Papa de número 43, nos dez anos de seu pontificado, o Papa Celestino I
(10 de setembro de 422 — 27 de julho de 432), empreendeu grandes realizações. Contemporâneo e amigo de Santo Agostinho, juntos trabalharam pela defesa da sã doutrina da Igreja.
Foi sucessor do
Papa Bonifácio I, sendo um homem de grande energia e ao mesmo tempo de
comovente liberalidade. Enquanto cuidava da reconstrução de Roma, ainda
sentindo as consequências do terrível saque que sofreu em 410 pelo bárbaro
Alarico, ele não perdia de vista os interesses espirituais de toda a cristandade.
Reconstruiu a basílica de Santa Maria de Trastevere e construiu a basílica de
Santa Sabina sobre o Aventino.
Foi o primeiro Papa
a enviar missionários para a Escócia. Enviou São Paládio à Irlanda e
São Germano à Bretanha, com o intuito de aproximar essas terras da Cristandade
Romana.
É com este Papa
que, pela primeira vez, se cita o "bastão pastoral".
Defendia o direito
do papa receber apelos de qualquer cristão, leigo ou clérigo, e era solícito em
responder a tudo e a todos. Ao papa era pedido sobretudo fixar normas às quais
todo fiel devesse conformar o próprio comportamento.
Com essas
respostas, conhecidas com o nome de Decretais, tomou forma o primeiro embrião
do direito canônico. Escreveu cartas aos bispos da Ilíria, da Gália Narbonense
e Vienense, da Púglia e da Calábria, para corrigir abusos, dissipar dúvidas
doutrinais, combater heresias ou simplesmente para proibir aos bispos vestir
cintos e mantos próprios dos monges. Teve cordial correspondência com o amigo
bispo de Hipona, santo Agostinho, cuja doutrina defendeu calorosamente, na
disputa antipelagiana, com palavras que consagraram definitivamente sua
autoridade e santidade.
Em uma carta
endereçada aos bispos da Gália, o papa afirmava que Agostinho sempre esteve em
comunhão com a Igreja romana e o punha entre os mestres de maior autoridade na
doutrina. Nela percebia-se não só a afetuosa solidariedade para com o amigo,
mas também a clara visão que o santo pontífice tinha dos problemas de toda a
comunidade eclesial. Nesta desenvolvia com evangélica evidência a tarefa de bom
pastor, solícito pela sorte de cada um, ainda que fosse o herético Nestório,
patriarca de Constantinopla, que o concílio de Éfeso, convocado pelo papa em
431, havia há pouco destituído e condenado.
A 15 de março de
432 o papa Celestino dirigia aos padres conciliares, ao imperador, ao novo
patriarca, ao clero e ao povo uma carta na qual exprimia seu júbilo pelo
definitivo triunfo da verdade em questão teológica de tal alcance e, ao mesmo
tempo, recomendou um gesto de caridade para o bispo derrotado.
É este o último
documento do ativo pontífice. Morreu de fato a 27 de julho do mesmo ano e foi
sepultado no cemitério de Priscila, numa capela ilustrada com os episódios do
recente concílio de Éfeso, que proclamara solenemente a divina maternidade de
Maria.
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