sábado, 12 de novembro de 2016

São Margarito Flores Garcia

Através da profunda união com Cristo, iniciada no batismo e alimentada pela oração, os sacramentos e a prática das virtudes evangélicas, homens e mulheres de todos os tempos, como filhos da Igreja, alcançaram a meta da santidade. São Santos porque colocaram Deus no centro da sua vida, fazendo da busca e difusão do seu Reino a razão da própria existência; são Santos porque as suas obras continuam a falar do seu amor total ao Senhor e aos irmãos, dando frutos copiosos graças à sua fé viva em Jesus Cristo e ao seu compromisso em amar, inclusivamente os inimigos, como Ele nos amou.

Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 21 de maio de 2000

Margarito Flores Garcia nasceu nem Taxco, no México, em 1899, sendo de origem extremamente humilde, trabalhava desde pequeno para ajudar financeiramente a sua família, o que por duas vezes chegou a colocar sua saúde em risco.
Aos 14 anos manifestou um forte desejo de ingressar no Seminário de Chilapa, no entanto seus pais, Germán Flores e Merced García, se opuseram porque careciam de recursos para custeá-lo. Outras pessoas conheceram sua história e o incentivaram a seguir adiante, assim ingressando no Seminário em 1915, na idade de 15 anos. 

Durante os anos de estudo, para ajudar financeiramente sua estadia no Seminário, exerceu o oficio de cabeleireiro, cobrando um valor mínimo por cada corte de cabelo. Por obediência tinha sob sua responsabilidade a iluminação do seminário, por meio de candeeiros de petróleo, até que em 1919 instalaram a rede de serviço elétrico.

Apesar das dificuldades, conseguiu levar adiante seus estudos e recebeu a ordenação sacerdotal na Capela do Seminário de Chilapa no dia 5 de abril de 1924, por imposição das mãos de Dom José Guadalupe Ortiz. Celebrou sua primeira Missa solene em sua cidade natal, Taxco de Alarcón, no estado de Guerrero, na paróquia de Santa Prisca e São Sebastião, em 20 de abril de 1924.·.

Tempos depois, entre outros encargos, foi nomeado vigário da paróquia de Chilpancingo, também em Guerrero, onde na véspera das primeiras sextas-feiras de cada mês redobrava suas atividades com a finalidade de atrair seus fiéis ao confessionário, até que em 1926 surgiu o conflito religioso e foi removido de Chilpancingo sendo transferido a Tecalpulco.

Nesse lugar, visitou o Sacerdote de Cacalotenango, Padre Pedro Bustos; ambos foram surpreendidos por tropas federais, o que os obrigou a buscar refúgio nas montanhas, onde ficaram por vários dias; estando a salvo se separaram e cada um regressou à sua familia, mas Margarito não teve sorte em sua busca por refúgio, tendo que passar a noite sem abrigo e alimento.

Após permanecer um tempo com sua família, sob ameaça de grandes perigos devido à perseguição existente, viajou à Cidade do México. Pouco tempo tinha desde sua chegada ao hotel quando apareceu um soldado federal, inquirindo se entre eles havia algum sacerdote. Margarito se apresentou como médico. Já na Capital, se entregou com empenho e dedicação visando colaborar na solução do conflito religioso, além de participar da Academia de San Carlos, com o objetivo de aperfeiçoar seus conhecimentos. 

Em junho do mesmo ano foi capturado e levado para a delegacia de Polícia, junto com outros elementos que integravam a Liga Nacional de Defesa Religiosa, aos quais pôde ministrar o sacramento da confissão. Por intervenção da família Calvillo junto ao General Roberto Cruz, foi conseguida a liberdade do Padre Margarito; no entanto o padre Margarito Flores pressentia que seu martírio estava próximo, redobrando seu fervor no oferecimento de seu sacrificio e dedicação de seu ministério.
Estava à frente da Diocese por causa da perseguição, e quando soube da morte heroica do Padre David Uribe, disse: "Minha alma ferve, eu vou dar a minha vida por Cristo; vou pedir permissão aos meus superiores e também vou levantar voo para o martírio”.

Por fim foi enviado a Atenango del Río e em sua ida a esse lugar acabou sendo preso pelas tropas federais. Na madrugada despojaram o Padre, sem nenhuma consideração, subtraindo-lhe todas as coisas que levava, deixando-o somente em roupas íntimas, descalço e amarrado em meio à cavalaria, caminhando de pé. O tormento foi agravado com o surgimento do terrível sol escaldante; ao suplicar que lhe dessem um pouco de água, como resposta recebeu golpes e empurrões. Em 12 de novembro de 1927 foi ordenada sua execução e como "último desejo" lhe permitiram escolher o lugar preciso onde morreria. 

Por volta de uma hora da tarde daquele Sábado 12 de Novembro de 1927, sem qualquer processo ou julgamento formal, o Padre Margarito Flores García foi conduzido à parte de trás da Capela. Com toda serenidade, pediu permissão para que lhe concedessem alguns instantes onde pudesse elevar suas últimas preces ao Todo Poderoso. Seu pedido foi aceito e após fazer suas orações de joelhos, levantou-se, quando então dele se aproximou um dos soldados e lhe perguntou se ele o perdoaria... ao que o Padre Margarito respondeu, profundamente comovido:
"Não só vos perdoo, mas também vos abençoo".

Em seguida, com grande valentia, não permitiu que lhe vendassem os olhos e mantendo-se em pé, vendo de frente a seus algozes, ergueu seus braços em cruz e lançou seu olhar ao céu. As ordens foram cumpridas pelos soldados.
São Margarito Flores Garcia recebeu a rajada mortal que destroçou sua santa cabeça e o enviou para unir-se perpetuamente a Cristo Rei. Era o dia 12 de novembro de 1927. Seu cadáver foi abandonado neste lugar, permanecendo ali por cerca de três horas. 
A tropa já iniciava sua retirada quando, por ordem do Capitão, dois soldados tomaram o corpo pelos pés e - arrastando-o - o conduziram ao cemitério, onde previamente outros soldados já haviam cavado a cova. Sem qualquer respeito o corpo de São Margarito foi lançado à cova, seguido de sua batina, que anteriormente lhe haviam retirado. Por fim cobriram a cova e se foram.

Tempos depois duas almas bondosas colocaram os restos mortais numa caixa e os transportaram ao interior do templo. Ao exumar seus restos mortais, levando em consideração que já haviam transcorrido vários meses desde sua morte e encontrando-se numa cova comum - seu sangue minava fresco.
Em 1925, 18 anos depois de seu martírio, seus restos mortais foram trasladados à cidade de Taxco, e por disposição de seus familiares, foram depositados num lugar especial da capela de Nosso Senhor de Ojeda, localizada no bairro onde nasceu o santo mártir.
Foi canonizado no dia 21 de maio de 2000, ano jubilar, pelo Papa João Paulo II.


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