O cenário da vocação dos primeiros Apóstolos é
o lago da Galileia. Em particular, a pesca milagrosa constitui o contexto
imediato e oferece o símbolo da missão de pescadores de homens, que lhes foi
confiada. O destino destes "chamados", de agora para o futuro, estará
intimamente ligado ao de Jesus. O apóstolo é um enviado mas, ainda antes, um
"perito" em Jesus.
A quem serão enviados os Apóstolos? Parece que
Jesus limita a sua missão unicamente a Israel: "Jesus enviou estes Doze,
depois de lhes ter dado as seguintes instruções: "Não sigais pelo caminho
dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Ide, primeiramente, às
ovelhas perdidas da casa de Israel". Segundo a expectativa messiânica as
promessas divinas, imediatamente dirigidas a Israel, ter-se-iam concretizado
quando o próprio Deus, através do seu Eleito, reunisse o seu povo, como faz um
pastor com o rebanho: "Eu virei em socorro das minhas ovelhas, para que
elas não mais sejam saqueadas... Jesus é o pastor escatológico, que reúne as
ovelhas perdidas da casa de Israel e vai à procura delas, porque as conhece e
ama. Através desta "reunião" o Reino de Deus é anunciado a todas as
nações. E Jesus segue precisamente este caminho profético. O primeiro passo é a
"reunião" do povo de Israel, para que assim todas as nações, chamadas
a reunirem-se na comunhão com o Senhor, possam ver e crer.
Assim os Doze, chamados a participar na mesma
missão de Jesus, cooperam com o Pastor dos últimos tempos, indo também eles, em
primeiro lugar, até às ovelhas perdidas da casa de Israel, cuja reunião é o
sinal de salvação para todos os povos, o início da universalização da Aliança.
Longe de contradizer a abertura universalista da ação messiânica do Nazareno, a
inicial limitação a Israel da sua missão e da dos Doze torna-se assim o seu
sinal profético mais eficaz. Depois da paixão e da ressurreição de Cristo este
sinal será esclarecido: o caráter universal da missão dos Apóstolos tornar-se-á
mais explícito. Cristo enviará os Apóstolos "a todo o mundo”, a
"todas as nações", "até aos extremos confins da terra". E
esta missão continua. Continua sempre o mandato do Senhor de reunir os povos na
unidade do seu amor. Esta é a nossa esperança e este é também o nosso mandato:
contribuir para esta universalidade, para esta verdadeira unidade na riqueza
das culturas, em comunhão com o nosso verdadeiro Senhor Jesus Cristo.
Papa Bento XVI – 22 de
março de 2006
Hoje celebramos:
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