quinta-feira, 19 de julho de 2018

19 de julho - Santo Arsênio, o Grande


Arsênio, que pertencia a uma nobre e tradicional família de senadores, nasceu por volta do ano 350, em Roma. Segundo os registros, ele foi ordenado sacerdote, pessoalmente, pelo papa Dâmaso. Em 383, o próprio imperador Teodósio convidou-o para cuidar da educação e formação de seus filhos Arcádio e Honório, em Constantinopla. Arsênio permaneceu na Corte por onze anos, até 394. Após a morte de seus pais, Afrositty sua irmã foi admitida numa comunidade de virgens, ele doou toda a sua herança para os pobres e passou a viver uma vida asceta, tendo retirado-se para o deserto no Egito.  

O mundo católico passava por muitas transformações. Nos séculos anteriores, o martírio, a morte pela fé na palavra de Cristo, era o melhor exemplo para a salvação da alma. A partir do século IV, a "morte em vida" passou a ser o sacrifício mais perfeito para a purificação, com o aparecimento dos eremitas no Oriente. Eram cristãos e isolavam-se no deserto, em oração e penitência, numa vida solitária e contemplativa, como forma de servir a Deus.

No início, sozinhos, depois se organizavam em pequenas comunidades. Havia apenas uma regra ascética, para fixar o período de jejum e oração, mas que mantinha uma rígida separação, inclusive de convivência entre eles mesmos.
Arsênio tornou-se um deles. O seu refúgio, no deserto egípcio da Alexandria, era dos mais procurados pelos cristãos, que buscavam, na sabedoria e santidade de alguns ermitãos, conselhos e paz para as aflições da alma, mesmo que para tanto tivessem de fazer longas e cansativas peregrinações.

A antiga tradição diz que ele não gostava muito de interromper seu exílio voluntário para atender aos que o procuravam. Mas, para não usufruir o egoísmo da solidão total, decidiu juntar-se aos eremitas de Scete, também no deserto da Alexandria, os quais já viviam parcialmente em comunidade, para não se isolarem totalmente dos demais seres humanos.

Um monge certa vez perguntou a Arsênio o que ele deveria fazer quando lesse as Sagradas Escrituras e não compreendesse o seu significado. O Ancião respondeu: "Meu filho, tu deves estudar e aprender as Sagradas Escrituras constantemente, ainda que não entendas o seu poder ... Pois, quando temos as palavras das Sagradas Escrituras em nossos lábios, os demônios, ouvindo-as, ficarão aterrorizados . Em seguida, fogem de nós, incapazes de suportar as palavras do Espírito Santo que fala através de Seus apóstolos e profetas. "

Os monges ouviram como o santo muitas vezes se esforça no trabalho, induzindo o ânimo repetindo as seguintes palavras: "Levanta-te, Arsênio, trabalha! Não fiques ocioso! Tu não vieste aqui para descansar, mas para o trabalho."

Ele também dizia: "Muitas vezes tenho lamentado as palavras que eu falei, mas nunca me arrependi do meu silêncio."

Mas a paz e a tranquilidade daqueles religiosos findaram com a invasão de uma tribo das redondezas. Arsênio, então, abandonou o local. Entre 434 e 450, viveu isolado vagando pelo deserto, só nos últimos anos aceitando a companhia de uns poucos discípulos. Ele acabou recebendo de Deus o dom das lágrimas. Em oração ou penitência, quando se emocionava com o Evangelho, caia em prantos. Morreu em Troc, perto de Mênfis, em 450, com cerca de 100 anos.

Durante cinquenta e cinco anos de vida solitária, foi sempre o mais maltrapilho de todos, se punindo pela aparente vaidade do período anterior de sua vida. De maneira similar, para se penitenciar por ter usado perfume na corte, ele nunca trocava a água na qual ele umedecia as folhas de palma que ele usava para fazer seu colchão, simplesmente adicionava água quando a que ali estava evaporava, o que exalava um odor pútrido. 
Mesmo quando ele se dedicava aos trabalhos manuais, ele jamais relaxava sua atenção às orações. A todo momento, lágrimas de devoção caíam de seus olhos. 
Mas o que o distinguiu dos demais era a sua falta de vontade de agir como conselheiro de seu antigo pupilo, o agora imperador romano Arcádio, se negando até mesmo a ser o seu distribuidor de esmolas para os pobres e para os mosteiros da região. Ele invariavelmente se negava a receber visitas, não importando o quão importantes ou a condição em que estavam, deixando para seus discípulos o cuidado de recebê-las.

A importância de santo Arsênio na história da Igreja prende-se à importância da época em que nasceu e viveu. Foi um dos mais conhecidos eremitas do Egito, sendo considerado um dos "Padres do deserto". O seu legado chegou-nos por meio de uma crônica biográfica e de suas sábias máximas, escritas por Daniel de Pharan, um dos seus discípulos. Além de um retrato estampando sua bela figura de homem alto e astuto, feito pelo mesmo discípulo.


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