãos Pobres em Lwow, fundou a Casa de Trabalho Benévolo para os mendigos sem lar, onde se encontravam também as crianças. Como consta nos Relatórios dessa Casa, «muitos pobres...abandonaram a mendicância e, recuperando a sua dignidade, voltaram à vida decente ». Da iniciativa do Padre Sigismundo, conhecido cada vez mais como Padre dos Mendigos e Pai dos Pobres, começou a funcionar em Lwow a Cozinha Popular, servindo refeições a baixo custo aos trabalhadores, estudantes, crianças e aos pobres da cidade.

O abrigo para Incuráveis e Convalescentes foi uma obra de misericórdia cristã em resposta às necessidades de pessoas sofredoras e doentes, vítimas de uma lei do governo, que obrigava os enfermos a abandonarem o hospital após seis semanas de internação, independentemente do estado de saúde. Escreveram na época do padre Gorazdowski: “Quando ninguém soube acolher os infelizes e doentes desenganados... ele pensou em construir um Abrigo aos infelizes”.

Padre Sigismundo fundou também, para os pobres estudantes de escola pedagógica, Internato de São Josafá que foi responsável pela formação de vários ilustres da época.
Não se pode esquecer do Instituto Menino Jesus para as mães solteiras e as crianças abandonadas, onde foram salvas cerca de 3.000 crianças e inúmeras mães.

Padre Sigismundo atuou ainda na Sociedade de Santa Salomé, auxiliando as viúvas pobres com seus filhos e também na Sociedade das costureiras pobres.
Foi co-fundador da Associação das Sociedades Beneficentes na Galícia que coordenava e dirigia todas as obras cristãs de misericórdia.

O beato, para proteger as crianças católicas da indiferença e do ateísmo, fundou a Escola Católica polono-alemã e confiou a sua direção aos Irmãos das escolas cristãs. Respondendo ao apelo do Santo Padre para editar e propagar jornais e revistas a baixo custo para o povo, iniciou a publicação do Jornal Diário.
A fundação da escola e publicação do jornal enfrentaram grande oposição dos inimigos da Igreja, o que proporcionou muitas aflições, sofrimentos, incompreensões e humilhações ao padre Sigismundo, praticamente até a sua morte.

Para dirigir a maioria de suas obras beneficentes, padre Sigismundo engajou as terciárias franciscanas, preocupando-se com a sua formação adequada e aprovação eclesiástica como Congregação das Irmãs de São José (irmãs josefinas). O dia 17 de fevereiro de 1884 é a data oficial de sua fundação. À medida que a Congregação crescia, o fundador ia introduzindo as irmãs no serviço aos necessitados, nos hospitais, orfanatos, jardins de infância, recomendando também a assistência aos doentes em casas particulares. Ele mesmo tornou-se um exemplo para as irmãs na união com Deus pela oração e na dedicação heroica aos necessitados, de onde vem o lema, amadurecido cada vez mais na vida da Congregação: coração em Deus, mãos ao trabalho.

A Congregação das Irmãs de São José, fiel ao carisma de seu Fundador, dirige institutos educacionais, engaja-se no trabalho catequético, serve aos doentes, sofredores e vítimas de todo tipo de pobreza.
A Congregação atua na Polônia, Alemanha, França, Itália, Ucrânia e nas missões da África e da América do Sul.

Sigismundo Gorazdowski morreu no dia primeiro de janeiro de 1920 em Lwow. Na época, se dizia que ele era o olho do cego, a perna do coxo e o pai dos pobres.
Seu processo de beatificação foi iniciado em 1989. No dia 26 de junho de 2001 o Santo Padre João Paulo II beatificou esse Apóstolo da Misericórdia Divina, cuja memória é celebrada no dia 26 de junho. O Papa Bento XVI o canonizou no dia 23 de outubro de 2005 na Conclusão do Sínodo dos Bispos do Ano da Eucaristia.      


terça-feira, 25 de junho de 2019

25 de junho - Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso é o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele! Mt 7,13


Que significa esta "porta estreita"? Por que muitos não conseguem entrar por ela?
Trata-se porventura de uma passagem reservada a alguns eleitos?
De fato, este modo de raciocinar dos interlocutores de Jesus, considerando bem, é sempre atual: a tentação de interpretar a prática religiosa como fonte de privilégios ou de certezas está sempre pronta para armar uma cilada.
Na realidade, a mensagem de Cristo é precisamente em sentido oposto: todos podem entrar na vida, mas para todos a porta é "estreita". Não há privilégios. A passagem para a vida eterna está aberta a todos, mas é "estreita" porque é exigente, requer compromisso, abnegação, mortificação do próprio egoísmo.

Mais uma vez, Jesus nos convida a considerar o futuro que nos espera e para o qual nos devemos preparar durante a nossa peregrinação na terra. A salvação, que Jesus realizou com a sua morte e ressurreição, é universal. Ele é o único Redentor e convida todos para o banquete da vida imortal. Mas a uma só e igual condição: a de se esforçar por segui-l'O e imitá-l'O, assumindo sobre si, como Ele fez, a própria cruz e dedicando a vida ao serviço dos irmãos.
Portanto, esta condição para entrar na vida celeste é única e universal. No último dia recorda ainda Jesus no Evangelho não seremos julgados com base em privilégios presumíveis, mas segundo as nossas obras.

Papa Bento XVI – 26 de agosto de 2007

Hoje celebramos:

25 de junho - Beata Dorotéia de Montau


Dorotéia Swartz de Montau, nasceu em Gross Montau, Prússia, no dia 6 de fevereiro de 1347, e morreu em Marienwerder, em 25 de junho de 1394.
Essa região estava sob a jurisdição dos cavaleiros da Ordem Teutônica, então no auge do seu poder. Ela viveu sob a sua jurisdição e foram eles que introduziram o processo de sua canonização em 1404.

Era filha de um fazendeiro holandês, Willem Swartz. Antigas biografias relatam que desde muito jovem ela mortificava o próprio corpo e recebera os estigmas invisíveis, disfarçando a dor que lhe causavam.

Com a idade de dezesseis anos se casou com Adalberto de Dantzig, homem maduro, artesão armeiro abastado, mas muito temperamental, de caráter violento. Quando tinha 31 anos, Dorotéia teve seus primeiros êxtases e o esposo não tinha paciência com suas experiências místicas e a maltratava. Levando a vida matrimonial com paciência, humildade e gentileza, conseguiu mudar pouco a pouco o caráter do esposo. O casal fez frequentes peregrinações a Colônia, Aachen e Eisiedeln.

Em 1390, eles resolveram visitar os túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo em Roma. Mas Adalberto, impedido por uma enfermidade, permaneceu em casa, aonde veio a falecer.

Entregue a Deus, Dorotéia viajou sozinha para Roma. Ia mendigando, quase sem observar as regiões que percorria. Chegando a Roma, caiu doente e foi tratada durante longas semanas no hospital de Maria Auxiliadora. Quando regressou, seu esposo já havia falecido há meses.

Dos nove filhos que tiveram, quatro morreram ainda crianças e quatro durante a praga de 1383. Somente uma filha, Gertrudes, sobreviveu e tornou-se beneditina em Colônia. A Santa dedicou a ela um pequeno tratado de vida espiritual.

Em 1391 Dorotéia se mudou para Marienwerder. Ali encontrou o seu diretor espiritual, João de Marienwerder, da Ordem Teutônica, sábio teólogo e professorem Praga. Percebendo a grandeza espiritual da penitente, ele iniciou a transcrição de suas visões e de seu ensinamento em 1392. Este trabalho compreende sete livros em Latim, Septililium. Escreveu também a vida da Santa em quatro livros.

Em 2 de maio de 1393, depois de uma provação de dois anos, e com a permissão do Capítulo e da Ordem Teutônica, passou a viver em uma ermida construída junto a Catedral de Marienwerder. A cela tinha dois metros de largura e três de altura. Três janelas completavam a ermida: uma abria-se para o céu; outra dava para o altar, para que ela acompanhasse a Santa Missa e comungasse; a terceira dava para o cemitério e servia para lhe passarem os alimentos. Dorotéia vivia austeramente e comungava diariamente, algo excepcional para seu tempo. Com seu exemplo edificava a todos que a procuravam em busca de conselho e consolo. Foram-lhe atribuídas muitas conversões.

Embora não tivesse frequentado escola, Santa Dorotéia tinha uma bagagem cultural graças às suas viagens e ao contato com eclesiásticos eminentes. Além da Ordem Teutônica, sofreu influência da espiritualidade dominicana e teve como modelo Santa Brígida da Suécia, cujas relíquias haviam passado por Dantzig em 1374.
Santa Dorotéia morreu em Marienwerder no dia 25 de junho de 1394, e foi logo venerada como Santa e Patrona da Ordem Teutônica e da Prússia, mas só foi beatificada pela Igreja em 1976.