Jesus é o Servo do
Senhor: a sua existência e a sua morte, vividas inteiramente sob a forma de
serviço, foram causa da nossa salvação e da reconciliação da humanidade com
Deus. O querigma, coração do Evangelho, atesta que, na sua morte e
ressurreição, cumpriram-se as profecias do Servo do Senhor. Hoje ouvimos Jesus
com os seus discípulos Tiago e João, que – apoiados pela mãe – queriam
sentar-se, à sua direita e à sua esquerda, no reino de Deus, reivindicando
lugares de honra, de acordo com a sua própria visão hierárquica do reino. A
perspectiva, em que se movem, aparece ainda inquinada por sonhos de realização
terrena. Então Jesus dá um primeiro abanão naquelas convicções dos discípulos,
recordando o caminho d’Ele na terra: Bebereis o cálice que Eu bebo (…), mas o
sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não pertence a Mim concedê-lo: é
daqueles para quem está reservado. Com esta imagem do cálice, Ele assegura aos
dois discípulos a possibilidade de serem associados plenamente ao seu destino
de sofrimento, mas sem garantir os desejados lugares de honra. A sua resposta é
um convite a segui-Lo pelo caminho do amor e do serviço, rejeitando a tentação
mundana de querer sobressair e mandar nos outros.
À vista de tantos
que lutam por obter o poder e o sucesso, por dar nas vistas, frente a tantos
que querem fazer valer os seus méritos, as suas realizações, os discípulos são
chamados a fazer o contrário. Por isso adverte-os: Sabeis como aqueles que são
considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e
como os grandes exercem o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem quiser
ser grande entre vós, faça-se vosso servo. Com estas palavras, Jesus indica o
serviço como estilo da autoridade na comunidade cristã. Quem serve os outros e
não goza efetivamente de prestígio, exerce a verdadeira autoridade na Igreja.
Jesus convida-nos a mudar a nossa mentalidade e a passar da ambição do poder à
alegria de se ocultar e servir; a desarraigar o instinto de domínio sobre os
outros e exercer a virtude da humildade.
E, depois de
apresentar um modelo a não imitar, oferece-Se a Si mesmo como ideal de
referimento. No procedimento do Mestre, a comunidade encontrará o motivo da
nova perspectiva de vida: Pois também o Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos.
Papa
Francisco – 18 de outubro de 2015
Hoje celebramos:
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