sábado, 6 de outubro de 2018

06 de outubro - Beata Maria Rosa Durocher



No Canadá, encontramos outra figura muito apostólica na Beata Maria Rosa  Durocher, que nasceu numa família numerosa e fértil em almas consagradas. Procurando a sua própria vocação na Igreja e não podendo entrar, devido à sua falta de saúde, nas duas únicas congregações femininas então existentes em Quebec, serve durante 13 anos no presbitério do seu irmão — dir-se-ia hoje como "auxiliar do sacerdote" —, preocupando-se não só com o arranjo da casa, mas em acolher os sacerdotes e seminaristas doentes, em dirigir as obras de caridade da paróquia e estimular a piedade mariana das jovens. É então, a pedido do Bispo de Monreal, com o encorajamento dos Padres Oblatos de Maria Imaculada e seguindo o exemplo dos Irmãos das Escolas cristãs, que ela funda uma nova congregação para responder às necessidades da instrução e da educação religiosa das jovens, de modo especial nos meios pobres das localidades vizinhas a Monreal: as Irmãs dos Santos Nomes de Jesus e Maria. Durante os últimos seis anos da sua breve existência, lançou suficientemente a sua obra que floresce hoje em seis países.

Que espírito presidiu então a tal apostolado, tão bem conjugado com as necessidades da Igreja no momento do "renascimento católico" no Canadá, no início do século passado? Sobretudo a disponibilidade total a seguir os compromissos que lhe pedia a sua fé em Jesus, o seu amor pela Igreja, o cuidado dos mais desamparados. São, por outro lado, os responsáveis da Igreja a descobrir as suas capacidades e a confiar-lhe a sua missão: o apostolado autêntico, hoje como ontem, não é só questão de carisma pessoal, mas de apelo da Igreja e de inserção na sua pastoral. Marie-Rose Durocher agiu com simplicidade, com prudência, com humildade, com serenidade. Não se deixou esmorecer com os seus problemas pessoais de saúde nem com as primeiras dificuldades da obra nascente. O seu segredo residia na oração e no esquecimento de si mesma que alcançava, segundo o parecer do seu Bispo, uma verdadeira santidade.


Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 23 de maio de 1982

Eulália Melânia Durocher nasceu em Saint-Antoine-sur-Richelieu, pequena aldeia de Quebec (Canadá), no dia 6 de outubro de 1811, de uma família muito religiosa. Era a última de dez filhos, três dos quais se tornaram sacerdotes e duas religiosas. Os pais, agricultores, também na juventude tinham pensado em consagrar-se a Deus.

Eulália cresceu em um ambiente sadio, tranquilo e profundamente católico. Aprendeu com a mãe a rezar e a socorrer os pobres e doentes. O avô paterno a ensinou ler e escrever.

Na idade de 10 anos foi mandada para o Colégio das Irmãs de Nossa Senhora em St. Denis, onde permaneceu por dois anos e recebeu a Primeira Comunhão. Retornou para casa por problemas de saúde, até que em 1827, amadurecendo a vocação religiosa, entrou na comunidade de Montreal daquela Congregação. Nos três anos seguintes, teve que voltar para casa várias vezes, sempre devido a saúde precária, e, finalmente, renunciou ao seu desejo de tornar-se religiosa.

Com a idade de 19 anos, quando da morte de sua mãe, teve que assumir a responsabilidade do governo da casa. Pouco depois, o seu irmão Teófilo, pároco de Beloeil, chamou-a para tomar conta da residência paroquial, onde se alojavam padres e seminaristas doentes. Transferiu-se então com o pai para junto do irmão sacerdote.

Não lhe faltaram sofrimentos da parte das empregadas mais antigas, que suportou com paciência, sem se queixar. Além do trabalho da casa, ocupou-se em dirigir as obras de caridade da paróquia e estimular a piedade mariana das jovens.

No ano seguinte, algumas jovens começaram a ajudá-la e formaram a associação das Filhas de Maria, a primeira do Canadá. Eulália foi eleita diretora da associação, mas o seu desejo de consagrar-se toda a Deus permanecia forte e, em 1841, pronunciou, nas mãos do confessor, os votos privados de pobreza, castidade e obediência.

O trabalho na paróquia a fazia compreender quão necessária era a instrução dos pobres, que naquele tempo estavam quase privados dela.

A situação sócio-política do Canadá era complicada. No século anterior, depois da guerra entre a França e a Inglaterra (1763), o país havia passado para o controle inglês. Desde a sua fundação (1603), a “Nouvelle France” (a Nova França) havia nascido graças à imigração do velho continente, regulada por normas precisas. Os habitantes eram todos católicos franceses e a convivência com os ingleses (protestantes) não era fácil.

Com a Revolução Americana, os colonos que não queriam separar-se da Coroa Britânica se refugiaram no Canadá. Eles se estabeleceram sobretudo no oeste, em Ontário, deixando aos franceses os territórios do leste. A convivência entre as duas comunidades, que implicava na escolha dos governos, a liberdade de imprensa e o controle do comércio, era difícil. Houve revoltas contidas à força (1838), porque os franceses, sendo a maioria, tinham menos direitos.

Nesse ambiente complexo se insere a história da beata. Na sua cidadezinha, para instruir o povo, se procurou fazer vir da França a Congregação dos Santos Nomes de Jesus e Maria que, impossibilitada de abrir uma casa no ultramar, mandou suas próprias constituições para que se inspirassem nelas.

O confessor de Eulália, um Missionário Oblato de Maria Imaculada (fundado por Santo Eugênio de Mazenod), aconselhou então a jovem a dar vida a uma nova família religiosa.

Eulália, contra toda expectativa, junto com duas amigas, formou a primeira comunidade, alojando-se em uma velha escola. Naquele mesmo ano, Santo Eugênio de Mazenod enviou da França os seus missionários a Montreal, o que facilitava o desenvolvimento de sua Congregação. A diocese católica era grande e havia muito trabalho a fazer.

Nasceu assim, em Longueuil, no dia 28 de outubro de 1843, as Irmãs dos Santos Nomes de Jesus e Maria. Aprovada pelo Bispo Ignace Bourget em 29 de fevereiro do ano seguinte, em 8 de dezembro de 1844, procedeu-se à profissão religiosa e Eulália adotou o nome de Maria Rosa, sendo nomeada superiora e mestra de noviças.

Em 1845, a Congregação teve sua personalidade jurídica reconhecida pelo Parlamento. A direção dos Oblatos de Santo Eugênio foi fundamental na formação das religiosas, bem como a ajuda dos irmãos de Madre Maria Rosa, em particular de Teófilo. Mantiveram as constituições do Instituto de Marselha, adotando o método de ensino dos Irmãos das Escolas Cristãs.

A Congregação multiplicou o seu apostolado, algumas iniciativas eram a pagamento e assim se pode financiar a atividade educativa para as famílias pobres.
     
Madre Maria Rosa tinha finalmente cumprido sua missão terrena, lançando no seio da Santa Igreja uma semente fecunda. Morreu com somente 38 anos, em 6 de outubro de 1849. Pouco antes de expirar, sorridente, disse às Irmãs reunidas em torno de seu leito: “As vossas orações me detêm aqui, deixem-me ir!”

A Congregação, que em 1877 se tornou de direito pontifício, se dedica ainda hoje principalmente à instrução e à catequese, seguindo a espiritualidade inaciana. Difundiu-se por várias partes do mundo: além do Canadá e dos Estados Unidos, está presente no Japão, Brasil, Peru, Camarões, Haiti, Nigéria.
     
Foi beatificada em 23 de maio de 1982.


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