Os cristãos são
homens e mulheres “contracorrente”. É normal: dado que o mundo está marcado
pelo pecado, que se manifesta em várias formas de egoísmo e de injustiça, quem
segue Cristo caminha em direção contrária. Não por espírito polêmico, mas por
fidelidade à lógica do Reino de Deus, que é uma lógica de esperança, e
traduz-se no estilo de vida baseado nas indicações de Jesus.
E a primeira
indicação é a pobreza. Quando Jesus envia os seus em missão, parece que
presta mais atenção ao “despojá-los” do que ao “vesti-los”! Com efeito, o
cristão que não é humilde e pobre, desapegado das riquezas e do poder e
sobretudo desprendido de si mesmo, não se assemelha a Jesus. O cristão percorre
o seu itinerário neste mundo com o que é essencial para o caminho, porém com o
coração cheio de amor. A verdadeira derrota para ele ou para ela é cair na
tentação da vingança e da violência, respondendo ao mal com o mal. Jesus
diz-nos: “Eu envio-vos como ovelhas no meio de lobos”. Por conseguinte, sem presas,
garras e armas. Pelo contrário, o cristão deverá ser prudente, por vezes
inclusive astuto: estas são as virtudes aceitas pela lógica evangélica. Mas
nunca deve ceder à violência. Para derrotar o mal, não podemos compartilhar os
métodos do mal.
A única força do
cristão é o Evangelho. Nos momentos de dificuldade, devemos acreditar que Jesus
está diante de nós, e não deixa de acompanhar os seus discípulos. A perseguição
não é uma contradição ao Evangelho, mas faz parte dele: se perseguiram o nosso Mestre,
como podemos esperar ser dispensados da luta? Porém, no meio do turbilhão, o
cristão não deve perder a esperança, pensando que foi abandonado. Jesus
tranquiliza os seus dizendo: Até os cabelos da vossa cabeça estão todos
contados. É como dizer que nenhum dos sofrimentos do homem, nem sequer os mais
insignificantes e escondidos, são invisíveis aos olhos de Deus. Deus vê, e
certamente protege; e concederá o seu resgate. De fato, há no meio de nós
Alguém que é mais forte do que o mal, mais forte do que as máfias, do que as
tramas obscuras, de quem se beneficia com as desgraças dos desesperados, de
quem esmaga os outros com prepotência... Alguém que desde sempre ouve a voz do
sangue de Abel que grita da terra.
Portanto, os
cristãos devem deixar-se encontrar sempre “do outro lado” do mundo, o escolhido
por Deus: não perseguidores, mas perseguidos; não arrogantes, mas mansos; não
vendedores de fumaça, mas submetidos à verdade; não impostores, mas honestos.
Papa
Francisco – 28 de junho de 2017
Hoje celebramos:
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