Santa Maria de
Jesus Sacramentado Venegas, primeira mexicana canonizada, soube permanecer
unida a Cristo na sua longa existência terrestre, e por isso deu abundantes
frutos de vida eterna. A sua espiritualidade caracterizou-se por uma singular
piedade eucarística, pois é claro que um caminho excelente para a união com o
Senhor consiste em buscá-lo, adorá-lo e amá-lo no santíssimo mistério da sua
presença real no Sacramento do Altar.
Ela desejou
prolongar a sua obra com a fundação das Filhas do Sagrado Coração de Jesus, que
hoje dão continuidade na Igreja ao seu carisma da caridade para com os pobres e
enfermos. Com efeito, o amor de Deus é universal, quer chegar a todos os homens
e por isso a nova Santa compreendeu que o seu dever consistia em difundi-lo,
prodigalizando-se em atenções a todos até ao ocaso dos seus dias,
inclusivamente quando a energia física começava a declinar e as árduas
provações por que passou ao longo da sua existência debilitavam as suas forças.
Fidelíssima na observância das constituições, respeitosa aos Bispos e sacerdotes,
solícita para com os seminaristas, Santa Maria de Jesus Sacramentado constitui
uma eloquente testemunha de absoluta consagração ao serviço de Deus e da
humanidade que sofre.
Papa João Paulo II –
Homilia de Canonização – 21 de maio de 2000
“Os idosos são
viajantes que estão indo e é preciso acompanhá-los com a maior ternura
possível”. Tal frase só poderia estar nos lábios de uma pessoa sensível e
atenta, pressurosa e delicada, tão enamorada de Nosso Senhor Jesus Cristo para
vê-Lo em todas as pessoas idosas e sofredoras. Assim se delineia a figura e a
personalidade de Maria Natividade de Jesus Sacramentado, a primeira mulher
mexicana proclamada santa.
Seu pai era um
católico tão fervoroso e convicto, que renunciou aos estudos universitários de
jurisprudência no momento em que percebeu que estavam minando a sua Fé. Este
católico coerente e corajoso transmitiu aos seus doze filhos os princípios que
cultivava.
Natividade Venegas
de La Torre nasceu em 8 de setembro de 1868, em Zapotlanejo, Jalisco,
no México. A última de doze filhos, sua vida se desenvolve em uma atmosfera de
simplicidade, sem eventos extraordinários. Em sua infância, fica órfã de mãe e
aos 19 anos morre seu pai e ela é confiada aos cuidados de uma tia paterna.
Maria Natividade sentiu uma forte atração pela vida religiosa; em 8 de dezembro
de 1898, ela se tornou parte da Associação das Filhas de Maria e reforça com
essa experiência seu espírito de oração e, com isso, sua vida interior, à
medida que cresce em seu amor por Jesus, a Eucaristia.
Em 8 de dezembro de
1905, após ter assistido a uns Exercícios Espirituais, uniu-se ao grupo de
senhoras fundado recentemente pelo Cônego Atenógenes Silva y Alvarez Tostado, e
que com a aprovação do arcebispo local dirigia em Guadalajara um pequeno
hospital para os pobres, o Hospital do Sagrado Coração. Em 1910, emitiu, de
forma privada, os votos de pobreza, castidade e obediência.
Em 1912, as
companheiras elegeram-na Vigária, posto que ocupou até 25 de janeiro de 1921,
quando foi eleita Superiora Geral. Desse modo, com o conselho de eclesiásticos
autorizados, transformou a sua comunidade numa verdadeira Congregação religiosa.
Durante a
perseguição religiosa de 1926, redigiu as Constituições que regeriam as Filhas
do Sagrado Coração de Jesus, e em 8 de setembro de 1930, Festa da Natividade de
Maria, estas foram aprovadas, sendo assim reconhecido o novo Instituto. Madre
Nati, como era conhecida, e as Irmãs formularam seus votos perpétuos. Ela mudou
então seu nome para Irmã Maria de Jesus Sacramentado.
Desde então foram
fundadas Casas na diocese para atender anciãos doentes e desvalidos. Entre
outras em Mazatlán, la Barca, Santa Anita, Durango, Guadalajara,
Tepic, Cananea, Mazatlán, Hermosillo, Salvatierra e Mochis.
Exerceu o cargo de
Superiora Geral entre 1921 e 1954, conseguindo conservar a sua fundação nos
anos difíceis da perseguição religiosa. Amou e serviu a Igreja, cuidou da
formação das suas co-irmãs, entregou a vida pelos pobres e sofredores,
tornou-se um modelo de irmã-enfermeira.
Em 1956, Irmã Maria
de Jesus, que também era mística, sofreu uma embolia cerebral da qual não se
recuperou totalmente. Após deixar a direção da sua Congregação, passou os
últimos anos de vida, marcados pela enfermidade, em oração e recolhimento,
dando mais um testemunho de sua abnegação. Em 25 de julho de 1959, sua saúde se
agravou. No dia 29 sofreu uma síncope. No dia 30 de julho de 1959, aos 91 anos
de idade, entregou sua alma ao Criador, cheia de paz, depois de receber os
sacramentos.
No dia 31, festa de
Santo Inácio de Loyola, de quem era grande devota, foi solenemente sepultada,
sendo que seu funeral foi assistido por incontáveis pessoas de todas as
classes.
Foi beatificada por
João Paulo II, em novembro de 1992. Sua canonização ocorreu em 21 de maio
do Ano Santo 2000, em Roma, na solene cerimônia do Grande Jubileu da Encarnação
de Jesus Cristo, no dia dedicado ao México, junto com o grupo de 25 Beatos
Mártires Mexicanos.
O milagre
reconhecido para sua canonização diz respeito ao Sr. Anastasio Ledezma Mora,
que foi levado ao Hospital do Sagrado Coração, para se submeter a uma cirurgia.
Após a anestesia, seu coração começou a ficar lento, que diminuiu gradualmente
até a parada total do coração e das artérias. Na época eles tentaram terapias
de ressuscitação, mas em vão, e o paciente caiu em coma profundo. Os médicos e
enfermeiros presentes no centro cirúrgico, assim como a esposa e as filhas
religiosas do Sagrado Coração de Jesus, invocaram a intercessão da Beata Maria de
Jesus Sacramentado. Após 10 ou 12 minutos os batimentos foram recuperados, além
do que os médicos poderiam esperar, o paciente não sofreu nenhum dano cerebral
e após alguns dias ele foi submetido a cirurgia prevista, sem nenhuma complicação.
A retomada do batimento cardíaco severamente interrompido foi considerada
surpreendente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário