Através da profunda união com Cristo, iniciada no batismo
e alimentada pela oração, os sacramentos e a prática das virtudes evangélicas,
homens e mulheres de todos os tempos, como filhos da Igreja, alcançaram a meta
da santidade. São Santos porque colocaram Deus no centro da sua vida, fazendo
da busca e difusão do seu Reino a razão da própria existência; são Santos
porque as suas obras continuam a falar do seu amor total ao Senhor e aos
irmãos, dando frutos copiosos graças à sua fé viva em Jesus Cristo e ao seu compromisso
em amar, inclusivamente os inimigos, como Ele nos amou.
Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 21 de
maio de 2000
Margarito Flores
Garcia nasceu nem Taxco, no México, em 1899, sendo de origem extremamente
humilde, trabalhava desde pequeno para ajudar financeiramente a sua família, o
que por duas vezes chegou a colocar sua saúde em risco.
Aos 14 anos
manifestou um forte desejo de ingressar no Seminário de Chilapa, no entanto
seus pais, Germán Flores e Merced García, se opuseram porque careciam de
recursos para custeá-lo. Outras pessoas conheceram sua história e o
incentivaram a seguir adiante, assim ingressando no Seminário em 1915, na idade
de 15 anos.
Durante os anos de
estudo, para ajudar financeiramente sua estadia no Seminário, exerceu o oficio
de cabeleireiro, cobrando um valor mínimo por cada corte de cabelo. Por
obediência tinha sob sua responsabilidade a iluminação do seminário, por meio
de candeeiros de petróleo, até que em 1919 instalaram a rede de serviço
elétrico.
Apesar das
dificuldades, conseguiu levar adiante seus estudos e recebeu a ordenação
sacerdotal na Capela do Seminário de Chilapa no dia 5 de abril de 1924, por
imposição das mãos de Dom José Guadalupe Ortiz. Celebrou sua primeira Missa
solene em sua cidade natal, Taxco de Alarcón, no estado de Guerrero, na
paróquia de Santa Prisca e São Sebastião, em 20 de abril de 1924.·.
Tempos depois,
entre outros encargos, foi nomeado vigário da paróquia de Chilpancingo, também
em Guerrero, onde na véspera das primeiras sextas-feiras de cada mês redobrava
suas atividades com a finalidade de atrair seus fiéis ao confessionário, até
que em 1926 surgiu o conflito religioso e foi removido de Chilpancingo sendo
transferido a Tecalpulco.
Nesse lugar,
visitou o Sacerdote de Cacalotenango, Padre Pedro Bustos; ambos foram
surpreendidos por tropas federais, o que os obrigou a buscar refúgio nas montanhas,
onde ficaram por vários dias; estando a salvo se separaram e cada um regressou
à sua familia, mas Margarito não teve sorte em sua busca por refúgio, tendo que
passar a noite sem abrigo e alimento.
Após permanecer um
tempo com sua família, sob ameaça de grandes perigos devido à perseguição
existente, viajou à Cidade do México. Pouco tempo tinha desde sua chegada ao
hotel quando apareceu um soldado federal, inquirindo se entre eles havia algum
sacerdote. Margarito se apresentou como médico. Já na Capital, se entregou com
empenho e dedicação visando colaborar na solução do conflito religioso, além de
participar da Academia de San Carlos, com o objetivo de aperfeiçoar seus
conhecimentos.
Em junho do mesmo
ano foi capturado e levado para a delegacia de Polícia, junto com outros
elementos que integravam a Liga Nacional de Defesa Religiosa, aos quais pôde
ministrar o sacramento da confissão. Por intervenção da família Calvillo junto
ao General Roberto Cruz, foi conseguida a liberdade do Padre Margarito; no
entanto o padre Margarito Flores pressentia que seu martírio estava próximo,
redobrando seu fervor no oferecimento de seu sacrificio e dedicação de seu
ministério.
Estava à frente da Diocese
por causa da perseguição, e quando soube da morte heroica do Padre David Uribe,
disse: "Minha alma ferve, eu vou dar a minha vida por Cristo; vou
pedir permissão aos meus superiores e também vou levantar voo para o
martírio”.
Por fim foi enviado
a Atenango del Río e em sua ida a esse lugar acabou sendo preso pelas tropas
federais. Na madrugada despojaram o Padre, sem nenhuma consideração,
subtraindo-lhe todas as coisas que levava, deixando-o somente em roupas
íntimas, descalço e amarrado em meio à cavalaria, caminhando de pé. O tormento
foi agravado com o surgimento do terrível sol escaldante; ao suplicar que lhe
dessem um pouco de água, como resposta recebeu golpes e empurrões. Em 12 de
novembro de 1927 foi ordenada sua execução e como "último desejo" lhe
permitiram escolher o lugar preciso onde morreria.
Por volta de uma
hora da tarde daquele Sábado 12 de Novembro de 1927, sem qualquer processo ou
julgamento formal, o Padre Margarito Flores García foi conduzido à parte de
trás da Capela. Com toda serenidade, pediu permissão para que lhe
concedessem alguns instantes onde pudesse elevar suas últimas preces ao Todo Poderoso.
Seu pedido foi aceito e após fazer suas orações de joelhos, levantou-se, quando
então dele se aproximou um dos soldados e lhe perguntou se ele o perdoaria...
ao que o Padre Margarito respondeu, profundamente comovido:
"Não só vos
perdoo, mas também vos abençoo".
Em seguida, com
grande valentia, não permitiu que lhe vendassem os olhos e mantendo-se em pé,
vendo de frente a seus algozes, ergueu seus braços em cruz e lançou seu olhar
ao céu. As ordens foram cumpridas pelos soldados.
São
Margarito Flores Garcia recebeu a rajada mortal que destroçou sua santa cabeça
e o enviou para unir-se perpetuamente a Cristo Rei. Era o dia 12 de novembro de
1927. Seu cadáver foi abandonado neste lugar, permanecendo ali por cerca de
três horas.
A tropa já iniciava
sua retirada quando, por ordem do Capitão, dois soldados tomaram o corpo pelos
pés e - arrastando-o - o conduziram ao cemitério, onde previamente outros
soldados já haviam cavado a cova. Sem qualquer respeito o corpo de São
Margarito foi lançado à cova, seguido de sua batina, que anteriormente lhe
haviam retirado. Por fim cobriram a cova e se foram.
Tempos depois duas
almas bondosas colocaram os restos mortais numa caixa e os transportaram ao
interior do templo. Ao exumar seus restos mortais, levando em consideração que
já haviam transcorrido vários meses desde sua morte e encontrando-se numa cova
comum - seu sangue minava fresco.
Em 1925, 18 anos
depois de seu martírio, seus restos mortais foram trasladados à cidade de
Taxco, e por disposição de seus familiares, foram depositados num lugar
especial da capela de Nosso Senhor de Ojeda, localizada no bairro onde nasceu o
santo mártir.
Foi canonizado no
dia 21 de maio de 2000, ano jubilar, pelo Papa João Paulo II.
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