O novo santo, Simão de Lipnica, grande filho
da terra polaca, testemunha de Cristo e seguidor da espiritualidade de São
Francisco de Assis, viveu numa época distante, mas, precisamente hoje é proposto
à Igreja como modelo atual de um cristão que animado pelo espírito do Evangelho
está pronto a dedicar a vida pelos irmãos.
Assim, cheio da misericórdia que hauria da
Eucaristia, não hesitou em levar ajuda aos doentes atingidos pela peste,
contraindo essa doença que o levou também à morte.
Hoje de modo particular confiamos à sua proteção
todos os que sofrem por causa da pobreza, da doença, da solidão e da injustiça
social. Através da sua intercessão pedimos para nós a graça do amor
perseverante e ativo, a Cristo e aos irmãos.
Papa Bento XVI –
Homilia de Canonização – 03 de junho de 2007
Simão nasceu em Lipnica, na Polônia, entre os
anos de 1435-1440. Seus pais, Gregório e Ana, souberam dar a ele uma boa
educação, inspirada nos valores da fé cristã e, apesar de sua modesta condição,
preocuparam-se em assegurar uma adequada formação cultural. Simão cresceu com
um caráter piedoso e responsável, uma natural predisposição à oração e um terno
amor à Mãe de Deus.
Em 1454, viajou a Cracóvia para estudar na
famosa Academia Jagellonica. Nesse tempo São João de Capistrano entusiasmava a
cidade com a santidade de sua vida e o fervor de sua pregação, atraindo à
vocação franciscana um numeroso grupo de jovens. Em 8 de setembro de 1453, o
santo italiano havia também fundado, na Cracóvia, o primeiro convento da
Observância, com o nome de São Bernardino de Sena. Por esse motivo, os frades
menores daquele convento foram chamados pelo povo de “bernardinos”.
Em 1457, também o jovem Simão, fascinado pelo
ideal franciscano, preferiu seguir o Evangelho, interrompendo uma carreira de
sucesso. Para tanto, pediu para ser aceito, com outros dez companheiros de
estudos, no convento de Stradom.
Sob a orientação do Mestre de noviços, Padre
Cristóforo de Varese, religioso eminente por sua doutrina e santidade de vida,
Simão precorreu com generosidade o caminho da vida humilde e pobre dos frades
menores, alcançando o sacerdócio em 1460.
Exerceu seu primeiro ministério no convento
de Tarnów, onde foi guardião da fraternidade. Em seguida, se estabeleceu em
Stradom (Cracóvia), dedicando-se incansavelmente à pregação evangélica, com
palavra limpa, plena de ardor, de fé e sabedoria, que deixava entrever sua
profunda união com Deus e o prolongado estudo da Sagrada Escritura.
Como São Bernardino de Sena e São João de
Capistrano, Frei Simão estende a devoção ao Nome de Jesus, obtendo a conversão
de inúmeros pecadores. Em 1463, primeiro entre os Frades Menores, ocupou o
ofício de pregador na catedral de Wawel. Por sua entrega à pregação evangélica
das fontes antigas, ganhou o título de “Pregador Fervorosíssimo”.
Desejoso em render homenagem a São Bernardino
de Sena, inspirador de sua pregação, em 17 de maio de 1472, junto a outros
frades poloneses, chegou a Aquitania para participar da solene transladação do
santo para o novo templo erguido em sua honra.
Novamente foi à Itália, em 1478, por ocasião
do Capítulo Geral em Pávia. Nessa ocasião pode satisfazer um desejo profundo de
visitar as tumbas dos Apóstolos, em Roma, e prosseguir depois sua peregrinação
à Terra Santa. Viveu a feliz experiência em espírito de penitência, de
verdadeiro amante da Paixão de Cristo, com a oculta aspiração de derramar o
próprio sangue pela salvação das almas, agradando assim a Deus.
Imitador de São Francisco em seu amor pelos
lugares santos, na eventualidade de ser capturado pelos infiéis, antes de
viajar memorizou todo o texto da Regra da Ordem “para tê-la sempre diante dos olhos e da mente”.
O amor de Simão pelos irmãos se manifestou de
maneira extraordinária no último ano de sua vida, quando uma epidemia da peste
devastou Cracóvia. De julho de 1482 a 6 de junho de 1483, a cidade esteve sob o
flagelo da enfermidade. Na desolação geral, os franciscanos do convento de São
Bernardino se doaram incansavelmente no cuidado aos enfermos, como verdadeiros
anjos de consolo.
São Simão tomou aquele como um “tempo
propício” para exercitar a caridade e para levar a cabo a oferenda da própria
vida. Por todas as partes passou confortando, prestando ajuda, administrando os
sacramentos e anunciando a consoladora Palavra de Deus aos moribundos. E acabou
também contagiado.
Suportou com extraordinária paciência os
sofrimentos da enfermidade e, próximo da morte, expressou o desejo de ser
sepultado no umbral da igreja, para que todos pudessem pisoteá-lo. No sexto dia
da enfermidade, a 18 de julho de 1482, sem temer a morte e com os olhos fixos
sobre a Cruz, entregou sua alma a Deus.
A causa de sua canonização, retomada pelo
Papa Pio XII, em 25 de junho de 1948, chegou a bom termo com o reconhecimento
de um milagre na cidade de Cracóvia em 1943 e decretada pelo Papa Bento XVI, em
dezembro de 2006.
São Simão de Lipnica soube harmonizar
admiravelmente o compromisso da evangelização e o testemunho da caridade, que
brota de seu grande amor à Palavra de Deus e aos irmãos mais pobres e que mais
sofrem.
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