E o Evangelho fala-nos deste discipulado.
Apresenta-nos a cédula de identidade do cristão; a sua carta de apresentação, a
sua credencial.
Jesus chama os seus discípulos e envia-os,
dando-lhes regras claras e precisas. Desafia-os a um conjunto de atitudes,
comportamentos que devem ter. Sucede, e não raras vezes, que nos poderão
parecer atitudes exageradas ou absurdas; seria mais fácil lê-las simbólica ou espiritualmente».
Mas Jesus é muito claro. Não lhes diz: fazei de conta, ou fazei o que puderdes.
Recordemos juntos estas recomendações: Não
leveis nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem alforje, nem
dinheiro (…) Permanecei na casa onde vos derem alojamento. Parece uma coisa
impossível.
Poderíamos concentrar-nos em palavras como pão,
dinheiro, alforje, cajado, sandálias, túnica. E seria lícito. Mas parece-me que
há aqui uma palavra-chave, que poderia passar despercebida diante da
contundência daquelas que acabo de enumerar. Uma palavra central na
espiritualidade cristã, na experiência do discipulado: hospitalidade.
Como bom mestre, Jesus envia-os a viver a hospitalidade. Diz-lhes: Permanecei
na casa onde vos derem alojamento.
Envia-os a aprender uma das
características fundamentais da comunidade crente. Poderíamos dizer que é
cristão aquele que aprendeu a hospedar, que aprendeu a alojar.
Jesus não os envia como poderosos, como
proprietários, chefes ou carregados de leis, normas. Ao contrário, mostra-lhes
que o caminho do cristão é simplesmente transformar o coração. O próprio
coração e ajudar a transformar o dos outros. Aprender a viver de forma
diferente, com outra lei, sob outra norma. É passar da lógica do egoísmo, do
fechamento, da luta, da divisão, da superioridade para a lógica da vida, da
gratuidade, do amor. Passar da lógica do dominar, esmagar, manipular para a
lógica do acolher, receber, cuidar.
Papa Francisco – 12 de julho de 2015
Hoje celebramos:
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