A nova beata, Maria Madalena da Encarnação,
acreditou firmemente nas palavras de Jesus, e seguiu plenamente seu mandato e
se deixou inundar no esplêndido projeto de salvação que o Senhor Jesus inaugurou
na história. A sua grande missão, recebida pelo mesmo Senhor, foi a de
propor-se a si mesma, ao Instituto das Irmãs da Adoração Perpétua do Santíssimo
Sacramento baseado por ela, à Igreja inteira, a experiência de uma adoração
que fosse 'perpétua': como Jesus permanece no sacramento logo depois de
terminar o momento celebrativo, assim também é necessário que fiquemos com Ele.
Cardeal José Saraiva Martin – Homilia de
Beatificação - 3 de maio de 2008
A Beata Maria Madalena da Encarnação nasceu em Porto Santo Stefano
(Itália) no dia 16 de abril de 1770, no seio de uma família fervorosamente
católica. Foi batizada no dia seguinte com os nomes de Catarina Maria Francisca
Antônia.
Cresceu em um ambiente impregnado
de religiosidade exemplar. Seu pai, Lourenço Sordini, promoveu que se expusesse
o Santíssimo Sacramento na igreja paroquial, para a veneração pública, em
circunstâncias especiais, com espírito de amor e reparação, como, por exemplo,
no carnaval. Assim, desde sua adolescência, Catarina passava horas em adoração
junto a Jesus Sacramentado.
Aos 17 anos recebeu uma proposta
de casamento da parte de Afonso, jovem de boa posição, que lhe presenteou joias
preciosas. Adornada com elas, ao olhar-se no espelho o rosto doloroso de Jesus
Crucificado lhe apareceu e a convidava a entregar-se totalmente a ele e lhe
dizia: "Catarina, me abandonas por um amor humano?"
Em fevereiro de 1788 ingressou no mosteiro das
Terciárias Franciscanas de Ischia de Castro. Ao vestir o hábito religioso tomou
o nome de Irmã Maria Madalena da Encarnação.
Em 19 de fevereiro de 1789,
terça-feira de carnaval, no refeitório viu "Jesus
como em um trono de graça no Santíssimo Sacramento, rodeado de virgens que O
adoravam" e ouviu uma voz que lhe dizia: "Te
elegi para instituir a obra das Adoradoras Perpétuas, que dia e noite me
oferecerão sua humilde adoração para reparar as ofensas e as ingratidões da
humanidade e impetrar graças e ajudas de minha divina misericórdia".
Aquele dia se converteu para ela no "dia da luz".
No dia 20 de abril de 1802 foi eleita abadessa,
cargo que ocupou até 1807, quando, seguindo a vontade de Deus que desejava um
novo instituto, e redigidas as Constituições, se mudou para Roma com algumas
Irmãs e a bênção de Pio VII, para fundar o primeiro mosteiro das Adoradoras
Perpétuas do Santíssimo Sacramento, no convento de São Joaquim e Santa Ana, em
Quattro Fontane. A fundação teve lugar no dia 8 de julho de 1807. Por
iniciativa sua a igreja foi aberta para a adoração dos fieis leigos.
Graças a sua união com Deus cada vez mais íntima, a
seu grande espírito de fé e a sua intensa oração em tempos muito difíceis
devido a invasão dos franceses depois da Revolução Francesa, conseguiu realizar
muitas obras em beneficio do mosteiro e também de muitas pessoas que recorriam
a ela.
A Madre Maria Madalena profetizou
ao Papa Pio VII a sua deportação para a França: "Mas não tenha medo; ninguém lhe poderá prejudicar e voltará
glorioso a Roma". A cruz também chegou para as Adoradoras sob a forma
da supressão do instituto e ela foi exilada em Florença.
Com a queda do regime
napoleônico, no ano 1814, a Madre voltou para Roma com algumas jovens
florentinas e em 18 de setembro de 1817 vestiu o novo hábito religioso, que
havia visto no "dia da luz": túnica branca e escapulário vermelho,
símbolos do candor virginal e do amor a Jesus Crucificado e Eucarístico.
Em 10 de março de 1818 a Santa Sé
reconheceu oficialmente a Congregação, que a Madre Maria Madalena colocou sob o
patrocínio da Virgem das Dores.
A Beata faleceu em 29 de novembro
de 1824, em Roma. Foi sepultada em Santa Ana no Quirinal, com a permissão do
papa, que então residia no Palácio do Quirinal, mas em 1839 seus despojos foram
transladados para a Igreja de Santa Maria Madalena em Monte Cavallo, nova sede
de Roma das Adoradoras Perpétuas.
Foi beatificada no dia 3 de maio
de 2008 na Basílica de São João de Latrão, Roma.
O Instituto conta hoje com mais de noventa
mosteiros espalhados por todo o mundo.
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