domingo, 27 de novembro de 2016

Primeiro Domingo do Advento

Chegou o Advento! A Igreja começa um novo ano litúrgico. Vivendo esse período com autêntico espírito evangélico, o cristão pode, certamente, experimentar os frutos desta escola de santidade, abrindo as portas de sua casa para "a luz dos povos" que é Cristo.

O Advento, assim como a Quaresma, também insiste na necessidade da penitência e da oração como vias de purificação da alma. Mas de uma maneira diferente. Enquanto que na Quaresma a Igreja tem como prática principal, por assim dizer, o jejum, no Advento, os fiéis são incentivados a fazer vigílias, preparando seus corações para a chegada da criança. Animada pelas palavras do Anjo aos três reis magos - "eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor" (Cf. Lc 2, 11) -, toda a Igreja põe-se de guarda à espera d’Aquele que "dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo".

O Evangelho deste domingo fala em "vigília" e "atenção", "porque, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá" (Cf. Mt 24, 44). Com estas palavras, a liturgia quer suscitar entre os cristãos a consciência de que o retorno do "Filho do Homem" a este tempo e a esta história deve ser não somente esperado, como também preparado, pois como "nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam (...), até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem" (Cf. Mt 24, 38).
A palavra de Cristo no Evangelho deste domingo nos fala justamente disso: o homem é chamado a vigiar para não cair no erro diabólico de que a felicidade se encontra fora do amor de Deus. Uma vez que foste criado para Deus, diz Santo Agostinho, o coração do homem "está inquieto enquanto não encontrar em Ti descanso". Mas para manter essa fé, o homem deve, necessariamente, lutar, combater o bom combate. E esse combate se dá por meio das normas de piedade: a frequência aos sacramentos, a recitação do rosário e demais jaculatórias, a doação de esmolas e outros atos de caridade e etc. Mas por que essas coisas são necessárias?

São Paulo nos fala na sua carta aos Romanos: "despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz" (Cf. Rm 13, 12). O apóstolo está exortando a comunidade, a fim de conduzi-la à atitude do sentinela. Sabendo que "agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé", diz ao rebanho que "já é hora de despertar". É um convite a uma fé mais madura.

Não obstante, esta fé mais madura só é possível se auxiliada pela graça de Deus. Os cristãos devem fugir da tentação de querer alcançar o céu pelos próprios esforços. Como tanto tem insistido o Papa Francisco, cada batizado deve se entregar nos braços de Deus, revestindo-se - como pede São Paulo na segunda leitura - "do Senhor Jesus Cristo". Este é o único e verdadeiro caminho para a glória e a felicidade eternas.

O cristão nasceu para o combate; e o primeiro combate a ser travado é aquele contra as próprias inclinações, orando e vigiando. Ficai vigilantes, porque o Senhor está próximo.

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