Olímpia nasceu por
volta de 361 em uma família abastada de Constantinopla; seu avô gozava da
estima do imperador Constantino e fora prefeito do Oriente por quatro vezes;
seu pai era nobre do palácio.
Ficando órfã bem
jovem, foi confiada a Teodosia, mulher de grande cultura e sentimentos
cristãos, irmã do Bispo de Iconio, Santo Anfiloco, muito estimada por São
Basílio e São Gregório Nazianzeno, Doutores da Igreja. São Gregório de Nissa
lhe dedicou um comentário do “Cântico dos Cânticos”. Assim, desde muito cedo
Olímpia foi instruída sobre as Sagradas Escrituras. Imitando Santa Melânia, se
dedicou à mortificação; e embora sendo rica, instruída e nobre pudesse aspirar
a uma brilhante posição na corte, dela se afastou.
Por volta do ano de
384, casou-se com Nebridio, que foi prefeito de Constantinopla, mas vinte meses
depois do casamento seu esposo morreu. O imperador Teodósio o Grande desejava
que ela se casasse novamente e tinha um pretendente: seu primo. Olímpia
recusou-se a contrair novo matrimônio e Teodósio, para vencer sua resistência,
sequestrou todos os seus bens.
O imperador fez uma
longa viagem e ao voltar, três anos depois, ficou tão impressionado com as
informações sobre sua vida santa e repleta de humildade e caridade, que
restituiu os bens a ela.
Foi então que
Olímpia pode fundar algumas obras de caridade, entre elas um grande
recolhimento para acolher eclesiásticos de passagem e viajantes pobres. O Bispo
Netário (381-397), contrariando o costume da época, nomeou-a diaconisa aos 30
anos, dignidade que então se dava somente às viúvas de 60 anos, e recorria aos
seus conselhos cheios de sabedoria e ciência.
Olímpia fundou, sob
o pórtico sul de Santa Sofia, um mosteiro cujas religiosas pertenciam às
melhores famílias de Constantinopla, entre elas suas três irmãs: Elisância,
Martiria e Paládia, e uma sobrinha também de nome Olímpia. No início eram cerca
de 50 religiosas, que logo se tornaram 250.
Quando no início do
ano 398, São João Crisóstomo chegou à cidade como arcebispo de Constantinopla,
encontrou o fervor enfraquecido tanto nos fieis como nos religiosos, inclusive
a corte se tornara mundana com a presença de Eudoxia, mulher do imperador do
Oriente, Arcádio. Mas se consolou vendo o mosteiro de Olímpia, formado de almas
bem dispostas e que serviam de modelo.
Entre o arcebispo e
Olímpia se estabeleceu uma profunda amizade; ela tornou-se uma colaboradora
valiosa na renovação espiritual por ele iniciada. Possuidora de grandes
riquezas e propriedades, tanto na cidade como em outras regiões, grande foi sua
generosidade doando a São João Crisóstomo ouro e prata para a sua igreja de
Santa Sofia. Ela se esforçava para ajudá-lo em tudo, desde o alimento até o
vestuário.
Mas tudo isto
atraiu também sobre ela o rancor daqueles que pretendia atrapalhar a obra
reformadora do arcebispo. Dois bispos dissidentes obtiveram de Arcádio um
decreto de exílio contra São João Crisóstomo, que em meio ao tumulto dos fiéis
e das religiosas, teve que deixar Santa Sofia, e foi conduzido por soldados a
Cucusa, entre os montes da Armênia.
No mesmo dia de sua
partida, 30 de junho de 404, um incêndio destruiu o episcopado e grande parte
da igreja e do senado. Os fiéis do arcebispo foram acusados e inclusive Olímpia
foi levada diante do prefeito da cidade, Optato. Acusada do incêndio, ela se
defendeu dizendo que havia doado valores consideráveis para a construção da
igreja e não tinha nenhuma razão para queimá-la.
Optato ofereceu
deixá-la, bem como as suas religiosas, em paz, se reconhecesse o novo bispo
Arsacio, o que Olímpia recusou. Foi condenada a pagar uma grande quantia como
multa e depois, no ano de 405, se retirou voluntariamente em Cizico.
A perseguição
contra os seguidores de São João Crisóstomo continuou e Olímpia foi novamente
processada pelo prefeito e exilada na Nicomédia.
Naqueles anos
manteve uma correspondência com o bispo exilado na Armênia, interessando-se por
sua saúde, enviando-lhe dinheiro para os pobres da região e para o resgate de
pessoas cativas. Por sua vez, São João Crisóstomo a exortava a banir a tristeza
e a fazer nascer a alegria espiritual que despreza as coisas do mundo e eleva a
alma, recomendando-lhe sustentar os seus amigos, que sofriam a perseguição por
causa dele.
Olímpia faleceu em
25 de julho de 408. Segundo o escritor Paládio, os habitantes de Constantinopla
a colocam entre os confessores da fé, porque ela morreu e retornou ao Senhor
entre as batalhas suportadas por Deus.
As religiosas de
seu mosteiro foram dispersas em 404, quando foram mandadas para o exílio; se
reuniram somente em 416, sob a direção de Honorina, parente de Olímpia, quando
os seguidores de São João Crisóstomo se reconciliaram com os seus sucessores; o
mosteiro foi destruído no incêndio de Santa Sofia, em 532, retornaram depois,
quando Justiniano o reconstruiu.
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