quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

12 de dezembro - Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Lc 1,43


É no contexto de grata memória que brota o cântico de Isabel em forma de pergunta: “Quem sou eu, para que a mãe do meu Senhor venha ter comigo?” Isabel, a mulher marcada pelo sinal da esterilidade, encontramo-la cantando sob o sinal da fecundidade e do deslumbre.

Isabel, mulher estéril, com tudo o que isto implicava para a mentalidade religiosa da sua época, que considerava a esterilidade como um castigo divino, fruto do próprio pecado ou do esposo. Um sinal de vergonha levado na própria carne, ou por se considerar culpado de um pecado que não cometeu, ou por se sentir pouco importante, por não estar à altura do que se esperava dela. Esterilidade que pode ter muitos nomes e formas, cada vez que uma pessoa sente na sua carne a vergonha por se ver estigmatizada ou se sentir insignificante.
Assim podemos ver isto no pequeno índio Juan Diego, quando diz a Maria: “Na verdade, de nada valho, sou mecapal, cacaxtle, cauda, asa, submetido a ombros e à dependência de outrem, este não é o meu paradeiro, e nem sequer vou para onde te dignas enviar-me”.

E juntamente com Isabel, a mulher estéril, contemplamos Isabel, a mulher fecunda-deslumbrada. Ela é a primeira que reconhece e abençoa Maria. Foi ela que, na velhice, experimentou na sua própria vida, na sua carne, o cumprimento da promessa feita por Deus. Ela, que não podia ter filhos, trouxe no seu ventre o precursor da salvação. Nela entendemos que o sonho de Deus não é nem será a esterilidade, nem estigmatizar ou encher os seus filhos de vergonha, mas fazer brotar neles e deles um cântico de bênção.

Vemo-lo, de igual modo, em Juan Diego. Foi precisamente ele, e não outro, quem trouxe na sua tilma a imagem da Virgem: a Virgem de pele morena e rosto mestiço, sustentada por um anjo com asas de quetzal, pelicano e arara; a mãe capaz de assumir os traços dos seus filhos para os levar a sentir-se partícipes da sua bênção.

Irmãos, neste clima de memória grata por sermos latino-americanos, entoemos no nosso coração o cântico de Isabel, o cântico da fecundidade, e digamos juntos aos nossos povos que não se cansem de o repetir: Bendita sois Vós entre todas as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.

Papa Francisco – 12 de dezembro de 2017

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