Jesus envia os seus
discípulos a anunciar a boa nova, o evangelho da salvação: são três as palavras-chave
para entender o que Jesus quer dos seus discípulos e de todos nós que O
seguimos.
Ei-las: caminho,
serviço e gratuidade. Antes de tudo, Jesus envia por um caminho, que não é um
simples passeio; é o envio com uma mensagem: anunciar o evangelho, sair para
levar a salvação, o evangelho da salvação. Esta é a tarefa que Jesus dá aos
discípulos.
Assim, quem permanece parado e não sai, não dá ao próximo o que
recebeu no batismo, não é um verdadeiro discípulo de Jesus porque lhe falta a
missionariedade, o sair de si mesmo para dar algo de bom aos outros. Mas há
outro percurso do discípulo de Jesus, o percurso interior do discípulo que
procura o Senhor todos os dias na oração, na meditação. E não é algo
secundário: O discípulo deve fazer também este percurso, pois se não procurar
sempre a Deus, o evangelho que ele leva aos outros será frágil, diluído, sem
força. Há pois um duplo caminho que Jesus quer dos seus discípulos. Então, a
primeira palavra é caminho.
A segunda, intimamente
ligada à primeira, é serviço. É preciso caminhar para seguir os outros. No
evangelho lê-se: Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo.
Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os
demônios. Eis o dever do discípulo: servir.
O discípulo que não
serve o outro não é cristão. A referência do discípulo deve ser o que Jesus
pregou nas duas colunas do cristianismo: as bem-aventuranças e o protocolo
sobre o qual seremos julgados (Mt 25). Esta deve ser a moldura do serviço
evangélico. Não há desculpas: Se o discípulo não caminha para servir, não serve
para caminhar. Se a sua vida não é para o serviço, não serve para viver como
cristão. É aqui que muitos sentem a tentação do egoísmo. Há quem diga: Sim, sou
cristão, estou em paz, confesso-me, vou à missa, cumpro os mandamentos. Mas
onde está o serviço ao próximo, o serviço a Jesus doente, na prisão, faminto,
nu? E no entanto, foi isto que Jesus nos disse que devemos fazer, porque Ele
está ali. Eis então a segunda palavra: o serviço a Cristo no próximo.
Há também uma terceira
palavra deste trecho: gratuidade. Caminhar no serviço, na gratuidade. Com
efeito, lê-se: Recebestes de graça, dai de graça. Um pormenor essencial que
impele o Senhor a esclarecer, caso os discípulos não tivessem entendido: Não
leveis ouro, nem prata, nem dinheiro nos vossos cintos, nem mochila para a
viagem, nem duas túnicas, ou seja, o caminho do serviço é gratuito porque nós
recebemos a salvação de graça, Nenhum de nós comprou a salvação, nenhum de
nós a mereceu: temo-la por pura graça do Pai em Jesus Cristo. Por isso, é
triste quando vemos cristãos que se esquecem desta palavra de Jesus: “Recebestes
de graça, dai de graça”. É triste quando a esquecem as comunidades cristãs, as
paróquias, as congregações religiosas, as dioceses. Quando isto acontece, é
porque por detrás há o engano de presumir que a salvação provém das riquezas,
do poder humano.
Papa Francisco – 11
de junho de 2015
Hoje celebramos:
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