terça-feira, 15 de novembro de 2016

São José Pignatelli

Em 1773, o Papa Clemente XIV, incitado pelo rei espanhol Carlos III , suprimiu a Companhia de Jesus de todos os territórios católicos do mundo. E foi em países não católicos, principalmente Prússia e Rússia, onde a autoridade papal não era reconhecida, que essa ordem foi ignorada, e a Companhia pôde continuar existindo – embora no exílio. Somente 41 anos depois, em 1814, é que o Papa Pio VII  revogou o breve de Clemente XIV e restaurou a Companhia.

São José Pignatelli foi um dos que mais contribuiu para a restauração da Companhia de Jesus. Preso e expulso da Espanha juntamente com outros jesuítas em 1767, refugiou-se em Ferrara, nos Estados Pontifícios, até que, em 1773, Clemente XIV extinguiu a ordem. Anos difíceis, cheios de temores e perseguições. Quando os jesuítas espanhóis, desterrados e dispersos pela Itália, queriam explicar quem era José Pignatelli, diziam simplesmente: «Um novo São Francisco de Borja». Porém, a ordem dos Jesuítas fora preservada na Rússia e Pignatelli esperou pacientemente pelo retorno da ordem dos Jesuítas a Nápoles assim como a todo o Ocidente: em Nápoles viu esse ideal acontecer em 1808, mas morreu antes da restauração definitiva no mundo, realizada pelo Papa Pio VII em 1814.
José Pignatelli  nasceu em 1737 em Saragoça, do ramo espanhol de uma família do reino de Nápoles. Perdendo a mãe aos cinco anos, veio para esta cidade onde recebeu, de uma irmã, ótima educação católica. 

Voltando para Espanha, aos quinze anos entrou na Companhia de Jesus.  Feito o Noviciado e emitidos depois os primeiros votos em Tarragona, aplicou-se aos estudos, primeiro em Manresa e depois nos colégios de Bilbau e de Saragoça. Ordenado sacerdote, dedicou-se ao ensino das letras e, com grande fruto, aos ministérios apostólicos. Levantou-se, porém, uma grande perseguição contra a Companhia de Jesus e ele figurou entre os jesuítas que foram expulsos da Espanha para a Córsega.
Entre adversidades, mostrou o Padre Pignatelli grande fortaleza e constância; foi por isso nomeado Provincial de todos esses exilados. E recomendaram-lhe especial cuidado pelos mais jovens, o que ele praticou com grande zelo. Da Córsega foi obrigado a transferir-se, com os outros, para várias regiões, vindo finalmente a fixar-se em Ferrara (Itália), onde fez a profissão solene de quatro votos.

Pouco depois, sendo a Companhia de Jesus dissolvida por Clemente XIV, em 1773, Padre Pignatelli deu exemplo extraordinário de perfeita obediência à Sé Apostólica como também de intenso amor para com a Companhia de Jesus. Indo para Bolonha e, estando proibido de exercer o ministério apostólico com as almas, durante quase vinte e cinco anos entregou-se totalmente ao estudo, reunindo uma biblioteca de valor, dando-se principalmente a obras de caridade para com os antigos membros da suprimida Companhia.

Logo, porém, que lhe foi possível, pediu para ser recebido na Família Inaciana existente na Rússia, onde reinava Catarina, que sendo cismática não aceitara a supressão vinda de Roma. Os jesuítas da Rússia ligaram-se a bom número de ex-jesuítas italianos, e Padre Pignatelli uniu-se a todos eles, tendo-lhe sido permitido renovar a profissão solene. Com licença do Papa Pio VI, foi construída uma casa para noviços no ducado de Parma, onde o Padre Pignatelli foi reitor. Em 1804, Pio VII restaurou a Companhia de Jesus no reino de Nápoles, e o Padre Pignatelli vem a ser Provincial. Mas o exército francês aparece e dispersa este grupo de jesuítas.
Em 1806, transfere-se para Roma onde é muito bem recebido pelo Sumo Pontífice. Os franceses, que estão a ocupar Roma, toleram-no. No silêncio, Padre Pignatelli vai preparando o renascimento da sua Companhia. Este fato ocorre em 1814, com o citado Papa beneditino Pio VII. Mas o Padre Pignatelli já tinha morrido em 1811, com setenta e quatro anos. O funeral decorreu quase secretamente.
Ele foi sepultado na Igreja do Gesù , em Roma.
Foi beatificado por Pio XI em 1933, que chamou o santo de “o principal anel da cadeia entre a Companhia que existira e a Companhia que ia existir,… o restaurador dos Jesuítas”.
Profundo devoto do Sagrado Coração de Jesus e da Virgem Santíssima, homem adorador (passava noites inteiras diante do Santíssimo Sacramento), São José Pignatelli foi canonizado em 1954 pelo Papa Pio XII.

Oração de São José Pignatelli

Deus, nosso Pai, dai-nos humildade para que possamos experimentar o dom de perdoar a quem nos ofendeu, a quem nos machucou e feriu por dentro, pois assim alcançaremos a remissão para nossos pecados. Ensinai-nos a perdoar, pois o perdão é a medicina que nos sara por dentro e nos previne contra atrozes sofrimentos. Perdoar é o refrigério que aplaca a ardência de mágoas e desejos de vingança. Perdoar o outro é alcançar de Deus o perdão de nossos pecados.
Lembremo-nos da parábola do servo cruel, quando o Senhor, cheio de compaixão, perdoou toda a dívida do servo, deixando-o ir em paz. Mas este, esquecido de que tinha sido perdoado, meteu na prisão o amigo que lhe devia apenas alguns vinténs: “Servo mau, eu te perdoei toda a dívida porque me suplicaste. Não devias também tu compadecer-te de teu amigo, como eu tive piedade de ti?” Ensinai-nos a ultrapassar as coisas envelhecidas, as ideias preconceituosas, os condicionamentos que nos amarram, as tiranias que nos oprimem. Busquemos a verdade que nos liberta e tirai de nossos olhos as traves que nos cegam.

São José Pignatelli, rogai por nós

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