segunda-feira, 8 de julho de 2019

Christus vivit: O Discernimento – Como discernir a tua vocação – nºs 283 a 286


Nºs 283 a 286

Uma expressão do discernimento é o esforço por reconhecer a própria vocação. É uma tarefa que requer espaços de solidão e silêncio, porque se trata de uma decisão muito pessoal que mais ninguém pode tomar no nosso lugar. Embora o Senhor nos fale de muitos e variados modos durante o nosso trabalho, através dos outros e a todo o momento, não é possível prescindir do silêncio da oração prolongada para perceber melhor aquela linguagem, para interpretar o significado real das inspirações que julgamos ter recebido, para acalmar ansiedades e recompor o conjunto da própria vida à luz de Deus.

Este silêncio não é uma forma de isolamento, pois devemos lembrar-nos que o discernimento orante exige partir da predisposição para escutar: o Senhor, os outros, a própria realidade que não cessa de nos interpelar de novas maneiras. Somente quem está disposto a escutar é que tem a liberdade de renunciar ao seu ponto de vista parcial e insuficiente. Desta forma, está realmente disponível para acolher um chamado que quebra as suas seguranças, mas leva-o a uma vida melhor, porque não é suficiente que tudo corra bem, que tudo esteja tranquilo. Pode acontecer que Deus nos esteja a oferecer algo mais e, na nossa cômoda distração, não o reconheçamos.

Quando se trata de discernir a própria vocação, há várias perguntas que precisamos colocar. Não se deve começar por questionar onde se poderia ganhar mais dinheiro, onde se poderia obter mais fama e prestígio social, mas também não se deveria começar perguntando quais tarefas nos dariam mais prazer.
Para não se enganar, é preciso mudar de perspectiva, perguntando: Conheço-me a mim mesmo, para além das aparências ou das minhas sensações? Sei o que alegra ou entristece o meu coração? Quais são os meus pontos fortes e as minhas fragilidades?
E, logo a seguir, vêm outras perguntas: Como posso servir melhor e ser mais útil ao mundo e à Igreja? Qual é o meu lugar nesta terra? Que poderia eu oferecer à sociedade?
E surgem imediatamente outras muito realistas: Tenho as capacidades necessárias para prestar este serviço? Em caso negativo, poderei adquiri-las e desenvolvê-las?

Estas questões devem-se colocar não tanto em relação a si mesmo e às próprias inclinações, mas em relação aos outros, em ordem a eles, para que o discernimento enquadre a própria vida referida aos outros. Por isso, quero lembrar qual é a grande questão: Muitas vezes, na vida, perdemos tempo a questionar-nos: Quem sou eu?”
E podes passar a vida inteira a questionar-te, procurando saber quem és. Mas a pergunta que te deves colocar é esta: Para quem sou eu?”
És para Deus, sem dúvida alguma; mas Ele quis que fosses também para os outros, e colocou em ti muitas qualidades, inclinações, dons e carismas que não são para ti, mas para os outros.

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