São Leonardo de Porto Maurício é uma figura extraordinária, entre os grandes pregadores de penitência e, dos missionários que Deus tem dado à Igreja, é ele um dos maiores. Nos lugares onde pregava, um dos cuidados do missionário era implantar na alma do povo, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e da Sagrada Paixão de Nosso Senhor, a adoração perpétua do Santíssimo Sacramento e o culto de Nossa Senhora. Um dos mais ardentes desejos seus era ver proclamado o dogma da Imaculada Conceição.
Paulo Jerônimo nasceu em 1676, em Porto Maurício, atual Impéria, Itália. Filho do capitão da marinha Domingos Casanova, ficou órfão ainda muito pequeno. Foi, então, levado a Roma para concluir os estudos no Colégio Romano. Depois, foi para o Retiro de São Boaventura, onde entrou para a Ordem Franciscana e vestiu o hábito tomando o nome de frei Leonardo.
Missionário
da Itália, no espaço de 44 anos pregou 326 missões em 84 dioceses,
apresentando-se assim como instrumento escolhido da Providência Divina,
para a salvação de muitas almas. O resultado estupendo que lhe coroava os
trabalhos deste missionário franciscano, tem sua explicação na grande
santidade deste humilde filho de São Francisco de Assis.
Grande
pregador, era também modelo perfeito das virtudes, que procurava implantar nos
corações dos ouvintes. Possuidor do espírito de São Francisco, era
Leonardo, como seu pai espiritual, amigo apaixonado da pobreza. Andando sempre
descalço, não usava hábito que não tivesse já servido a outros Irmãos da Ordem
e bastante gasto.
Presentes,
que em quantidade lhe eram oferecidos, por ocasião das missões, Leonardo os
rejeitava, preferindo viver pobre, como o Divino Mestre viveu e morreu.
Hemoptises
freqüentes e fortes obrigaram-no a interromper pelo espaço de cinco anos a sua
atividade de missionário pregador. Restabelecido, em 1707, subiu novamente
ao púlpito e durante 44 anos não mais preciso foi tomar maior descanso.
Nestes tempos desenvolveu uma atividade maravilhosa na Itália,
principalmente na Toscana.
O amor
de Deus tinha deitado raízes fortíssimas na alma do santo missionário, que
costumava dizer: "Mesmo
se tivesse toda a certeza de parar no inferno, de todo coração amaria
a meu Deus". Ou: "Feliz me
consideraria, se com meu sangue pudesse evitar um só pecado mortal,
que tanto desgosto causa a Deus e tão gravemente o
ofende".
Para ter
diante de si a lembrança da Sagrada Paixão de Nosso Senhor,
fazia todos os dias o exercício da via sacra, e levava sobre o peito uma
cruz guarnecida de cinco pontas de ferro. Nas sextas-feiras, mastigava
vermuto ou outras ervas amargas, para acompanhar o divino Mestre, a quem foram dados
fel e vinagre a beber. Deixava como sinal de sua passage uma cruz,e na maioria das vezes, uma via-sacra. São 572 espalhadas pelas cidades. A ele se deve a primeira via-sacra no Coliseu, em 1750.
Devotíssimo
de Maria Santíssima, saudava a divina Mãe, todas as vezes que ouvia bater
horas. Os sábados e as vésperas de festas marianas eram-lhe dias de jejum.
Missão não terminava, sem recomendar aos ouvintes a devoção a Nossa Senhora
como o melhor antídoto contra o pecado mortal.
Considerando
o Santíssimo Sacramento como o sol do cristianismo, a alma da fé, o ponto
central da religião cristã, Leonardo era adorador devotíssimo deste grande
mistério, e com o maior recolhimento celebrava a santa Missa,
preparando-se para a celebração pela confissão diária.
Amigo de
Deus e trabalhador dedicadíssimo pelos interesses de Jesus, grande
amor dedicava também ao próximo. Esta caridade teve sua máxima expressão e exemplificação
no confessionário. Os pecadores encontravam nele um bom pai e caridoso médico.
Admirável era-lhe a dedicação no confessionário, durante as missões. Foi
observado que permanecia no tribunal da penitência durante 30 horas, sem
tomar alimento e sem se permitir um descanso. Todos os sacrifícios, todas
as fadigas as oferecia pelas almas do purgatório. Admirável expressão
de São Lourenço é a seguinte: "De
boa vontade ficaria na entrada do inferno, suportando os maiores
tormentos, se com meu corpo pudesse obstruir a passagem e impossibilitar que
lá alguém entrasse".
Na Córsega, depois de uma pregação em praça pública, os homens, divididos por antigos rancores, descarregaram os fuzis e se abraçaram , num inusitado gesto de paz.
Na Córsega, depois de uma pregação em praça pública, os homens, divididos por antigos rancores, descarregaram os fuzis e se abraçaram , num inusitado gesto de paz.
Verdadeiro
santo, era Leonardo amigo da Penitência. O tempo lhe era precioso demais,
para perdê-lo com conversações inúteis. Só o serviço de Deus e o
interesse pelas almas podiam-no levar a sair da cela. Durante as missões o
soalho lhe servia de leito, e o corpo, macerado pelo jejum, e pelas
mortificações, trazia sinais inequívocos de cruéis flagelações. Quando
estudante, era modelo para os colegas, e os mestres tinham-lhe grande
estima, comparando-o com São Luís Gonzaga.
Nunca
abandonou os princípios austeros, adquiridos na mocidade, defensores
e conservadores da santa pureza. "Quando um religioso, precisa falar
com uma pessoa de outro sexo, deve ter o cuidado de quem tem que se
haver com um empesteado. Não podendo evitar o contato com tais doentes,
leve consigo cheiros fortes para evitar o contágio. O religioso, enquanto
precisa falar com uma mulher, deve usar o incenso dos bons pensamentos,
para não porem perigo a própria alma", dizia.
Era
visível a graça e proteção divina, que o acompanhavam nas missões. Como
fossem numerosíssimas as conversões, não faltavam exemplos a
mostrar como Deus castigava os desprezadores dos
salutares avisos divinos. Em todas as emergências conservava São
Leonardo a conformidade e uma profunda humildade. "Tudo para Deus, nada para mim",
era sua divisa.
Leonardo
morreu no ano de 1751 em Roma, no Convento de São Boaventura. Pio VI, que
o conhecera em vida, conferiu-lhe o título de Bem-Aventurado. Pio
IX inseriu-lhe o nome no catálogo dos Santos da Igreja e Pio XI deu-o por
padroeiro aos missionários.
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