"Combata o bom
combate da fé", exorta a segunda leitura, acrescentando: "Conquiste a vida
eterna, a qual foste chamado, e fez a boa confissão na presença de muitas
testemunhas." (1 Tim 6, 12)".
É com grande alegria
que podemos proclamar hoje que os três novos beatos nascidos na Espanha
encarnaram essas palavras de São Paulo em suas vidas.
A Beata Nazária Inácia
de Santa Teresa de Jesus também a encarnou, atraída interiormente pela mensagem
do profeta Isaías que ouvimos: "O Senhor... ele me enviou... para
curar as feridas dos corações partidos "(Is 61, 1).
Movido por este
zelo apostólico, fundou na Bolívia as Missionários Cruzadas da Igreja, com a
qual ela propôs "tomar as ruas" para encontrar os homens, se
solidarizar com eles, ajudá-los, especialmente se estes irmãos estavam cobertas
de feridas e de necessidades materiais, como o pobre Lázaro do Evangelho, mas
principalmente para levá-los a Deus.
Papa
João Paulo II – homilia de beatificação – 27 de setembro de 1992
Nazária nasceu em
Madri, a 10 de janeiro de 1889. Seus pais, João Alexandre March e Nazária Mesa,
ela foi a quarta filha de uma grande família; sendo gêmea, esteve em perigo de
vida e, por isso, foi batizada imediatamente. Para completar as prescrições
rituais levaram-na à igreja no dia 11 de abril.
Aos sete anos
internaram-na no Colégio do Espírito Santo, onde viveu até aos treze. Ao
preparar-se para a primeira comunhão, sentiu que Jesus a chamava a segui-Lo e
consagrou-se totalmente a Ele com voto de virgindade no dia 15 de agosto de
1900, diante da imagem de Nossa Senhora que se venerava no colégio.
Em 1906, por
motivos econômicos, a família emigrou para a cidade do México. Na viagem,
Nazária conheceu as Irmãs dos Anciãos Desamparados, que viajavam no mesmo
barco. Entusiasmou-se a ser como elas e entrou na Congregação a 7 de dezembro
de 1908. Voltou, por isso, para a Espanha, para fazer o noviciado. Consagrada a
Deus pelos votos religiosos, seguiu com outras Irmãs para a Bolívia, a fim de
fundar um asilo para idosos na cidade de Oruro. Ali fez os votos perpétuos, no
dia 1 de janeiro de 1915.
Por mais de doze
anos fez parte dessa comunidade, dedicada inteiramente aos pobres. Percorreu
outras cidades, povoações e minas a pedir esmolas para os velhinhos. Nessas
caminhadas descobriu que a messe era grande e os operários poucos. Que fazer?
Nos exercícios
espirituais feitos em 1920, segundo o método de Santo Inácio de Loyola, sentiu-se
fortemente movida a reunir outras pessoas para dilatar o Reino de Cristo, “sob
a bandeira da cruz”.
Lutou contra a
ideia de abandonar a própria Congregação para fundar outra, mas em 1925 os
Bispos de Oruro e de La Paz, assim como o Internúncio Apostólico, concordaram
que essa era a vontade de Deus. Foi assim que no dia 16 de junho daquele ano,
por decreto do Bispo de Oruro, a Irmã Nazária Inácia deixou a Congregação das
Religiosas dos Anciãos Desamparados, para desempenhar a função de Superiora da Comunidade
das Nazarenas, que depois tomarão o nome de Missionárias Cruzadas da
Igreja.
Decorridos seis
meses, eram já dez as religiosas que se dedicavam a trabalhos de apostolado por
meio da catequese e da cooperação nas obras paroquiais. Com o correr do tempo,
o novo Instituto vai abrir tanto o leque das suas ambições - colégios,
orfanatos, oficinas, escolas noturnas, obras de beneficência, asilos, visitas
aos presos e doentes nos hospitais, difusão da boa imprensa, casas de
exercícios - que a Santa Sé achou prudente restringir um pouco a finalidade da
Congregação, quando lhe concedeu o decreto de louvor, a 8 de abril de 1935.
As religiosas
passaram pela prova do sofrimento. Em 1932 moveram contra elas tão cruéis
perseguições que até a vida lhes puseram em perigo. Na Espanha, onde a obra se
havia implantado, se não fosse a intervenção do Cônsul do Uruguai, teriam sido
fuziladas. Apesar de todas estas adversidades, Madre Nazária Inácia, antes da
sua morte, já tinha suas filhas trabalhando na Bolívia, Argentina, Uruguai e
Espanha. Em 1977, o Instituto, dividido em cinco províncias, contava 77 casas
em 13 nações da Europa, América Latina e África.
Madre Nazária
faleceu santamente em Buenos Aires (Argentina), a 6 de julho de 1943; seus
restos foram trasladados para a Casa Mãe de Oruro (Bolívia), segundo seu
desejo, em 18 de junho de 1972. Madre Nazária foi beatificada em Roma a 27
de setembro de 1992 e sua canonização foi marcada para o dia 14 de outubro de
2018.
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